Essa é a primeira vez que escrevo doente. Já escrevi bêbado, no meio da madrugada e numa formatura. Puxei um guardanapo, pedi uma caneta à minha madrasta e escrevi a respeito da garçonete que me servia cervejas inacreditavelmente geladas. O conto ainda não postei, mas um dia postarei. Enfim, adoentado e sem ter a quem recorrer, resolvi escrever sobre os delírios que o febrão está me proporcionando.
Preciso salientar que moro sozinho, em condições de, digamos, acampamento. Trouxe o necessário para a Praia do Cassino, provando para mim mesmo que posso viver sem tv a cabo, sem a cama arrumada e sem a comidinha da mamãe. Então troxe meu note, meu modem, duas cadeiras, livros e algumas playboys.
Ocorre que ontem resolvi sair com uns amigos. Tentando parecer um machão, fui de camiseta com mangas curtas. Mas, esqueci que sou macho, mas estou velho, e minha saúde já não é mais a mesma mesmo! Assim, logo pela manhã já percebi que além do cheiro a cigarro, herdei da noite anterior uma bela infecção na garganta, que originou uma febre. Obviamente, não sei qual temperatura devo estar, mas nada acima do 40°C, por enquanto. É sabido que não tenho remédios em casa, pois Engov não conta. Pela manhã, quando não conseguia engolir a saliva, percebi o porquê havia babado tanto no travesseiro. Chegou a molhar a orelha.
Para complicar ainda mais a situação, a bateria do celular acabou e não sei onde o carregador foi passear. Assim, em caso de emergência, terei de mandar um e-mail para a SAMU. Optei por atacar uma árvore que tem aqui na frente da casa do vizinho. Não fosse o febrão teria atacado a mulher dele. A árvore é conhecida por maracujazeiro e, como nunca havia comido um maracujá, resolvi levá-lo para casa. Descasquei aquela fruta fedorenta e não entendi como se come um maracujá. Alguém sabe como comer um maracujá? Restou fazer um suco. Como devem imaginar, não tenho liquidificador. O suco foi feito no fogão, com o cozimento da fruta. Coloquei água e tomei. Resultado: uma merda! Prefiro os flans.
Além do chocolate que me presenteei de páscoa, só restava um pacote de biscoito e uma caixinha de chá de camomila. Tinha cerveja e um vinho branco na geladeira. Era para ter deixado fora da geladeira as bebidas. Tenho uma teoria sobre chá com bolacha tipo "água e sal". Funcionam mais do que remédios, quando usados em conjunto. Muitas dores de cabeça já curei assim. Funciona mesmo...
Bueno, vou tentar dormir um pouco, que ajuda deveras em caso de dores e de fome. Dizem que o sono é a morte de cada dia. Então vou ali, morrer, e já volto.
Obs: buscando na internet, consultei o meu médico Google. Por vezes, consulto o Dr. Wikepédia. No google, achei esse link que não me serviu para nada, exceto ler muito da criatividade dos outros com as dores alheias.
http://forum.cifraclub.com.br/forum/11/137047/
domingo, 24 de abril de 2011
ficar
Percebi que estou ficando velhaco. Cara, sou do século passado, nasci em 1980! Quase geração xis. Já vi e ouvi muitas coisas. Já andei de Opala, já gravei fita cassete (direto da rádio, e ficava puto quando o locutor estragava a música no final citando o nome da rádio), já brinquei de bilboquê ou biloquê, como queiram, joguei bola de gude (tinha esferinhas, olho de gato, tinha as joguinhas) e botão puxador (lembro do cheiro do acrílico dos botões de duas, três ou quatro camadas que ainda guardo em casa) e antes dos puxadores que eram caros jogava com botões panelinha comprados em supermercados; já tive mola maluca, pulei pogobol (tive calos nos calcanhares).
Vídeo game era luxo e poucos jogavam Atari. Nunca tive um video game. PS: Li na internet que os egípcios jogavam bolita. Imaginem que o brinquedo durou de 3.000 a.C até a proliferação da internet.
O interessante é que muita gente não faz idéia de que brinquedos são esses. O próprio Word não reconhece essas palavras, tanto que já sublinhou todas sugerindo correção ortográfica, só que ele não oferece sugestões para substituir essas palavras. Até o Word, esse sabichão, é mais novo do que eu!
Já assisti TV em preto e branco. Lembro quando surgiu uma novidade: era uma tela que colocavam na frente da tela da TV, e que deixava a imagem “colorida”. Aquilo era bizarro, umas das invenções mais bizarras que já conheci.
