quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

a doadora universal

Tem mulheres que nasceram para encantar os homens. Mulheres que vão além da beleza esculpida num par de pernas, num par de seios ou numa boca carnuda. São mulheres que exalam um cheiro sedutor, exprimem um charme hipnotizante e fazem sexo com uma perfeição apaixonante. Sim, tem mulheres que nascem e crescem com a capacidade natural de destruir um homem de paixão. Mesmo depois de casadas.
Quando era guri ouvi de algum gaiato que uma mulher pode destruir um homem de colherinha. Nunca entendi bem o que quiseram dizer, mas até hoje me sinto amedrontado.
Era o caso da doadora universal. Exato, seu tipo sanguineo era o ó positivo. Mas, também era conhecida como doadora, tamanha bondade e capacidade em doar o que é seu. Desde moleca, nunca seguiu as rígidas regras da sociedade conservadora em que viveu. Começou cedo, mas desde muito antes estava pronta. Não precisou que ninguém ensinasse o be-a-bá. Nascera alfabetizada na arte de enlouquecer um homem na cama.
O primeiro homem foi o Rogerzinho, rapaz bonito, tísico, puro. Nem pentelhos tinha quando a doadora resolveu dar pra ele. Nem preciso dizer que o rapaz repetiu de ano naquela época. Esqueceu do mundo. Passava horas deitado, olhando para o teto. Depois que suas ligações não foram atendidas, seus mensagens não foram respondidas, Rogerzinho começou a desconfiar que o feitiço havia lhe atingido, e ele nada poderia fazer. Certeza teve mesmo quando encontrou com ela. Andavam pela mesma calçada. Lá vinha ela, saia rodada, mochila nas costas. Quando o viu, ela atravessou para o outro lado da rua. Rogerzinho estacou feito um poste. Estaria ela fugindo dele? Ledo engano. Ela estava atravessando a rua para logo em seguida dar um beijo de língua no João, o zagueiro central do time do ensino médio. Foi um beijaço, daqueles de novela, mas com língua. A doadora sumiu no corpanzil do zagueirão, que a levantou girando enquanto enfiava a língua naquela boca doce que numa tarde havia sido do Rogerzinho, que ainda pode ver as polpas dos glúteos da doadora durante o rodopio. Macho que era, segurou o choro até o portão de casa. Mas, antes mesmo de abrir a porta do quarto, já estava aos prantos no chão da sala.
E assim foi com todos. Sem exceção. O João, zagueiro que estava sendo observado pelo Progresso, um time amador da região, também foi vítima da doadora. Desesperado, passou a usar drogas. Prematuramente teve sua carreira interrompida por causa de outras carreiras.
Um por um, dia após dia, todos rapazes do bairro foram sendo derrubados pela doadora. Num dia o flerte, no outro o sexo e no outro, o esquecimento. Todos ficavam no vácuo.
Uma vez, um senhor, cansado de ver seu filho choramingar pela doadora, foi buscar uma explicação, procurar resolver a situação. Chegou num carro importado, se apresentou apertando a mão e depois não lembra de mais nada do que foi tratado. No carro, voltando pra casa, cheirou a mão direita e decidiu: teria de ver a doadora novamente. E sob qualquer pretexto, a encontrou na rua, ofereceu carona e em pouco tempo recebeu o melhor sexo oral da sua vida. Só não gozou pois acabou batendo o carro numa árvore. Irritada com o susto do choque e com a pancada que sofrera ao bater a orelha direita no volante, a doadora desceu do carro e foi para casa, para desespero do pai que passou a choramingar pelas ruas da cidade enquanto em dirigia seu carro importado e amassado.
Depois que casou por amor a conveniência com um empresário bem sucedido, a doadora tratou de continuar a sua saga. Continuou a sua vida pregressa. Um por um, todos apaixonados. Destruiu casamentos, vidas amorosas, fez lotar agendas de psicólogos. Era a melhor foda na vida dos homens que tinham o prazer de tê-la. Era a segunda melhor foda daqueles que tinham o prazer de tê-la por duas vezes. E assim sucessivamente. O marido empresário, se desconfiava, acabava por aceitar sua cornitude, afinal, era ela uma doadora universal.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

