segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

masturbação

O Roger é o maior defensor da masturbação. Não apenas um teórico, mas também um prático. Desde cedo, vendo a Xuxa sob as cobertas, pelas manhãs frias do Rio Grande do Sul, descobrira que o prazer é muito íntimo da imaginação. Depois da Xuxa, as paquitas. Depois das paquitas, as vizinhas, as colegas de aula. Cada coleguinha, cada uma mesmo, mereceu uma atenção especial nas manhãs sob as cobertas, ou a noite, antes de dormir. Algumas eram bem melhores na imaginação do que na vida real, descobria depois. Na imaginação eram deusas do sexo, capazes de posições nunca antes sonhadas, com um exato encaixe. Na prática, eram perspicazes como bonecas infláveis.
E assim, cresceu. No início a punheta era com três dedinhos, pau pequeno, sabe como é. Com o passar dos anos, passou a comer o cu da mão no banheiro. Até ejacular de verdade, porra mesmo, só mais tarde. Daí empurrava com os dedos do pé os espermas, direcionando-os ao ralo.
A prática o tornou um teórico. Vamos as teorias:
É lenda essa história de espinhas no rosto, pelos na mão ou que masturbação vicia; é pura mentira. Nada melhor para conhecer seu próprio corpo do que a masturbação. Logo, masturbe-se!
Evite dormir logo após uma punheta! Não deixe o seu corpo acostumar com a idéia de que após o gozo você pode dormir. Dá muita vontade, mas quando estiver com uma mulher, ela com certeza não irá gostar.
Assim como no futebol, a masturbação é um treino para o jogo, que no ato sexual equivale a transa. Logo, nunca bata uma punheta apenas. No sexo, você é aquilo que você treinou ser. Duas é o ideal.
Prolongue a masturbação o máximo que puder. Masturbar-se por cinco minutos é preocupante. Suas chances de ser um ejaculador precoce são grandes.
Masturbar-se sempre na mesma posição deixa o corpo mal acostumado. Logo, treine no banho em pé, sentado, deitado. Mas, não exagere, bater punheta dirigindo pode sair caro.
Por fim, quando você estiver cansado dessa vida monótona, desestimulado até, Roger aconselha: saia da rotina! Bata punheta com as duas mãos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

as costas

Desde pequeno questionava a língua portuguesa, suas regras, suas crases e seus porquês. Claro que devemos ter regras de escrita, mas sempre vi na língua portuguesa uma preocupação exagerada e descabida que mais atrapalham do que ajudam. Prova disso foram as mudanças na reforma da língua portuguesa, onde houve uma tentativa de tornar menos regrada a norma culta.
Mas, o que sempre me causou incômodo foi uma palavra em especial. Guri novo, não conseguia aceitar a palavra ‘costas’. Por qual motivo que costas tem um S no final se temos apenas uma. Deveríamos ter uma costa. E um peito. E dois braços. E um pescoço. Seria óbvio, natural. E não venha me falar da origem das palavras.
Conversei com o Roger a respeito do assunto. Mas, ele não me levou muito a sério, talvez preocupado com suas mulheres:
- Queria conhecer todas as costas brasileiras. Só as femininas. Ou as do nordeste. - disse.
De fato, uma mulher com um vestido ou com uma blusa com as costas de fora é um espetáculo. Equivale a uma saia ou a um vestido. Todas as mulheres deveriam usar vestidos, saias e andar com as costas de fora.
Em contrapartida, algum estilista sem noção, um modista que definitivamente não gosta de mulher, inventou as calcinhas beges e os colans. Eu, particularmente, ainda prefiro as calcinhas beges do que os colans. Um colan ou colant, nada mais é do que uma blusa que não acaba nunca. Uma “sobre calcinha” empata foda. Uma mulher com um colan e uma calcinha bege é uma visão do inferno. Somente as mulheres menstruadas e que não me queiram devem usar uma combinação esdrúxula dessas.
Esses dias saímos, o Roger e eu. Verão. Mulheres bronzeadas. Nenhuma de colan. Nenhuma de calça. Todas de saia, ou vestido ou com as costas de fora. Então o Roger veio falar da história das costas:
- Pouco me importa se chamam no singular ou no plural. Mas, se tu te incomoda tanto, chama de dorso, e olha os dorsos, olha os dorsos!!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

