quarta-feira, 14 de março de 2012

o swing

O Roger foi convidado para um swing. Na verdade, foi selecionado. Participar de um swing não é para qualquer um, como nós. A não ser que você vá em uma casa de troca de casais contribuindo financeiramente. Solteiros vão a swing, mas pagam muito caro por isso, e podem sair de lá sem comer ninguém.
Uma das principais regras desse mundo secreto refere-se ao poder da mulher. Num swing, quem decide é a mulher, com o consentimento do homem. Seja para o que for. Então, o cara solteiro acessa uma casa de swing e, caso as mulheres não se agradem da espécie, o deixam na mão. Por isso, muitas casas disponibilizam mulheres solteiras. Putas solteiras, melhor dizendo. Mas, putas não participam de swing. Logo, o cara entra numa casa de swing, e para não ficar literalmente na mão, empenhado, acaba com uma putinha qualquer, com preço de puta de luxo.
Alguém deve porventura pensar que eu já fui numa casa de swing. Pois é, já fui. Minha monografia da faculdade que trata do tema, foi adaptada e postada nesse blog. Triste fim para uma monografia tão interessante.
A troca de casais a que me refiro, onde o Roger foi convidado, era uma festa particular, fechada, para casais. Vou explicar: os casais se conhecem, geralmente, pela internet. Sites específicos para casais em busca do swing. Trocam mensagens, telefonemas e por último carícias. Mas, festa de casais swingeres em cidade pequena sofre alguma censura prévia. Os casais temem surpresas desagradáveis. Imagina se na mesma festinha com troca de casais você encontra a sua cunhada com a boca ocupada. Bem, o exemplo foi um fetiche. Mas, assistir sua irmã mais nova, que completara 18 aninhos ontem, com as mãos, boca e o resto ocupado, num gang bang alucinado é de vomitar.
Essas festas são capitaneadas por um casal mais experiente. O casal aluga uma casa, cobra certo valor para ajudar nas despesas, e ainda cobra por bebidas. O objetivo não é o lucro, e sim o sexo, por isso os preços são mais justos, mas acabam selecionando o público.
As mulheres costumam exageram deliciosamente nos decotes, nas costas de fora, coxas amostras. As langeries são sensuais, propícias para a ocasião. Os homens... Bem, os homens o Roger não soube me detalhar. Apenas disse que eram casais normais, de classe média, desses que esbarramos nos restaurantes e nos supermercados.
A própria entrevista de aprovação foi normal. Beijos nas bochechas, olhos nos olhos, papos de protocolo. O que fazia, de onde era, se tinha experiências anteriores, se estava preparado, se conhecia as regras. Pronto!, estava aprovado. O difícil foi agendar a entrevista. Festa concorrida, sabe como é.
Roger tinha uma parceira. No meu tempo, chamávamos de amizade colorida. Hoje tudo mudou. Ela era uma amiga sexual. Uma foda fixa. Ele era um pau amigo. Ela foi aprovada também. Era discreta como uma freira. Mas, na cama uma puta completa. O perfil procurado para a festa dos casais.
Não foram o primeiro casal a chegar na casa alugada, uma espécie de sítio. Também não foram os últimos. A lareira estava acessa, mesmo que estivéssemos na meia estação. Na entrada, o casal organizador recepcionava os convidados e colhia o dinheiro. Naquela noite, uma garçonete esculpida em pedra sabão servia as bebidas e apontava numa caderneta. Doses depois, Roger já tinha vontade de apagar o fogo da lareira. E das mulheres da sala também. Um casal puxa assunto, conversas frívolas. Roger foi ao banheiro, onde haviam muitas toalhas de papel e preservativos. Voltou e percebeu que o casal estava mais próximo da sua parceira, numa almofada gigante. Bebiam, riam e, aos poucos, deixam a timidez de lado. Outros casais faziam a mesma coisa. Uns cumprimentavam-se como velhos conhecidos. A música ao fundo era de bom gosto. Na sala de estar, casais assistiam um show internacional num DVD.
Roger já estava incomodado com tamanha seriedade do evento, quando a organizadora apresentou a grande atração da noite. Um show de strip-tease da garçonete esculpida por Aleijadinho. Ele jamais imaginou que aquela moça que olhava para o chão fosse capaz de excitá-lo num piscar de olhos. A moça só parou de dançar quando reparou que o volume das calças dos homens indicavam que a festa havia começado.
Vou poupá-los dos detalhes. A curiosidade costuma atiçar os desejos das pessoas. Quem quiser conhecer uma festa de casais que procure o Roger. Ele conhece os atalhos. Falando nele, se diz preocupado. Acha que depois de transar com inúmeras mulheres totalmente safadas na mesma noite, terá dificuldades para casar com uma apenas. Acha que depois de ver sua parceira fazendo coisas que jamais imaginou que uma mulher pudesse fazer na mesma noite, que está com um pouco de medo do que podem fazer as “mulheres modernas de hoje em dia”. O mundo nos esconde certas coisas que é bem melhor não sabê-las.

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