quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

números, números

Gosto de frases de efeito, sobretudo as que nunca ouvi. Já citei uma frase que ouvi da boca do Mano Meneses, técnico da Seleção Brasileira, quando ele disse que “a estatística é a arte de enganar os outros com números”. Não, necessariamente, concordo, mas admitamos, a frase é de efeito.
Dias atrás ouvi outra, potencialmente impactante, dita por um diretor do Banco Panamericano: “torturamos os números, e eles nos confessaram a verdade”.
Ainda sobre números, esses dias descobri que o blogspott tem estatísticas. Estatísticas dos acessos. Queria deixar bem claro que não torturei ninguém para conseguir esses dados, tampouco quero enganá-los diante dos dados apresentados. Apenas quis dividir minha surpresa para com os dados sobre o acesso no blog.
Embora os números não sejam exatos nesse caso, fui surpreendido pelo número de acessos a este humilde blog. O blog tem um total de 6.808 acessos registrados no seu histórico. Imaginem se fosse bom! Imaginem o blog do Carpinejar!



Descobri que em Janeiro de 2011, num mês ensolarado, perfeito para praia, o blog teve 646 acessos! Creio que o chefe da estatística do blogspot deva estar me enganando. Saliento, sem pretensões xenofobias, que o blogspot é um site de armazenamento de origem portuguesa...
Descobri também que o site sabe as origens do acesso. Ou seja, se alguém joga no Google e clica em algum link, ou se o link é do Orkut, ou twitter. São as URL de acesso. A maioria das origens advém do Google, seguidas pelo Orkut. Alguns chegam ao blog pelo twitter (quem lê meu twitter?????), outros por outros sites de buscas, e tenho alguns acesso pelo blog da Ferê, minha amiga desde a faculdade e que hoje escreve no palabrasliquidas.blogspot.com. E quando você digita no Google “contos do Roger”, o site sugere acesso ao primeiro texto, de apresentação e a um conto chamado “Coincidência”, que, surpreendentemente não aparece nos contos mais acessados.
Dentro do blog é possível buscar textos relacionados a palavras-chave. Dezenove pessoas buscaram contos com ’esposa puta’ (?). E olhem que desinteressante e curioso: 98% das pessoas acessam pelo sistema operacional Windows. E mais inutilidades curiosas: 57% acessam pelo internet Explorer, 23% pelo Firefox e 16% pelo Chrome. Como pude conviver sem esses dados? O pessoal do blogspot quer que eu acredite que tive acessos de vários países, como Filipinas, Moçambique, Holanda e Rússia. Via das dúvidas, GRANDE ABRAÇO PARA OS LEITORES INTERNACIONAIS!



Por fim, o que mais me surpreendeu foram os contos mais acessados. Sempre tive uma certa curiosidade em saber qual título instigaria mais o leitor. Não que um título seja fator preponderante sobre um conto bom ou um conto ruim. Mas, convenhamos, um título pode atrair a atenção dum leitor, mais do que outro. Também sempre vinculei um “sucesso” de um conto pelo número de comentários. Ledo engano. Jamais comentariam o conto mais lido, só sob o anonimato. As pessoas comentam contos que de alguma forma as deixaram indignadas ou aqueles em que concordam e desejam complementar com alguma informação. Nenhum relação com um conto bom, ou com um conto ruim.
Abaixo segue as estatísticas de acessos até agora:



Ménage feminino disparado. Será que isso quer dizer alguma coisa? Será que as estatísticas querem nos enganar? Será que teremos que torturar os números para obtermos a verdade?