tipos de mulheres

O Roger tinha uma sina. Pelo seu destino encontrou muitas, mas muitas mesmo, que se auto denominavam diferentes das outras:
- Eu sou diferente das outras. - diziam convictas.
Também encontrou várias que nunca fizeram isso:
- Ah, não sei se devo. Eu nunca fiz isso.
Tinha um outro tipo de mulher. As recém separadas:
- Olha, até tenho vontade, até estou afim. Mas, me separei há pouco tempo... Sabe como é, né?
Era impressionante essa atração. Mulheres complicadas, enroladas, e ouso criar uma palavra para definí-las: fazidas!
Mas, também houve exceções, mulheres decididas e objetivas. Daquelas que causam receio, medo até. Costuma contar de uma menina que fora encontrar na sua cidade. Hospedou-se num hotel e ligou:
- Quarto 405. Te espero!
Já se conheciam e tal, mas ela fora objetiva, direta. Não se viam há algum tempo já, nunca haviam transado. Haviam perdido contato. O procurou no Orkut e nada. Tentou pelas ferramentas de busca pela internet e viu o nome dele numa lista de aprovação de um concurso público, na sua cidade. Ligou para o órgão público contratante. Mas, ele não havia assumido o cargo. Não deixando-se desistir, a moça contou toda a história para a funcionária, disse que não se viam há tempos e que precisava reencontrá-lo urgentemente. Compadecida diante dos argumentos, a telefonista mexeu nos arquivos e encontrou a ficha de inscrição do candidato Roger. Lá constava um telefone. O residencial já não existia mais. Restava o celular:
- Oi. Preciso falar com o Roger.
- Esse telefone não é mais dele. Mas, ele está por aqui, vou passar pra ele. - disse quem atendeu o telefone celular da empresa. - Roger, pra ti. Uma moça...
- Alô!
- Oi. Advinha quem é? - perguntou com aquele sotaque indefectível das Portoalegrenses.
- Não acredito! Quanto tempo!!
Por que todas as mulheres não são assim? Na outra semana encontraram-se. Um final de semana passeando. No domingo ela foi embora. Casou. Sumiu outra vez. Mas, foi objetiva, o procurou, viajou horas para vê-lo. Era uma mulher fantástica, linda, inteligente, bem sucedida. E sexualmente perfeita.
- Parecia ter duas línguas - contava ele. - Duas línguas!!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