Eu tive caxumba. De um lado só. Um vizinho meu teve primeiro. Então minha mãe mandou eu brincar com ele uma tarde. Era a oportunidade que eu precisava para adoecer e não ir a aula. Era um acontecimento contrair caxumba. Impressão minha ou as crianças de hoje em dia não contraem caxumba?
Lembro das Diretas já!, lembro vagamente também, da morte do Tancredo. Era novo, mas tenho lembranças disso. Vivi mais intensamente o impeachment do Collor. Minha geração tem orgulho de ter tirado um presidente do poder. Com oito anos tinha alguma consciência política. Também não percebo isso ocorrer hoje em dia.
Enfim, chega de nostalgia e saudosismo e vamos ao que interessa. O Roger, que também é da minha geração, se orgulha de outra coisa. Ele diz que foi ele um dos responsáveis pelo “ficar“. Ficar nada mais é do que beijar na boca, sem obrigações posteriores, sem ter que ligar no dia seguinte. Só se der vontade de ficar de novo, é claro. E sem a necessidade de estar chapado, como estavam em Woodstock.
O ficar tem algumas variações que vão desde o singelo mão na bunda, avançando ao apalpamento de partes íntimas, culminando no sexo casual. Falando nisso, nunca entendi a lógica das mulheres primeiro permitirem uma mão na bunda, se é a bunda a última coisa que elas dão. Isso, quando dão. E última coisa que você toca é a primeira que você come!
Por mais incrível que possa parecer para alguns, nem sempre foi assim. Você gostava de uma guria e era isso. Nada além disso. Trocava algumas cartinhas que faziam ruborizar a face e mais nada. Era a época do gostar. Beijar na boca, pegação mesmo, descompromissada, ocorreu depois, com o avanço da sociedade.
Lembro dessa mudança gradual. Dessa não necessidade de gostar de alguém para beijar na boca. Era só o interesse, a vontade, a curiosidade. Curiosidade saciada e cada um voltava para sua casa feliz e satisfeito. O ficar tinha algumas barreiras, já que nem todas gostavam de sair ficando por aí. Lembro de algumas vizinhas que se orgulhavam de terem ficado só com um, ou dois. Queriam namorar ao invés de sair beijando na boca por aí. Grandes merdas!, pensam os jovens de hoje. Bobas elas que perderam a juventude em nome da lenta adaptação a sem-vergonhice que, ainda bem, chegamos nos dias atuais.
Talvez o ficar tenha sido um dos maiores avanços da minha geração. Acho que o Roger tem razão, devemos a minha geração essa liberdade nos relacionamentos. O amadurecimento nas relações. Minha geração vivenciou uma queda de um regime militar, uma queda de um presidente eleito de forma democrática e deu o pontapé inicial a promiscuidade que a sociedade aceita hoje de bom grado através dessa “ficação“ desenfreada.
Vídeo game era luxo e poucos jogavam Atari. Nunca tive um video game. PS: Li na internet que os egípcios jogavam bolita. Imaginem que o brinquedo durou de 3.000 a.C até a proliferação da internet.
O interessante é que muita gente não faz idéia de que brinquedos são esses. O próprio Word não reconhece essas palavras, tanto que já sublinhou todas sugerindo correção ortográfica, só que ele não oferece sugestões para substituir essas palavras. Até o Word, esse sabichão, é mais novo do que eu!
Já assisti TV em preto e branco. Lembro quando surgiu uma novidade: era uma tela que colocavam na frente da tela da TV, e que deixava a imagem “colorida”. Aquilo era bizarro, umas das invenções mais bizarras que já conheci.
Eu tive caxumba. De um lado só. Um vizinho meu teve primeiro. Então minha mãe mandou eu brincar com ele uma tarde. Era a oportunidade que eu precisava para adoecer e não ir a aula. Era um acontecimento contrair caxumba. Impressão minha ou as crianças de hoje em dia não contraem caxumba?
Lembro das Diretas já!, lembro vagamente também, da morte do Tancredo. Era novo, mas tenho lembranças disso. Vivi mais intensamente o impeachment do Collor. Minha geração tem orgulho de ter tirado um presidente do poder. Com oito anos tinha alguma consciência política. Também não percebo isso ocorrer hoje em dia.
