quinta-feira, 3 de novembro de 2011

a caixa preta

Desde que optou por se envolver com mulheres casadas, Roger sabia o que teria pela frente. Desenvolveu uma das maiores virtudes que um homem pode ter: ouvir a mulher. Roger ouvia todas elas. Sem pressa. Prestava atenção, olhava no olho, respondia, questionava, dava conselhos. Isso o diferenciava dos maridos ausentes. Claro, também procurou seu gerente no banco e fez um seguro de vida, pois os riscos iriam aumentar consideravelmente.
Não era um garoto de programa, embora recebesse presentes invariavelmente. Não rejeitava, pois camisas e camisetas sempre são bem vindas. Recebia cuecas também. Certa vez recebeu uma de elefante, com uma tromba na frente. Noutra ocasião, uma vermelha do Super-Homem. Agradecia, olhando nos olhos, e com sinceridade dizia que presentes eram desnecessários. O que ele queria mesmo era sexo sem compromisso. E mulheres casadas não podiam se envolver.
Ser o Ricardão lhe proporcionou um aprendizado que nenhuma faculdade lhe ofereceria. Aprendeu como tratar uma mulher. Mulheres cansadas das atitudes - ou da falta de - dos esposos lhe deram essa lição.
As reclamações variavam desde um mero sexo oral. Haviam os que só gostavam de receber. Homem egoísta é um problema, mas haviam os que acreditavam que sexo oral não era algo que uma esposa decente devesse fazer no seu marido. Enfim, as esposas sagradas não pensavam o mesmo, e procuravam o Roger para chupá-lo.
Tinham os namorados cornos também. O corno namorado é um tipo de homem incompetente. Sim, pois uma coisa é o corno velho, cansado da vida monótona oriunda de um matrimônio enfraquecido. Outra, é um namorado, fruto de um relacionamento recente, que prefere ficar na frente do Playstation jogando joguinhos. Outra é um namorado que prefere ficar em casa vendo televisão a sair com namorada para tomar uma cerveja que seja. As mulheres evoluíram, e cansadas de serem mal tratadas, procuram os Roger’s para se satisfazerem, não apenas sexualmente, mas como mulher.
A caixa-preta é extensa e tem histórias de mulheres desconfiadas da masculinidade do seu “macho”. Caras com atitudes, no mínimos, suspeitas, amizades estranhas, e uma falta de apetite sexual com a parceira, merecedoras de um par de guampa.
O que eu não entendo e o Roger não faz questão de entender é o porquê essas mulheres continuam a mercê destas relações. Que relação é essa onde a mulher prefere abster-se uma vida conjugal feliz para continuar um relacionamento com otários que as destratam, que as deixam em completa abstinência.
Essa resposta, talvez eu encontre, em outra caixa-preta, ainda inacessível a mim.

Um comentário:

  1. Resposta mais velha do que xingar um cara porque ele não abaixa a tampa da privada: o número de otários é proporcional ao número de mulheres sujeitas ao relacionamento com otários; e o número de otários é inversamente proporcional ao número de homens sem playstation. C'est la vie...

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