o corno labrador

Conheço um cara que foi corno. Na verdade, conheço vários, mas esse tem uma peculiaridade especial: foi traído por um grupo de amigos. Não amigos dele, mas quatro amigos meus, colegas de faculdade. As mulheres traidoras e sem um pingo de piedade não foram as mesmas, o que não diminui a mansidão do traído.
Foram vários casos, que explano rapidamente. O mais grave era conhecido do corno, mas sucumbiu as belas pernas da traidora. Não tinha amizade, mas o cumprimentava e sabia o seu nome. Os outros amigos, cometeram adultério com uma outra namorada do corno, o que prova a sua grande capacidade de atrair um par de chifre. O cornudo tinha bom gosto, já que todas as três namoradas infiéis eram espetaculares.
Quando o quarto amigo em comum conseguiu ficar com a mais bonita bixo da faculdade, num churrasco de confraternização, ninguém imaginava que ela namorava o bendito, que assim, colecionava o quarto chapéu dentre aqueles colegas de faculdade. Durante a semana que seguiu o acontecido, lá estava ele, acompanhando a nova universitária até a porta da faculdade. De mãos dadas com ela, e na outra mão, uma corrente que terminava na coleira envolta no pescoço do labrador. O labrador é um bom amigo, cachorro manso, no caso, tal qual o dono. E todos os dias da semana a tardinha, chegava o corno, a bixo e o labrador.
Pois bem, a situação pouco peculiar se deu no estádio Bento Freitas, num jogo amistoso do Brasil de Pelotas. Sabem esses jogos promocionais, onde o novo patrocinador divulga sua marca? Pois adivinhem quem carregava um saco de estopa, lotado de camisetas do patrocinador? O corno labrador. Subiu a porta do vestiário em direção ao gramado acompanhado de duas modelos, que de metro em metro retiravam camisetas do saco de estopa e atiravam com delicadeza sobre os alambrados do estádio. Para delírio da torcida Xavante, fizeram uma volta olímpica, distribuindo os brindes promocionais. Aquela multidão corria e se atirava na tentativa de alcançar as camisetas. E quando chegaram em frente ao lugar onde eu estava, as camisetas que já haviam rareado, definitivamente acabaram, poucos metros antes dos 360° completos.
As modelos ergueram os braços, e espalmaram as mãos para o céu, num gestual de quem explica que algo acabou. Fizeram beicinho e tudo, lindas que eram. Ele abriu o saco e mostrou que estava vazio, e com o indicador positivando para baixo, demonstrou que não haviam mais brindes no vestiário. A torcida que estava em pé, assistindo a toda a volta olímpica e aguardando ansiosamente a oportunidade de levar uma camiseta pra casa, imediatamente começou a gritar:
- Cooorno! Cooorno!
Envergonhado e sabedor da verdade, não gritei. Me sentei na arquibancada e aguardei o início da partida. Corno todos podemos ser, faz parte. Mas, ter um estádio cheio gritando uma verdade dolorosa que nem essa, tendo sido traído por colegas da mesma sala de aula, é uma peculiaridade para poucos.

lula

Surpreendo-me com os números do governo Lula. Além de todos os números favoráveis, no que tange a economia, o que mais me surpreendo é com a aprovação do, agora, ex-presidente. Oitenta e sete por cento dos entrevistados aprovam o governo. E não cito a fonte, porque não lembro, apenas por isso. Mas, sei que não foi a Veja que mandou pesquisar sobre isso.
O mais difícil é encontrar treze pessoas, em cada cem, que reprovem o governo Lula. Até porque a vida melhorou para a grande maioria. Claro que isto é uma questão pra lá de pessoal, cheia de influências particulares. No bairro e na cidade em que vivo, na empresa em que trabalho, as pessoas com quem convivo, todos, sem exceção, aprovam o governo. Quem seriam os treze por centro? Deixa pra lá, devem trabalhar na Veja, ou devem ser afiliadas a partidos de oposição. Se bem que o governo quase não teve oposição.
Enfim, duas coisas não podem passar em vão. Primeiro, o próprio pleito refletiu isso, o governo teve defeitos. Errou bastante. Mas, a forma como superou os erros, e também os inúmeros acertos, fizeram deste, um governo histórico na história desse País. Segundo, nem o mais fanático esquerdista pode desmerecer por completo o governo de Fernando Henrique Cardoso. Os primeiros passos desta estabilidade econômica foram dados nos anos noventa. Além disso, a reforma administrativa também ocorreu no governo FHC. Tá certo que ele não precisava achatar salários, como fez, para realizar a reforma.
Ainda sobre o Lula, seu carisma é foda! O cara é o cara!, já disse Obama. Desconheço políticos com tamanha capacidade de falar ao público. Ok, as vezes ele fala merdas. Mas, tem domínio sobre quem o ouve. Tem domínio de palco, como se fosse um ator. Tem oratória, fala o que o povão quer ouvir. Isso é para poucos. Hoje, o brasileiro tem orgulho de ser brasileiro. E isso deve aumentar até a Copa de 2014, chegando ao auge em 2016, quando o Rio de Janeiro será sede da olimpíada e os gringos saberão que a capital não é a cidade carioca.
Não vou me decepcionar com a aprovação da Dilma. Não espero que ela supere Lula em aprovação. Só espero um governo técnico, que resolva outros números. Por exemplo, cortes no orçamento. Está na hora de gastar menos, enxugar gastos desnecessários. Espero um governo sóbrio, íntegro e austero. Palavras que só usaria numa crônica política. Não vejo possibilidade de reeleição, mesmo que ela faça um bom governo e o Brasil entre em êxtase por ganhar a Copa.
Enfim, sugiro que não se gaste nada com publicidade, por exemplo. Seria jogar dinheiro fora, propagandear um governo, sabendo que a eleição de 2014 já está ganha: Lula será reconduzido ao cargo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