Enfim, chega de nostalgia e saudosismo e vamos ao que interessa. O Roger, que também é da minha geração, se orgulha de outra coisa. Ele diz que foi ele um dos responsáveis pelo “ficar“. Ficar nada mais é do que beijar na boca, sem obrigações posteriores, sem ter que ligar no dia seguinte. Só se der vontade de ficar de novo, é claro. E sem a necessidade de estar chapado, como estavam em Woodstock.
O ficar tem algumas variações que vão desde o singelo mão na bunda, avançando ao apalpamento de partes íntimas, culminando no sexo casual. Falando nisso, nunca entendi a lógica das mulheres primeiro permitirem uma mão na bunda, se é a bunda a última coisa que elas dão. Isso, quando dão. E última coisa que você toca é a primeira que você come!
Por mais incrível que possa parecer para alguns, nem sempre foi assim. Você gostava de uma guria e era isso. Nada além disso. Trocava algumas cartinhas que faziam ruborizar a face e mais nada. Era a época do gostar. Beijar na boca, pegação mesmo, descompromissada, ocorreu depois, com o avanço da sociedade.
Lembro dessa mudança gradual. Dessa não necessidade de gostar de alguém para beijar na boca. Era só o interesse, a vontade, a curiosidade. Curiosidade saciada e cada um voltava para sua casa feliz e satisfeito. O ficar tinha algumas barreiras, já que nem todas gostavam de sair ficando por aí. Lembro de algumas vizinhas que se orgulhavam de terem ficado só com um, ou dois. Queriam namorar ao invés de sair beijando na boca por aí. Grandes merdas!, pensam os jovens de hoje. Bobas elas que perderam a juventude em nome da lenta adaptação a sem-vergonhice que, ainda bem, chegamos nos dias atuais.
Talvez o ficar tenha sido um dos maiores avanços da minha geração. Acho que o Roger tem razão, devemos a minha geração essa liberdade nos relacionamentos. O amadurecimento nas relações. Minha geração vivenciou uma queda de um regime militar, uma queda de um presidente eleito de forma democrática e deu o pontapé inicial a promiscuidade que a sociedade aceita hoje de bom grado através dessa “ficação“ desenfreada.
sábado, 16 de abril de 2011
quarta-feira, 13 de abril de 2011
o último romântico
Roger foi o último romântico. Dizem que depois dele, ninguém mais se atreve a agradar uma mulher. Mulheres são seres difíceis de agradar. Parecem nunca satisfeitas. Numa relação onde você manda flores no primeiro ano de namoro, você está assinando um contrato vitalício. Prepare-se para fechar contrato com uma floricultura para o resto de sua vida, pois enquanto durar o relacionamento será sua obrigação enviar flores nesta data. Caso você esqueça uma vez em trinta anos, significa que você não ama mais, ou que tem outra, ou que você não é mais o mesmo. O mesmo vale para jóias. Com um agravante: as jóias tendem a tornar-se mais caras com o passar dos anos. Nada de gastar menos de um ano para outro.
O Roger foi um cara romântico. Talvez não com uma apenas, mas era um cara romântico com várias, o que para muitas não serve. Enfim, teve uma vez que ele fora romântico e fiel. Até convidou sua amada para uma viagem a dois. O destino foi uma praia quase deserta, aqueles lugares propícios para revelações, uma combinação perfeita e colorida entre a areia branca, o mar azul, um céu amarelo e árvores verdes. Roger andava cansado da boemia, da vida noturna. Precisava de alguém que lhe compreendesse, que lhe desse atenção. Algo que ultrapassasse o sexo casual e fortuito. Concluiu que aquele era o lugar e que a amada da vez era a mulher certa.
Foram à praia, sentaram-se numa enseada, para ver o pôr do sol. Abraços, beijos e então o Roger tira um molho de chaves do bolso, o chaveiro do apartamento em que morava.
- Essa chave, foi a chave que você usou para abrir meu coração. - disse ele, retirando uma chave do molho. - Quando você abriu meu coração, você quebrou o gelo que havia nele, e pude ver o quanto eu posso me entregar e me apaixonar por alguém.
Ela estranhou um pouco, virou a cabeça de lado e assentiu com a cabeça, para que ele continuasse.
- Essa chave, é a chave da nossa amizade. - disse enquanto retirava a chave da argola. - Coloco essa argola aqui, para que nossa amizade seja eterna. - completou, enfiando a argola no dedo anelar da moça.
