quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Abigeatários, muito obrigado!

Depois que morou numa cidade do interior o Roger chegou cheio de histórias interioranas. Também pudera, pois gaúcho no geral, adora contar um bom causo. O Roger que sempre foi um contador de histórias e estórias não deixava por menos. Contava contos e aumentava algum ponto.
Essa, segundo ele, se deve a esse pessoal que anda pelas noites pulando as cercas das fazendas, rastejando nos pastos, atrás de uma bela picanha: os abigeatários! Em determinado período, o interior da pacata região fora atacada por um bando que, definitivamente, não roubava galinhas. Estudavam uma fazenda, grande ou pequena, observavam os horários e os costumes, encostavam uma perua próximo dali e, sorrateiramente, matavam e levavam o animal de arrasto. Se comercializavam ou assavam o bovino pouco importa, bem como essa mal traçadas linhas.
O que realmente merece destaque foi a ação da valorosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que destacou um grupo de policiais deveras capacitados para conter a ação dos meliantes. Dentre eles, uma bela espécime do sexo feminino. Uma negra linda, que sem coturno já era bem maior que o nosso amigo contador causos. Conheceram-se pela internet, nessas salas de bate papo. Provavelmente ela estivesse utilizando as diárias pagas pelo estado para acessar a lan house ao lado do hotel.
Contou que não precisaram conversar muito e que o encontro foi marcado quase que de imediato. Ela só disse ser da capital e estava ali a trabalho. A princípio desconfiou se tratar de um trote, uma pegadinha, pois estava muito fácil, mas pagou para ver. Na hora marcada, na frente do hotel, lá estava ela. Ela e mais uns dez marmanjos, mais fortes e mais altos que o Roger, que o encararam como se ele fosse o abigeatário, desses que andavam por aí. Só então soube se tratar de uma policial, naquele momento a paisana, e aqueles elementos altos e fortes era um pelotão de policiais desconfiados.
- Certo que eles anotaram tua placa! Espero que estejas com a documentação em dia...


Vou poupá-los dos detalhes sexuais. Mas, preciso salientar que dias depois ela o adicionou no saudoso Orkut, cercada de fotos dos filhos e do esposo. Roger não lembra de adquirir carne oriunda de abates clandestinos, mas certamente sente saudade dessa época onde o pampa gaúcho era palco do roubo de picanhas e maminhas, só contidos com a intervenção do pelotão de operações especiais.

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