rego gozado

Esses dias, Roger, nosso anti-herói imaginário, foi curtir uma festa numa cidade do interior. Ele próprio morava no interior, mas essa cidade era mais próxima da capital, o que significa um interior mais desenvolvido, onde as coisas acontecem antes. A mulherada, por exemplo, era ativa, tomava a iniciativa, chegava junto, diferentemente da sua realidade conservadora, onde o homem convida a donzela para dançar.
Lá, nessa cidade do interior, num pub, conheceu uma baixinha. Pequenina, de metro e pouco. Conversaram, mas ela logo tratou de deixar claro suas não intenções:
- Olha. Quero ficar contigo, mas não aqui dentro, pois terminei um relacionamento há pouco, e todos que estão aqui são conhecidos...
- Tudo bem, ficamos conversando e ficamos lá fora.
- Pode ser. - disse ela - Mas, já vou logo te avisando que não sou como essas gurias daqui, que ficam e transam no mesmo dia.
- Não, nem pensei uma coisa dessas. - desconversou, um tanto decepcionado. Na verdade, queria sexo, óbvio, todo homem quer sexo. Nenhum homem sai para dançar. Sem ilusões sobre isso. Ainda mais num pub. Nenhum homem sai para ouvir uma banda tocar, exceto um Rolling Stones. Ainda assim, encontrar uma gata num mega show faz parte dos nossos pensamentos nada secretos. No entanto, sabia da sua realidade, onde para arrastar uma mulher ao sexo casual, teria de resenhar uma bíblia.
Saíram do pub. Roger tomou o sentido do seu hotel:
- Onde você vai? - perguntou a nanica nativa.
- Vou te levar até o carro.
- Meu carro tá pro outro lado. Mas já te aviso: não vai achando que vai rolar sexo porque não vai.
- Tudo bem... Sem problemas.
- Não! Digo isso porque essas gurias de hoje em dia ficam com um cara que acabaram de conhecer e fazem sexo. Isso é coisa de puta, isso é coisa de vagabunda.
- Não concordo com isso, mas só vou te levar até o carro.
Chegando no carro, ela resolveu levar o turista até o hotel:
- Entra aí no carro. - disse a desprovida de altura. - Vou te levar até o teu hotel, mas já te deixo claro que é só isso. Não vai rolar sexo, pois isso é coisa de puta, coisa de vagabunda, não acha?
- Não acho. Mas, aceito sua carona. Já tá tarde e estou cansado.
Na frente do hotel, a moça desligou o carro e logo trataram de usar as mãos para se conhecerem melhor. Até que ela, indignada com uns rapazes que trocavam um pneu do outro lado da rua, reclamou da falta de privacidade. Foi quando Roger começou a duvidar da seriedade de pequena:
- Então vamos dar uma volta. Procurar um lugar mais sossegado, uma rua mais escura.
- Vamos. Mas, não vai achando que vai rolar sexo na rua escura. Não sou dessas. Isso é coisa de puta, coisa de vagabunda.
Andaram pela cidade. Ela apresentou os pontos turísticos, as casas noturnas, e encontrou uma rua numa ribanceira. Estacionou embaixo de um poste de iluminação que estava com a lâmpada queimada. Viva a incapacidade do poder público!, vibrou Roger. O reconhecimento corporal continuou. E quando a moça estava com a mão ocupada, prestes a ocupar a boca, olhou para o Roger e perguntou:
- Isso é coisa de puta, né? Coisa de vagabunda?
- É! Isso é coisa de mulher ousada e objetiva. E dentro do carro funciona como se fosse dentro de quatro paredes. Aqui tens que ser uma puta e uma vagabunda!
- Eu sabia. Mas, não quero te dar aqui dentro do carro. - reconheceu a, agora, puta e vagabunda de um metro e cinqüenta.
- Então vamos num motel.
Foram. Mas, não encontraram. Ela tinha certeza que era na rodovia. Mas, não lembrava para qual lado. Foram em direção a capital mas não encontram. Então, foram no sentido oposto. Encontraram um outro, mas estava lotado. O tempo passava. O cansaço aumentava. O sol estava por brilhar em poucos minutos.
- Vamos dentro do carro mesmo. Entra numa estrada qualquer. - suplicou ele.
- Não queria dentro do carro.
- Mas, não temos opções.
- Dentro do carro é coisa de puta, é coisa de vagabunda.
- Hoje tu és minha puta, minha vagabunda!
Acharam a estrada, ela parou o carro. Tiraram a roupa. Tinham pouco tempo. Ele pôs o banco mais para trás. Ela saiu do banco do motorista e montou no colo dele no banco do carona. Transaram. E ela trepava como uma puta, como uma vagabunda. Gozaram. Gozaram e em pouco tempo dormiram. Ele com o rosto virado para janela. Ela com a cabeça do ombro dele. Como se fossem um só, românticos. Mas, isso não seria coisa de puta, de vagabunda.
Roger acordou com uma sensação estranha. Um líquido escorria pela virilha esquerda. Abriu os olhos e sentiu outro pingo descendo pela virilha direita. Acordou a moça, que babava em seu ombro. Já estava amanhecendo. E o esperma já havia descido virilha abaixo. Essa foi a primeira vez que um homem gozou no seu próprio rabo.