Ela sorria, enquanto que ele continuava o procedimento. Retirava as chaves das argolas do chaveiro, uma a uma, e pausadamente separava a argola da chave, ao mesmo tempo que se declarava a sua cara metade:
- Já essa chave, é a chave do sexo. O sexo intenso, com amor, que melhora a cada encontro.
Ela riu. Ele continuou:
- Essa chave, é a chave da nossa paixão. É a representação da chama da nossa paixão.
Ela acenou com a cabeça, concordando. Ele não havia terminado:
- Essa chave, é a chave do nosso amor. Do nosso amor eterno. - declarou-se. Foi quando pegou a argola, e colocou junto ao dedo da sua amada, vagarosamente, enfiando a argola até juntar-se as outras três que ali repousavam e fez o pedido, enquanto o sol se punha, ao fundo:
- Quer casar comigo?
- Roger. Eu gosto de ti. Muito de ti. O cenário é perfeito. Mas, pedido de casamento com argola do molho de chaves é muito piegas. Muito piegas. Na próxima vez, compra um anel de ouro. - disse a moça, as gargalhadas.
O Roger foi um cara romântico. Talvez não com uma apenas, mas era um cara romântico com várias, o que para muitas não serve. Enfim, teve uma vez que ele fora romântico e fiel. Até convidou sua amada para uma viagem a dois. O destino foi uma praia quase deserta, aqueles lugares propícios para revelações, uma combinação perfeita e colorida entre a areia branca, o mar azul, um céu amarelo e árvores verdes. Roger andava cansado da boemia, da vida noturna. Precisava de alguém que lhe compreendesse, que lhe desse atenção. Algo que ultrapassasse o sexo casual e fortuito. Concluiu que aquele era o lugar e que a amada da vez era a mulher certa.
Foram à praia, sentaram-se numa enseada, para ver o pôr do sol. Abraços, beijos e então o Roger tira um molho de chaves do bolso, o chaveiro do apartamento em que morava.
- Essa chave, foi a chave que você usou para abrir meu coração. - disse ele, retirando uma chave do molho. - Quando você abriu meu coração, você quebrou o gelo que havia nele, e pude ver o quanto eu posso me entregar e me apaixonar por alguém.
Ela estranhou um pouco, virou a cabeça de lado e assentiu com a cabeça, para que ele continuasse.
- Essa chave, é a chave da nossa amizade. - disse enquanto retirava a chave da argola. - Coloco essa argola aqui, para que nossa amizade seja eterna. - completou, enfiando a argola no dedo anelar da moça.
Ela sorria, enquanto que ele continuava o procedimento. Retirava as chaves das argolas do chaveiro, uma a uma, e pausadamente separava a argola da chave, ao mesmo tempo que se declarava a sua cara metade:
- Já essa chave, é a chave do sexo. O sexo intenso, com amor, que melhora a cada encontro.
Ela riu. Ele continuou:
- Essa chave, é a chave da nossa paixão. É a representação da chama da nossa paixão.
Ela acenou com a cabeça, concordando. Ele não havia terminado:
- Essa chave, é a chave do nosso amor. Do nosso amor eterno. - declarou-se. Foi quando pegou a argola, e colocou junto ao dedo da sua amada, vagarosamente, enfiando a argola até juntar-se as outras três que ali repousavam e fez o pedido, enquanto o sol se punha, ao fundo:
- Quer casar comigo?
- Roger. Eu gosto de ti. Muito de ti. O cenário é perfeito. Mas, pedido de casamento com argola do molho de chaves é muito piegas. Muito piegas. Na próxima vez, compra um anel de ouro. - disse a moça, as gargalhadas.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
o coelhinho pau no cu
Além de descobrir que cu não leva assento, que vai de encontro ao que leio nas portas dos banheiros, essa páscoa me faz falir, igual a todos anos. Ano passado, nesta época, escrevi um texto chamado "querida afilhada", cópia fiel da carta que havia entregue a minha afilhada mais velha.
Como costumo escrever algo na Páscoa, seja lá o que signifique a tal da pascoalete, não fugi a regra nesse ano... Ainda não descobri quando é a páscoa, mas já percebi nas gôndolas dos mercados um movimento intenso de promotoras feinhas...
Apesar disso, gosto da páscoa. E após mostrar a foto no tal twitter, coloco aqui a foto do presente da minha mais nova afilhada que completará 6 meses daqui uns dias.
Desde já, feliz páscoa. Seja lá o que isso for...
