sábado, 18 de julho de 2015

lembrança dos invernos de antigamente

Sempre que enfrento um novo inverno lembro-me da minha passagem por Bagé. Bagé é a cidade natal do Vento Minuano, que anda assoviando que nem um velho macanudo pelo pampa afora. É a cidade mais fria do mundo, onde não cai neve. Fui morar em Bagé aos 27 anos, e só lá compreendi minha mãe que dizia para colocar um chinelo ao sair da cama para ir ao banheiro. Só na fronteira usei meias para dormir. Foram dois anos onde o inverno foi verdadeiramente gelado.
Nada comparado a esses inverninhos de agora. Nunca fui friorento, mas o inverno de agora é curto e pouco gélido. Seguindo a moda, o inverno deve estar com déficit de atenção, pois vem e quando tu te preparas, ele vai embora. Antes era mais difícil, a vida era mais difícil, assim como ganhar a libertadores e enfrentar a seleção canarinho.
Mas, o problema maior no inverno bageense é fazer sexo. Se eu tinha que convencer meu cérebro para tirar a roupa, imagine convencer uma mulher a tirar a roupa, com o velho Minuano com as duas mãos batendo na janela. E ele entra embaixo das cobertas, pois ele faz as curvas, passa por baixo da porta, até mesmo cruza as paredes. Uma vez dentro do quarto ele fica dançando, de um lado pro outro. Aí de quem invente de espiar. São três meses de solidão, é sério. Normalmente tu aceitas bem, nem vontade tem. Tuas bolas somem, corpo adentro. Mas, quando a vontade vem...

Num inverno ela veio. De um lado o inverno, de outro o tesão. Fui resolver tudo num banho bem quente. Acendi um álcool no banheiro, numa lata de sardinha, para preparar o ambiente. Entrei no banho e fui ser feliz. O chuveiro no super quente fazia um esforço danado, a resistência tentava transformar gelo em água quente, e me apresentava fios de água morna. Mas, diante de tanto frio, meu corpo não atendeu aos comandos do meu cérebro e brochei. Só o inverno bageense faz um homem brochar na punheta.