Abraços para o 4 Chineses que acessaram o Blog. Abraços para os meus parentes de Portugal! Grande abraço! Abraço pro pessoal do Blogspot, do departamento de estatísticas. Continuem me enganando! Valeu!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

pernas de fora

Com certeza um nortista ou um nordestino não faz idéia do que estou falando. Um carioca, um mineiro, um capixaba, nem ninguém que nunca tenha morado abaixo do Paraná tem noção do tema. Nem mesmos os catarinas passam o que nós, gaúchos, passamos. Mais da metade do ano passamos sem ver as pernas femininas perambulando por aí. Mais de seis meses sem vislumbrar o que há de bom nessa vida. Um belo par de coxas!
Sou apaixonado por pernas femininas. Não necessariamente as bronzeadas. Gosto de coxas roliças, mas não abro mão das pernas mais finas. Pernas de mulher são uma muleta na minha vida. Preciso me segurar nelas de vez em quando.
A carne macia da mulher me encanta. Do tornozelo aos culotes. E mulheres sabem valorizar suas pernas. Desde o creme hidrante cheiroso até os acessórios, como meias calças que dão vontade de arrancar com os dentes e saltos altos que definem perfeitamente as panturrilhas. Gosto de panturrilhas. Mulher com panturrilha grossa é sexy. Sabe, tipo panturrilha de alemoa?
E mulheres depilam as pernas. Sexy demais uma mulher depilando as pernas num sofá da sala. Imagina aquela mulher sentada, pernas dobradas e o barbeador deslizando do joelho ao tornozelo. O detalhe é que mulheres não depilam as coxas.
Quando começou esse verão, fui numa festa, cheia de escadas. E as mulheres foram de saias e vestidos. Equilibradas no salto alto, forcejando as pernas para subir ou descer os degraus da boate; me senti no paraíso. Em todos os cantos das festas haviam mulheres subindo e descendo lances das escadas. Minha visão excluiu os homens da festa, inclusive os que emitiam sons em cima do palco.
Meu coração bateu mais forte quando eu vi uma moça, com um short curtinho, daqueles que não escondem nadinha das coxas. Um palmo. Dos meus, que tenho a mão pequena. Quase infartei quando uma daquelas luzes que escurecem as discotecas focaram suas coxas como se fossem refletores apontando nossos ídolos. Era justo, elas mereciam destaque. Pude ver os pelinhos loirinhos daquelas coxas roliças. Pelos que estavam ouriçados. E eu assim também fiquei. Meu coração bateu em disparada, minha respiração ficou ofegante. Eram pernas longas que não acabavam mais. Mas, quem disse que eu queria que acabassem? Meu pescoço movimentou-se de baixo para cima, até que percebi que minha amiga tinha belas pernas. No Sul é assim: as vezes não conhecemos as pernas das nossas amigas. Percebi que se não morasse num lugar com inverno tão rigoroso, já teria morrido do coração.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