o odor

Roger é um mortal. Um mortal como outro qualquer. Já fracassou. Mas, teve suas justificativas. Conta que conheceu uma menina. Era bonita, interessante, meiga. Ficaram algumas vezes. Sexo é que era o problema. Mulher difícil, enrolada.
Conta sobre uma vez, no carro. Amassos, arretos e coisa e tal. Sexo que é bom, nada. Cansou de insistir. A deixou em casa, bravo, injuriado. Além do tesão notório, a mulher bonita e enrolada fedia. Sim, fedia de ser mau cheirosa. E não era esse mau cheiro gostoso de buceta. Era algo que nunca havia visto. Imaginou que era falta de banho. Afirmava que saiu de onde estavam, a levou pra casa, seguiu ao bairro onde morava, cerca de quinze minutos, até encontrar um amigo:
- Tchê! Vem cá! Cheira dentro do carro. - pediu.
Para confirmar sua mentira, diz que o vizinho perguntou:
- O quê!! Foi pescar?
Era algo sério o que havia com aquela menina bonita. Fedorenta que chegava a cheirar a peixe, tipo bacalhau. Um odor insuportável. Disse ao amigo sobre a menina e ainda explicou:
- Vim com as mãos pra fora da janela, pra ver se o cheiro saia. Abri os quatro vidros do auto pra ver se o cheiro amenizava. E nada. Impregnou!
Lembrou de uma outra ocasião, quando dera carona a uma outra menina, no mesmo carro. Ela havia tomado banho na praia do Laranjal, praia de água doce da cidade de Pelotas, cuja água sempre foi palco de coliformes fecais. Trouxe do Laranjal ao centro. Beijos de despedida e depois levou o veículo a um posto de combustíveis para trocar o óleo. Óleo e filtro, como ordenara o seu pai. Enquanto aguardava sentiu um cheiro ruim. Cheiro a esgoto. Lembrou da menina e colou o nariz no banco do carona, tal qual um cão farejador, imaginando que algum resíduo sólido tivesse advindo das águas pouco cristalinas da Laguna do Patos através do corpo da menina. Por sorte, o banco estava limpo. Soltou o freio de mão até que o veículo descesse a rampa e deixasse para trás a caixa de esgoto que havia no posto e que estava trazendo o cheiro desagradável para dentro do veículo.
Mas, Roger não deu-se por vencido e insistiu com aquela menina fedida até que houvesse sexo. Era questão de honra. Marcou um encontro num sábado de janeiro, à tarde, no local onde ela trabalhava. Ela estaria só, e lá deixaria para trás toda a frescura que havia tido até então. No meio da tarde quente, chegou ao local combinado. O local era envidraçado. Qualquer pessoa que passasse pela frente do estabelecimento comercial poderia ver, exceto se fossem pro banheiro.
- Vamos pro banheiro. Caso o meu chefe chegue aí, eu digo que tranquei a porta para ir no banheiro. - disse ela de caso pensado.
A frase não o deixou mais tranqüilo, eis que o banheiro era minúsculo. Azar! Precisava colocar seu pau dentro daquela mulher de qualquer jeito. Suava mesmo antes de entrar no banheiro apertado. Tão apertado que a pia ficava na parte de fora. O banheiro tinha menos de um metro quadrado. A basculante era minúscula e para completar estava emperrada e abria somente uma pequena fresta, por onde soprava um vento quente e úmido, tal qual os verões de Pelotas.
Ainda sim, tudo ia bem. Ele escorado na porta, ela de costas, ajoelhada sobre a tampa do vaso sanitário. Os pingos de suor caiam da testa diretamente nas costas da menina bonita. Mas, ela cansou dessa posição. Quis trocar. Sentou no vaso, com as pernas abertas e arqueadas em direção a ele. Ele só teve uns três segundo para perceber que ela era linda, mesmo suando a raiz dos cabelos. Depois, aspirou o odor. Três segundos foi o tempo em que o cérebro processou o odor. A partir daí, brochou. Não houve jeito. Culpou o calor, a janela que não abria, o suor que escorria.
Foi a primeira brochada. Não sabia bem como lidar com a situação, tampouco o que falar. Mas, estava tranqüilo. Não conseguiria fazer sexo naquelas condições. A menos que estivessem deitados sobre uma rede de pesca ou sobre uma banca de peixes. Esperou mais algum tempo e foi pra casa. Não disse que iriam transar novamente, não sabia se teria coragem. A viu mais umas duas ou três vezes. Na última, ela estava acompanhada, talvez namorando.
Teve certeza que não era falta de banho pois ela era quase toda cheirosa. A não ser que ela tomasse banho e lavasse a vagina com caldo de bacalhau, o que é bastante improvável. Provavelmente seria alguma bactéria, dessas que os ginecologistas explicam melhor do que eu. Talvez a menina bonita estivesse curada. Ou então, o namorado poderia ter sinusite aguda e não percebesse o cheiro ruim.
Anos mais tarde, encontrou um grande amigo. Conversa vai, conversa vem e falaram da menina bonita. Meio desconcertado, Roger comentou nas entrelinhas sobre algum problema que havia tido com a menina. O amigo fez questão de ouvir as entrelinhas, já que também havia tido problemas com a mesma menina bonita. Resumidamente, os dois haviam brochado com a menina. Roger contou sua história. O amigo contou a sua versão:
- Era inverno. Começamos em baixo das cobertas. Até que esquentou o negócio. Quando eu tirei as cobertas senti o cheiro. Era muito forte, nunca tinha visto algo assim. Brochei.
Eu nunca tinha visto dos homens felizes por terem brochado. Abraçaram-se na festa, emocionados. Mais do que isso, aliviados. Pareciam curados de uma doença incurável. Parecia que não se viam há anos. Mas, apenas estavam satisfeitos que o problema não era com eles, e sim com a menina bonita, coitada.