Como costumo escrever algo na Páscoa, seja lá o que signifique a tal da pascoalete, não fugi a regra nesse ano... Ainda não descobri quando é a páscoa, mas já percebi nas gôndolas dos mercados um movimento intenso de promotoras feinhas...
Apesar disso, gosto da páscoa. E após mostrar a foto no tal twitter, coloco aqui a foto do presente da minha mais nova afilhada que completará 6 meses daqui uns dias.
Desde já, feliz páscoa. Seja lá o que isso for...
quinta-feira, 7 de abril de 2011
turismo social
Quando retornava do Resort do Costão do Santinho, vinha lembrando das teorias que estudei na faculdade. Na faculdade, havia uma crítica dos teóricos ao que chamavam de “bolha turística”. A grosso modo, era uma crítica ao turismo que não engloba as comunidades no qual estão inseridas, quando não há uma interação dos atores envolvidos.
Exemplificando, trata-se de lugares como os resorts, onde o turista sequer tem contato com os nativos do local. Obviamente, não conta a relação profissional entre turistas e funcionários do hotel, que é uma relação meramente capitalista relacionada à força de trabalho, diga-se de passagem, sempre mal remunerada. É uma questão que norteou muitos trabalhos e avaliações no período de faculdade, mas que somente agora, por um acaso do destino, pude ter noção exata do que se trata.
De fato, um turista que se hospeda num resort não faz idéia da história do local em que está visitando, tampouco conhece a cultura local, a menos que saia a procurar, o que é improvável, pois isso não fica ao redor das piscinas.
O Resort que visitei, tem seus méritos, no que tange a questão. Há uma área de preservação ambiental e arqueológica, com destaque para as inscrições rupestres, feitas pelos manézinhos da ilha a 5.000 anos atrás. Também li que 98% dos dejetos são tratados, e que os resíduos são reciclados. Ademais, a empresa já recebeu certificados devido a sua gestão socioambiental. Mas, quem procura por essas informações? Até que ponto nós hóspedes estávamos realmente preocupados com isso? Se a sociedade está preocupada com as questões ambientais e culturais, por que sites que “vendem” o Resort não citam estas questões?
Evidentemente, ficar hospedado num lugar mágico como o Resort, que une a natureza com o luxo e a riqueza inventada pelo homem, nos faz esquecer os problemas, perder a noção de tempo e de todo o resto. Não havia preocupação com o trabalho, ou com a pobreza do nosso País, tampouco com os 2% de dejetos que estavam sendo lançados no oceano. Assim como o cocô, nossos problemas se diluíam num mar de felicidade em torno da piscina, dentro da banheira de hidromassagem ou numa das cinco quadras de tênis.
Mesmo que o lucro da empresa pese negativamente em nossa balança comercial em direção à Europa, mesmo que eu tenha passado um final de semana dentro de uma “bolha”, confesso: cedi às tentações do capitalismo selvagem, e tão logo fiz o check-out, percebi uma depressão me acompanhando de volta pra casa. Preferia ter ficado amarrado ao pé da cama King Size.
O autor é formado em Turismo, na Universidade Federal de Pelotas, mas a vida lhe deu uma rasteira e hoje é bancário/economiário. Se era para ganhar pouco, que fosse fazendo o bem para as pessoas e para si mesmo...
Exemplificando, trata-se de lugares como os resorts, onde o turista sequer tem contato com os nativos do local. Obviamente, não conta a relação profissional entre turistas e funcionários do hotel, que é uma relação meramente capitalista relacionada à força de trabalho, diga-se de passagem, sempre mal remunerada. É uma questão que norteou muitos trabalhos e avaliações no período de faculdade, mas que somente agora, por um acaso do destino, pude ter noção exata do que se trata.
De fato, um turista que se hospeda num resort não faz idéia da história do local em que está visitando, tampouco conhece a cultura local, a menos que saia a procurar, o que é improvável, pois isso não fica ao redor das piscinas.
O Resort que visitei, tem seus méritos, no que tange a questão. Há uma área de preservação ambiental e arqueológica, com destaque para as inscrições rupestres, feitas pelos manézinhos da ilha a 5.000 anos atrás. Também li que 98% dos dejetos são tratados, e que os resíduos são reciclados. Ademais, a empresa já recebeu certificados devido a sua gestão socioambiental. Mas, quem procura por essas informações? Até que ponto nós hóspedes estávamos realmente preocupados com isso? Se a sociedade está preocupada com as questões ambientais e culturais, por que sites que “vendem” o Resort não citam estas questões?
