segunda-feira, 30 de agosto de 2010

um ano de blog

Um ano de blog. Grandes merdas, dirão alguns. Também acho. Não vou sair comemorando por aí, soprando velas ou enchendo a cara. Ou vou? Talvez enchendo a cara. Mas, fico feliz, pois são cerca de 60 contos em 12 meses. Nunca imaginei escrever tantos contos, ter tantas histórias. Se bem que muitas histórias são dos outros.
Nesses dozes meses muitas coisas aconteceram. Aproveito a data para relembrar que eu escrevo histórias do Roger. E o Roger são todos os homens que andam por aí. Algumas aconteceram comigo, é verdade, mas outras com amigos, outras com desconhecidos e outras surgem da minha imaginação.
Esses dias fui numa barbearia. Eram quatro cadeiras. Quatro barbeiros. Três clientes, além de mim. Eu, quieto, durante 30 minutos, ouvi várias histórias. Os clientes contavam histórias e estórias, os barbeiros contavam histórias e estórias. Eu as ouvia e pensava: todas servem pro blog. Os barbeiros são ótimos contadores de histórias. Se eu fosse barbeiro, e não bancário, o blog teria muitas histórias a mais.
As histórias da barbearia, assim como as outras, estão no blog, com personagens fictícios, sem datas, sem nomes. Histórias são assim, não dependem de nomes, de datas.
Mas, saliento que as histórias, escritas por mim, são apenas contos. Não são, necessariamente, a minha opinião. Tampouco meus pensamentos refletem a visão dos homens em geral. Muito menos seria o dono da verdade. São apenas histórias, apenas contos. Literatura de botequim. E os erros de português (crase, vírgulas e outros) são uma licença poética. Perdoem, relevem.
Digo isso porque uma vez uma “amiga” disse que iria fazer sexo oral em mim pois havia lido o conto da “mulher alface”. E outra vez, quando deixei uma outra “amiga” em casa, ela desceu do carro e disse: “quero ver essa história no blog!”. E tem uma outra, que quer escrever uma história junto comigo. Pois é, quem diria, o blog faz parte da minha vida sexual. Confesso que a idéia não era essa, mas não tenho nada a reclamar.
Isso não foi um conto, apenas um agradecimento sincero aos elogios e críticas, uma lembrança que o Roger nem sempre é eu e uma lembrança pela passagem de um ano.
Ateh

terça-feira, 24 de agosto de 2010

saudosismo

As mulheres mudaram. Não foi uma mudança qualquer, daquelas que pouco se nota. Mulheres mudaram assustadoramente! Mulheres da geração Y, que nasceram pós os anos oitenta, são mulheres que transformaram o mundo. Lembro do tempo em que as mulheres ficavam em casa. Eram as donas de casa. Faziam comida, limpavam a casa e cuidavam dos filhos. Não estou defendendo isso, apenas reconheço que essa foi uma realidade da maioria das mulheres num passado recente. E o desemprego era menor com essa mulherada toda dentro de casa. Não entendam isso como uma sugestão machista para acabar com o desemprego, apenas um cálculo matemático. Particularmente, acho fundamental para esse País esse avanço por parte do sexo feminino. As mulheres nos dão conhecimento, são competentes e dão um toque sensível ao mundo dos negócios. Não consigo imaginar trabalhar em algum lugar sem uma mulher presente. São mais organizadas, tem iniciativa, são multi-tarefas. E são gostosas! Coisa boa trabalhar com mulher gostosa! Além dessa mudança nada gradual, as mulheres mudaram nos relacionamentos. Não se apegam com a mesma facilidade. Escaldadas, estão mais descrentes nos homens. Mulheres traem tanto quanto homens. Com a mesma frieza e esperteza. Na verdade, com a mesma frieza e com muito mais esperteza. Ficamos para trás léguas distantes. Aceito todas essas mudanças, até por que não teria outra alternativa. Confesso que a única coisa que não entendo, é porque mudaram ao ponto de deixar para trás as coisas boas que as mulheres do passado faziam. Repare que os homens de hoje em dia se adaptaram a nova realidade. Levantamos do sofá e fomos para a cozinha lavar a louça, fazer comida. Mas, ainda continuamos trocando a resistência do chuveiro, pendurando quadros nas paredes. Não houve a necessidade de abandonar aquilo que nossos pais e avôs faziam. As mulheres mudaram totalmente. Abandonaram a cozinha como se cozinhar fosse um crime. Mulheres não sabem mais cozinhar. Eu tenho certeza que cozinho melhor do que meu avô. Alguma mulher sabe cozinhar melhor do que sua avó? Duvido.