o pacto

Proponho um pacto universal: as mulheres solteiras, a partir de agora, só podem ficar com caras solteiros. Por uma questão de justiça, e não de fidelidade. Vejam só: eu saio de casa, pago dez, quinze, vinte reais para entrar numa balada, e volto pra casa sem pegar nada. Um cara comprometido deixa a mulher em casa, vai numa festa, paga o mesmo que eu, mas pega, sai acompanhado.
Isso é triste.Lamentável.
Isso é culpa da mulherada. Assim como dinheiro chama dinheiro, mulher chama mulher. E os solteiros que se fodam. Se houvesse uma forma desse pacto surreal dar certo, aposto em vários desquites nos dias subsequentes. Vejo muitos relacionamentos de conveniência, por acomodação ou por interesses. Com um pacto que favoreça os menos favorecidos - entenda-se, nós solteiros - haverá uma distribuição mais justa dos relacionamentos. Totalmente socialista eu. O prazo de validade desse pacto seria até eu deixar de ser solteiro, onde, obviamente, teríamos que rever esse pacto, que, admito, poderá não ter o mesmo fundamento que tem hoje.
Nesse momento tem vários cientistas austríacos ou dinamarqueses estudando de onde vem esse interesse das mulheres pelos homens comprometidos. Ou seria desinteresse pelos solteiros? Não vem ao caso, deixemos.
Uma vez li que colocaram um macaco numa jaula e soltaram três macaquinhas na mesma sala. Elas ficaram fofocando. Então eles colocaram um cartão de crédito na mão do macaco e elas queriam invadir a jaula.
Não, não!, me confundi, não era bem isso.
Colocaram uma aliança no dedo do macaco, isso sim. Daí as fêmeas enlouqueceram. Dizem que tinha uma que dançava fanque (sic) roçando a cola na grade. Falam de outra que jogava os pelos de um lado a outro da cabeça querendo chamar a atenção.
A recíproca é necessária? Não creio.
Já homens não gostam de mulheres casadas. Comemos, sim senhoras, as senhoras. Mas, por carência. Uma vez que as solteiras estão assoberbadas com relacionamentos com homens comprometidos, resta-nos as casadas. E isso é um problema, pois somos mais éticos. Bem pouco mais, é verdade.
Se colocassem três macacas numa jaula, uma casada dançadora de funk, uma macaca casada usando um tomara-que-caia e outra macaquinha sem graça totalmente solteira, o macaco iria atrás da descompromissada, compraria um tomara-que-caia pra ela e a levaria num baile funk. É mais prático, mais simples. Além do que não precisamos competir com os outros macacos machos.
Parágrafo único do pacto: os traidores poderiam trair com as traidoras. Solteiro com solteira, traidor com traidora. Aposto que quando esse pacto entrar em vigor, minhas festas serão mais promissoras.

