terça-feira, 9 de dezembro de 2014

restaurante por quilo

- Nossa! Que nojo!
- Âhn?!
- Não acredito que você come feijão com figo.
- O que te importa?
- Não... fica a vontade. Mas fico com ânsia de vômito só de olhar ali ó, o caldo do feijão encostando na calda do figo... Ergh! Ergh!
- Vá pro inferno!
- Marisa! Marisa! Me substitui aqui! Preciso ir no banheiro vomitar rapidinho! Tem uma porca aqui que misturou o doce com o salgado, que parece uma lavagem.
- Ei, escuta aqui! Como o que eu quiser, entende? Que falta de respeito! Vou falar com o gerente dessa merda!
- Desculpa, moça, sou o proprietário. Não foi por mal. To passando mal. Ergh! Devo estar pálido. To suando frio, baixou a pressão. Marisa!
- Você tem que aprender que é chique comer doce com salgado. Salada de batata com maçã e passas, peru com fios de ovos e calda de cereja, molhos agridoces!
- Ergh!
- Tem que aprender a respeitar os clientes. Estamos pagando e podemos comer o que quisermos.
- Tudo bem, moça. Esquece. Mas, o banheiro é ali. E pode ter certeza, você vai precisar. Já senta ali por perto.
- Vai pra puta que te pariu, viado!
- Vai beber alguma coisa?
- Um suco.
- Com sal?
- Já te mandaram a merda hoje?
- Desculpa, foi uma piada... sem graça!
- Goiaba tem?
- Sai agora do meu restaurante! Marisa!, tira essa mulher que tem uma buchada no lugar do estômago. Não quero mais essa porca aqui! Sai!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Abigeatários, muito obrigado!

Depois que morou numa cidade do interior o Roger chegou cheio de histórias interioranas. Também pudera, pois gaúcho no geral, adora contar um bom causo. O Roger que sempre foi um contador de histórias e estórias não deixava por menos. Contava contos e aumentava algum ponto.
Essa, segundo ele, se deve a esse pessoal que anda pelas noites pulando as cercas das fazendas, rastejando nos pastos, atrás de uma bela picanha: os abigeatários! Em determinado período, o interior da pacata região fora atacada por um bando que, definitivamente, não roubava galinhas. Estudavam uma fazenda, grande ou pequena, observavam os horários e os costumes, encostavam uma perua próximo dali e, sorrateiramente, matavam e levavam o animal de arrasto. Se comercializavam ou assavam o bovino pouco importa, bem como essa mal traçadas linhas.
O que realmente merece destaque foi a ação da valorosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que destacou um grupo de policiais deveras capacitados para conter a ação dos meliantes. Dentre eles, uma bela espécime do sexo feminino. Uma negra linda, que sem coturno já era bem maior que o nosso amigo contador causos. Conheceram-se pela internet, nessas salas de bate papo. Provavelmente ela estivesse utilizando as diárias pagas pelo estado para acessar a lan house ao lado do hotel.
Contou que não precisaram conversar muito e que o encontro foi marcado quase que de imediato. Ela só disse ser da capital e estava ali a trabalho. A princípio desconfiou se tratar de um trote, uma pegadinha, pois estava muito fácil, mas pagou para ver. Na hora marcada, na frente do hotel, lá estava ela. Ela e mais uns dez marmanjos, mais fortes e mais altos que o Roger, que o encararam como se ele fosse o abigeatário, desses que andavam por aí. Só então soube se tratar de uma policial, naquele momento a paisana, e aqueles elementos altos e fortes era um pelotão de policiais desconfiados.
- Certo que eles anotaram tua placa! Espero que estejas com a documentação em dia...


Vou poupá-los dos detalhes sexuais. Mas, preciso salientar que dias depois ela o adicionou no saudoso Orkut, cercada de fotos dos filhos e do esposo. Roger não lembra de adquirir carne oriunda de abates clandestinos, mas certamente sente saudade dessa época onde o pampa gaúcho era palco do roubo de picanhas e maminhas, só contidos com a intervenção do pelotão de operações especiais.