Não percam os vídeos!!




parte final

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

os anjinhos

Nunca comentei com ninguém isso. Na verdade, ao escrever nesse blog que ninguém lê, continuarei sem contar a ninguém. Enfim, escrevo para economizar com o psiquiatra. E com os remédios.
Quando era pequeno, pequeno mesmo, por volta dos cinco anos, seis talvez, eu tinha um amigo. Um amigo imaginário. Era um anjinho, que me acompanhava. Imaginava eu que esse anjo me acompanhava desde o meu nascimento, mas que ele só aparecera quando eu tivera a primeira dúvida. Pensei o que deveria fazer, não sabia ao certo e de repente ele apareceu dizendo que eu deveria brincar com carrinhos na sala, ao invés de jogar gol-a-gol no pátio de casa. Foi uma boa dica, uma vez que eu já havia tomado banho. Além disso ‘mulher, tem outra coisa, minha mãe não dorme’ com a bola batendo ora nas paredes, ora no portão de ferro. Eu o chamava de João. Como ele tinha minha idade, era conhecido no mundo imaginário como Joãozinho.
Joãozinho me acompanhou até a época escolar, quando comecei a enfrentar problemas com a matemática. Foi quando ele me apresentou outro anjo, um pouco mais velho, e mais sabido com números: Paulo. Joãozinho me explicou que era a hora de eu “avançar”, e Paulo era um cara, digo, um anjo mais experiente para “determinados assuntos”. Não entendi bem, mas comecei a andar com Paulo, um tanto quanto receoso. Paulo era mais ousado. Lembro de uma briga, na escola. A nossa turma contra uma outra turma. Briga, correria e Paulo me forçou a passar um rapa num guri da outra turma. O guri caiu no chão, esfolou o rosto, cotovelos. Chorou muito aquele guri. Não sabia se ria, se corria ou o que fazia. Paulo havia sumido, logo após o tombo.
Na outra tarde, o coordenador chamou uns quatro ou cinco da minha turma. Era o sinal que havíamos vencido a briga. Vitória ingrata foi aquela. Na sala da coordenação, participei de minha primeira - e única - acareação. De um lado eu e meus colegas de aula. De outro, os que tinham apanhado. Embora sendo partícipe dos valentes, estava cagado. Acompanhavam a acareação os pais dos que haviam apanhado e uma psicóloga, além do coordenador que perguntava a mim com fúria nos olhos:
- Foi você que derrubou o fulano?
Eu não respondia. Entrei mudo e saí calado. Esperava alguma dica de Paulo, mas ele não foi macho o suficiente para assumir sua culpa diante do coordenador enfurecido. O coordenador repetiu a pergunta e num ato de medo e coragem, balancei a cabeça num sinal de afirmativo. Temi pelo pior. Tinha medo de ser preso. Escapei com uma suspensão branda, por três dias, que depois me soou contraditória. Para aprender a não bater em ninguém, minha mãe me bateu durante os três dias.
Ainda quando voltei às aulas, o Paulo custou a aparecer. Anjo filho da puta, pensava eu. Só apareceu quando resolvi escrever uma carta de amor para uma colega de aula por quem era apaixonado. Teria me casado com ela aos oito anos, não fosse Paulo. Escrevemos a carta, ele corrigiu os erros de português. Covarde que ela, mandou eu entregar a carta. Coloquei dentro do caderno dela e saímos correndo. Lembro que ele me aconselhou até meus quatorze anos, quando estava na iminência de perder o cabaço. Ficava tenso com as oportunidades perdidas e ele não me ajudava. Até que um dia ele teve uma conversa comigo:
- Cara, tá na hora de você seguir seu caminho.
- E quem vai substituir você? - perguntei diante da possibilidade de ficar desamparado.
- Um dia, vai aparecer um outro anjo. Um anjo mais “preparado”. Mais experientes em “determinados assuntos”. Até ele chegar, você sabe se virar sozinho. - disse ele com aquela conversa de sempre.
Paulo se foi. Talvez para o céu, talvez para o mesmo lugar que Joãozinho. Talvez tenha ido fazer merda por aí. Particularmente, acredito eu que ele nunca havia comido nenhuma anja e, nervoso, pulou fora sem saber como me ajudar.
Até que um dia eu estava no escuro. Acompanhado de uma morena, de cabelos crespos, cheirosa. Ouvi um barulho no elevador. O elevador parou no nosso andar. Não entendo, mas ela parecia não ouvir. Eu escutava com clareza. Ouvi os passos. A porta estava entreaberta. O vulto entrou. Ela não percebia, mas ele estava escorado no marco da porta, nos observando. Quando eu consegui baixar as calcinhas dela, e pude sentir aquele líquido que escorria em suas coxas, ele apareceu. Era meu novo anjo que disse com uma voz rouca:
- Olá, sou seu novo anjo. Meu nome é Roger. Ah, se precisar de alguma ajuda aí, me chame. Estarei aqui fora.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

democracia?