as pedradas

Assistindo a luta dos egípcios nas ruas de Cairo e de Alexandria me lembrei de alguma outra encarnação que devo ter vivido. Não que eu acredite em reencarnação, mas devo lutado jogando pedras num passado bem distante, tamanho realismo que vislumbro em minha imaginação. Fiquei surpreso com o tamanho das pedras. Enormes! Dispostas a ferir. Brigar jogando pedras é coisa do passado, ao menos aqui no ocidente. Principalmente depois que inventaram a pólvora. Ao ver os pedregulhos atingindo as testas de vários cidadão, várias coisas me vieram a cabeça. E por sorte não eram pedradas.
Lembrei-me da Venezuela de Chavez. Acredito que mais cedo ou mais tarde, a Venezuela vai cansar de Chavez, diferentemente de nós que não cansamos de assistir o Chaves mexicano, no SBT. Chavez tem seus méritos. Implantou um modelo socialista, com controle do Estado sobre diversos órgãos públicos, reestatizações típicas de quem contrapõe o socialismo. Tem uma pequena maioria de apoiadores. Contudo, nem só de virtudes sobrevive o Governo venezuelano. Cercear a liberdade de imprensa é, sem dúvida, um tiro no pé eterno, que hora ou outra irá fazer com que o povo, cansado de perder sangue, exija mudança. E aí, não creio que mudanças ocorram sem que pedras sejam jogadas. Espero que quando eu venha a conhecer Isla Margarita, outras coisas venham a minha cabeça.
Lembrei-me também de uma vez que joguei pedra, ainda nessa encarnação. Coisa de guri. De guri idiota, diga-se de passagem. Nos reunimos e algum vizinho idiota sugeriu:
- Vamos jogar pedra no ônibus das oito?
Todos os vários vizinhos idiotas dissemos sim e fomos até a praça da igrejinha. Formamos dois grupos de ataque. Uns ficariam sobre a praça, atrás da igreja. Outros, atacariam pelas costas, numa covardia que me envergonha até hoje. Quando o ônibus parasse no ponto e estivesse arrancando, faríamos o ataque. O motorista engatou a segunda marcha - aqueles ônibus arrancavam sempre em segunda marcha - e antes de fazer a terceira, o vidro traseiro estava sendo estilhaçado por uma pedrada de um guri idiota. Quase um egípcio sem causa, um vândalo. O vândalo idiota e sem causa era eu. Nenhum outro teve coragem de jogar a pedra, já que eu havia contribuído antes com a indústria que vendia vidro temperado. Todos arrancamos em disparada, de forma dispersa, tal qual havíamos combinado. A idéia tática era dificultar o contra ataque.
Lembro que joguei a pedra e corri. Corri muito. Cego e surdo. Mal ouvi o barulho dos estilhaços. Voltamos à esquina onde estávamos.
Os idiotas dos meus vizinhos me parabenizaram. Que mira!, diziam eles. Tu és o cara!, me orgulhavam. Mas, idiota quando guri demora a amadurecer. Algum outro idiota resolveu que deveríamos jogar pedras no ônibus das oito e meia. Todos adoraram a idéia. Cansamos de jogar pedra nos vidros da escola estadual que havia no bairro. Nos ônibus era mais divertido, havia pessoas dentro dele. Fomos em grupo. Um exército de idiotas. Mesmo plano, acocados nas mesmas posições. Quando o motorista iria engatar a terceira, enquadrei meu corpo, fechei os olhos e quando abri a mão para arremessar a pedra ouvi um grito:
- Filho da puta!
Soltei a pedra que caiu a poucos metros - sem quebrar nada dessa vez - e corri. Corri muito, como nunca havia corrido na minha vida. Todos correram, mas o policial a paisana foi atrás de mim. Não sei como ele sabia que era eu o idiota responsável pela pedrada anterior, mas fez certo em me seguir. Merecia tomar uma surra. Talvez uma pedrada na cabeça. Um paralelepípedo egípcio. Lembro que era inverno e eu usava um jaquetão, tipo parka. O policial a paisana usava uma manta, uma touca e gritava:
- Filho da puta!! Filho da puta!!
Acho que os gritos o tiraram o fôlego e eu abri distância. Saudade do tempo em que eu era rápido. Lembro que virei a esquina e, ofegante, pulei o muro da casa de um conhecido, onde deitei atrás da mureta de menos de meio metro. Totalmente cagado, com medo e arrependido. Tentei respirar moderadamente, mas minha respiração emitia sons, de tão ofegante. Foram segundos tentando não respirar, até que o policial disfarçado se afastasse. Segundos eternos. Ele passou a passos largos, mais ofegante do que eu. Resmungava algo do tipo “filho da puta, filho da puta”.
Permaneci no átrio da casa por mais uns vinte minutos. Temi que alguém me visse. Minha respiração voltou ao normal e pus o nariz para fora da parka que me cobria. Ainda deitado, espiei com o olho esquerdo se havia alguma movimentação na rua. Nada. Com a mão apalpei o olho de baixo. Vá que eu estivesse cagado literalmente! Não estava. Precavido, esperei mais uns dez minutos antes de sair dali. Segui em direção oposta, fui a outro bairro e voltei algumas horas depois. Para disfarçar, saquei a jaqueta. Era idiota, mas não burro.
Pouco antes das onze cheguei na esquina onde tudo havia começado. Poucos vizinhos idiotas e outros não idiotas ali estavam. Já não estavam orgulhos de mim, e sim preocupados. Viram o policial partindo em minha direção horas atrás. Contei a história, menti que fugi tranqüilo, com sobras, mas que resolvi vir quando estivesse tudo em segurança. A travessura irresponsável me fez amadurecer bastante. Nunca se ouviu algum comentário sobre algum ferido. Nunca mais fui um idiota atirador de pedras.
Certa vez, estava no ônibus em direção ao centro. Quando o motorista engatou a terceira ouvi o barulho e senti os estilhaços caindo sobre minha cabeça. Um idiota havia jogado uma pedra no ônibus. Descobri que os vidros dos veículos estilhaçam de forma a não ferir ninguém, ao menos de forma grave. Perguntaram se eu estava bem e seguiram a viagem. Sacudi os cacos de vidro e pensei:
- Filho da puta, filho da puta...