Outro assunto bastante comentado nesse período eleitoral que me incomoda profundamente é a tal da lei apelidada de “ficha limpa”. Casualmente, a lei é de autoria do candidato a vice presidente, Índio sei lá o que. O conto escrevi quando assisti a entrevista do então deputado federal do RJ. Não mudei meu conto pelo fato dele ter tido homologada sua candidatura, e também devido a liberdade de expressão a que tenho direito e até mesmo porque nenhum Tribunal Eleitoral da vida iria tomar conhecimento dessas linhas. Oportunamente, já deixo bem claro que vou votar em alguma mulher para o cargo mais importante do País.
Acho a lei eleitoreira, um tanto quanto enganadora e talvez inconstitucional. Digo talvez, pois não tenho conhecimento necessário sobre a Constituição. Sem contar que ela não condiz com um país dito democrático.
Parto do princípio que num país democrático o eleitor tem o direito de votar em quem ele quer, mesmo que seja num incompetente e corrupto. Se o cidadão votou num político que não fez nada por quatro anos e deseja reelegê-lo por mais um mandato, que assim o faça diante da urna eletrônica. Assim é a democracia. Não concordo com o sugestionamento de votos proposto pela lei que elimina esse ou aquele candidato. Quem deve escolher é a maioria. Aliás, o mundo não vai acabar se a maioria votar errado. Uma escolha errada serve como amadurecimento político de uma população.
O problema dos eleitores é de EDUCAÇÃO. As leis deveriam ser nesse sentido, os projetos educacionais que ensinassem a votar, a pesquisar a vida dos candidatos, suas experiências profissionais, suas convicções ideológicas. O TRE deveria apresentar propagandas nesse sentido, assim como já fez algum dia. Assim, o mais corrupto filha da puta poderia tentar se eleger ou reeleger e não conseguiria. Democraticamente ele seria excluído da política, através do voto. Vou citar um exemplo do PT, partido que tem tido meu voto na maioria das vezes. Imaginemos o deputado José Genuíno, do preocupante PT paulista, se inelegível por essa lei. Seus eleitores (são muitos) serão orientados pelo político a votarem num outro político qualquer, um laranja substituto que irá fazer as mesmas coisas que o nem tão nobre Deputado tem feito. A lei proibiria um político com a ficha suja, mas colocaria em seu lugar um político com a ficha limpa para cometer os mesmo erros que o outro cometia. O que mudaria? Nada! Absolutamente nada. Enquanto estivermos votando mal, a lei é ineficaz.
Questões mais importantes como o financiamento de campanhas poderiam ser pauta no congresso e não é. Enquanto as campanhas partirem de doações e contribuições, os interesses pessoais se sobressairão ante aos políticos do coletivo. Empresários patrocinam campanhas em troca de benefícios futuros, em caso de vitória. Isso requer atenção e legislação adequada.
Dois tipos de situações devem ineleger políticos. Uso de dinheiro público para enriquecimento ilícito e o uso do dinheiro público para financiamento de campanhas. E isso ocorre diariamente, ou alguém tem dúvida que alguns políticos são mais ricos do que seus salários permitiriam?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

déjà vu

Quando o casal entrou no restaurante, Roger já estava lá. Era uma confraternização da empresa na qual trabalhavam. Mas, Roger jamais iria imaginar que iria passar por uma situação embaraçosa como essa. Ele tinha quase certeza que já havia comido a mulher do novo colega de trabalho.
Alguns devem estar pensando que isso poderia ocorrer com qualquer um, que o Roger não imaginou um dia trabalhar com o colega recém admitido, que eles ainda não se conheciam. Porém, friso eu, Roger não lembrava onde havia se consumado o fato, também não lembrava como havia conhecido a esposa do colega, e tampouco detalhes do caso. Tinha apenas uma certeza: ela era casada quando eles saíram juntos.
- Boa noite a todos!
- Boa noite! - responderam todos.
- Essa é minha esposa. - disse apontando em direção dela, com o braço direito sobre o ombro e o esquerdo gesticulando como se estivesse apresentando um espetáculo.
E era, afirmo eu. Gata, mas gata mesmo! Usava aparelho nos dentes, o que a deixava com ar mais jovial. Havia colocado há pouco tempo, provavelmente, já que ajeitava os lábios sobre o aparelho a todo instante. Ela, um pouco tímida ao ser apresentada a todos de uma só vez, recebendo todos os olhares, não havia percebido que o Roger estava ali, talvez porque ele estivesse escondido dentro da taça de vinho tinto que saboreava. Por um instante Roger temeu que a situação se agravasse e estivéssemos diante de um incidente diplomático caso a moça fosse apresentada individualmente para cada um em torno das mesas que já acomodavam mais de vinte pessoas. Mas, a apresentação foi coletiva e o casal logo tratou de sentar do lado oposto. Como haviam chegado por último, o colega sentou na cabeceira da última mesa, e ao lado dele, do outro lado da mesa, no canto oposto, a deusa em forma de pecado. Roger queria ir embora, acanhado que estava. Cessou as suas piadas, calaram-se as suas histórias.Não debruçou-se na mesa para que a ex amante não o visse. Recostou-se na cadeira e assim permaneceu até o fim da noite. De corpo presente, e com a memória no passado. Revirou baús dentro do cérebro e não achava respostas para lembrar de onde havia conhecido aquela mulher. Se perguntava como? Onde? Não encontrava respostas. Espiava a moça de rabo de olho. A imagem era clara, já haviam ficado.
Durante a janta ainda, aos poucos, a memória lhe apresentava um balanço do que havia acontecido. Lembrou que fora em outra cidade. Mais tarde lembrou que ela fumava. Depois lembrou que foi numa festa. Depois lembrou que estavam bêbados.
- Pessoal, quero propor um brinde! - disse o chefe. - Um brinde a nossa equipe de trabalho. Em anos de empresa, eu nunca havia trabalhado com um grupo tão bom, tão qualificado, capaz. Parabéns aos que conseguiram ótimos resultados nesse semestre e àqueles que estão chegando ao nosso time!
Maldita aquisição, pensou o Roger. Era o único solteiro da turma, gostava de todos, era querido por todos. Só faltava essa agora, “um corno como colega de trabalho!”, esbravejava em pensamentos. E o guampudo era um gente boa, competente, educado, trabalhador. Mas, corno!
Roger foi pra casa pensando em pedir férias. Um mês longe de casa ajudaria a esquecer essa situação. São raros eventos profissionais com a família, seria possível suportar a traição que havia proporcionado ao colega. Roger já havia traçado mulheres casadas, mas jamais mulheres casadas quando ele conhecia o marido. Era ético. A sua maneira, é claro.
Férias, Um mês de férias no nordeste! Festas, bebidas e mulheres por 25 dias. Inveja do Roger. Gastou menos do que queria, mas muito mais do que podia pagar. Na volta ao trabalho, no refeitório, almoçou com o colega novo:
- E aí! Como foram as férias? - perguntou o inocente.
- Excepcionais. Até num cruzeiro eu fui. Comia cinco vezes por dia, mulherada fácil, não dava vontade de voltar a trabalhar.
- Pois eu e minha esposa já fizemos um cruzeiro. Mas, era um cruzeiro romântico.
- Hum. - resmungou ao lembrar da esposa e ex-amante.
- Só tivemos um problema.
- Qual?
- Levamos a minha cunhada. Era uma promoção, e só dois pagavam, e aí...
- Sua esposa tem uma irmã? - interrompeu o Roger, mesmo com a boca cheia.
- Sim, gêmea.
Era a salvação, vibrou ele. Foi um engano. Graças ao Santo Protetor dos Cafajestes e Sem Vergonha na Cara. Era a irmã e não a esposa do colega de trabalho. Relaxou, retirou um peso das costas. Ficaram amigos, conversavam bastante, sobre tudo. Havia quebrado o gelo da discórdia.
- Roger, quer ir almoçar lá em casa na sexta-feira santa? - convidou o colega.
- Almoçar? - perguntou ele um tanto receoso.
- Sim. Almoçar. Sei que você é solteiro e garanto que não existe miojo de peixe. - brincou.
- Não ligo para essas coisas.
- Vai fazer o que em casa?
- Tá bem, apareço por lá.
No almoço, aquela mesma sensação incômoda. A sensação de já ter encontrado aquela mulher em algum lugar. Procurou por fotos da cunhada. Imaginou que se fossem gêmeas, ao menos parecidas seriam, e assim resolveria o problema. Mas, nada de fotos. Só peixe assado e vinho branco. Almoçou, conversou um pouco e foi embora. A pulga ainda continuava atrás da orelha. Mas, ela fora tão indiferente perante a sua presença que talvez estivesse enganado, talvez fosse apenas aquelas sensações que temos quando passamos por uma situação que parece-nos já ter ocorrido.
No sábado, ele recebeu um torpedo esclarecedor:
- Oi. Ainda tinha seu número aqui. Adorei rever você. Apareça para almoçar mais seguido. Hehehe. Bjs

domingo, 1 de agosto de 2010

a barraca da verdade

- Vamos fazer o seguinte: Vamos nos tapar, ficar embaixo dos edredons. Ali embaixo, no escuro, vamos contar todas nossas fantasias, nossas experiências. Será a nossa barraca da verdade.
- Será que vai dar certo? - perguntou ele.
- Claro que sim. Se a gente quer que nosso namoro dê certo, não podemos ter segredos, um com o outro.
- Tá bem! - disse ele, totalmente desconfiado.
- Quais são suas fantasias? - perguntou ela, tapada e empolgada.
- Duas mulheres! Quero ver você chupando outra mulher, outra mulher te chupando. Quero ver as duas fazendo sexo oral em mim. Muita sacanagem com duas mulheres.
- Duas mulheres!? - a exclamação foi seguida de um tapa no braço.
- Ou mais...
- Homens são todos iguais. Idênticos. Sempre com essa fantasia. Vocês não tem criatividade? Sempre essa história, que saco!
- Era para mentir aqui em baixo? - perguntou ele suando e chateado.
- Não. Só me decepcionei um pouco ao saber que tu és igual aos outros. - disse fazendo beicinho.
- Se tu vais ficar assim vamos parar por aqui essa palhaçada.
- Não, desculpa. Sua vez agora.
- Qual a tua fantasia sexual?
- A minha é fazer amor numa praia deserta. Contigo. Só contigo.
- Hum. Que legal! - respondeu sem empolgação.
- Já fez na praia?
- Nunca. Não me atraí muito esse negócio de areia.
- Que sem graça.
- Ah tá! Esse negócio não vai dar certo. Quer que eu minta na “barraca da verdade”? - disse mudando a voz quando falou o nome da brincadeira.
- Desculpa de novo. Minha vez de perguntar. Qual a maior loucura sexual que você já fez?
- Uma vez, numa excursão da faculdade, eu fui chupado pela minha colega.
- Nossa! Conta mais.
- Nós ficávamos as vezes e na volta pra casa, quando escureceu, ela sentou do meu lado e daí rolou amassos e tal. Foi quando eu coloquei o pau para fora. Ela me masturbou um pouco, olhou para os lados e, como todos pareciam estar dormindo, ela me chupou.
- Nossa! - exclamou novamente ela boquiaberta.
- É. E o professor que estava organizando estava no banco da frente do dela. E mais: tirei aquelas capas que as empresas colocam no encosto da cabeça e gozei dentro.
- Legal essa aventura. Nossa! - exclamou pela terceira vez.
- Legal. Bons tempos. - disse ele que tomou um beliscão enquanto lembrava do passado de solteiro. - Deu, né! Tu és muito ciumenta, não sei como propõe um negócio desses.
- Não era ciúme. Era só para tirar o sorrisinho do canto da boca.
- Como você sabe que eu tava sorrindo, se estamos numa penumbra absurda?
- Eu percebi. - respondeu retribuindo o sorrisinho irônico. - Sua vez. Pergunta pra mim.
- Qual a maior aventura que você já fez? - disse ele nada empolgado com a brincadeira.
- Foi no segundo grau.
- E?
- Estávamos na casa de um colega nosso. Começamos a jogar “verdade ou consequência”. Eram o nosso colega e mais quatro vizinhos dele e nós, três meninas.
- Como tu gostas de jogos e barracas da verdade. - ironizou.
- Gosto. - riu - Daí alguém girava uma caneta, um lado respondia e o outro perguntava. Se não quisesse responder...
- Eu sei como é a brincadeira. O que tu respondeu?
- Fiquei com vergonha e escolhi conseqüência.
- E?
- Mandaram eu chupar os cinco.
- E?
- Daí eu chupei, né. Era a brincadeira. Ei, por que você saiu debaixo do edredon?
- ...
- Não pode sair debaixo do edredon, é a nossa brincadeira. O que foi? Tá chateado?
- ...
- Fala alguma coisa, amor! Não fica assim. Nós nem nos conhecíamos naquela época. Amor, onde tu vais?