Evidentemente, ficar hospedado num lugar mágico como o Resort, que une a natureza com o luxo e a riqueza inventada pelo homem, nos faz esquecer os problemas, perder a noção de tempo e de todo o resto. Não havia preocupação com o trabalho, ou com a pobreza do nosso País, tampouco com os 2% de dejetos que estavam sendo lançados no oceano. Assim como o cocô, nossos problemas se diluíam num mar de felicidade em torno da piscina, dentro da banheira de hidromassagem ou numa das cinco quadras de tênis.
Mesmo que o lucro da empresa pese negativamente em nossa balança comercial em direção à Europa, mesmo que eu tenha passado um final de semana dentro de uma “bolha”, confesso: cedi às tentações do capitalismo selvagem, e tão logo fiz o check-out, percebi uma depressão me acompanhando de volta pra casa. Preferia ter ficado amarrado ao pé da cama King Size.
O autor é formado em Turismo, na Universidade Federal de Pelotas, mas a vida lhe deu uma rasteira e hoje é bancário/economiário. Se era para ganhar pouco, que fosse fazendo o bem para as pessoas e para si mesmo...
segunda-feira, 4 de abril de 2011
uma forcinha
- Oi. Pode coçar minhas costas? - disse ele já ladeando o corpo.
- Como?
- Com tuas unhas... - agora já levantava a camiseta.
- Aqui?!
- Não, bem no meio das costas, em cima...
- Não, aqui na festa não. - negou a moça.
- Mas, tá coçando muito. - suplicou.
- Nem te conheço. Como vou coçar tuas costas.
- Ah, desculpe. Meu nome é Roger. Trabalho e moro aqui na praia. Acho que já atendi você.
- Você não me é estranho!
- Sim, esses dias você deixou cair seu celular no chão e eu juntei o aparelho e a bateria e montei pra você. Agora tu me deves uma forcinha.
- Ah, claro! Lembrei.
- Você usava uma vestido florido. Estava linda!
- Isso, obrigada.
- Solteira?
- Sim, e tu?
- Totalmente solteiro carente. Sabe como é, morar em praia no inverno deixa a gente assim.
- (risos)
- Fazia bastante tempo que não te via nesta festa...
- Estava de férias, viajando. - explicou a moça com unhas afiadas.
- Legal. Fez falta aqui.
- Por quê?
- Sua beleza... Quando a festa fica chata, basta olhar para você.
- Nossa! Obrigada. De novo.
- Sério. Sempre quis te conhecer.
- Por causa das minhas unhas?
- Também.
- Você não imagina do que elas são capazes.
Então, Roger grudou um beijo. Beijaço! E ela cravou as unhas em suas costas. Passava as unhas de cima para baixo, de baixo para cima. Oito dedos arranhando as costas do rapaz. Deixando marcas. Aliviado e satisfeito, agradeceu e foi embora. Decidiu que estava na hora de parar de roer suas unhas.
- Como?
- Com tuas unhas... - agora já levantava a camiseta.
- Aqui?!
- Não, bem no meio das costas, em cima...
- Não, aqui na festa não. - negou a moça.
- Mas, tá coçando muito. - suplicou.
- Nem te conheço. Como vou coçar tuas costas.
- Ah, desculpe. Meu nome é Roger. Trabalho e moro aqui na praia. Acho que já atendi você.
- Você não me é estranho!
- Sim, esses dias você deixou cair seu celular no chão e eu juntei o aparelho e a bateria e montei pra você. Agora tu me deves uma forcinha.
- Ah, claro! Lembrei.
- Você usava uma vestido florido. Estava linda!
- Isso, obrigada.
- Solteira?
- Sim, e tu?
- Totalmente solteiro carente. Sabe como é, morar em praia no inverno deixa a gente assim.
- (risos)
- Fazia bastante tempo que não te via nesta festa...
- Estava de férias, viajando. - explicou a moça com unhas afiadas.
- Legal. Fez falta aqui.
- Por quê?
- Sua beleza... Quando a festa fica chata, basta olhar para você.
- Nossa! Obrigada. De novo.
- Sério. Sempre quis te conhecer.
- Por causa das minhas unhas?
- Também.
- Você não imagina do que elas são capazes.
Então, Roger grudou um beijo. Beijaço! E ela cravou as unhas em suas costas. Passava as unhas de cima para baixo, de baixo para cima. Oito dedos arranhando as costas do rapaz. Deixando marcas. Aliviado e satisfeito, agradeceu e foi embora. Decidiu que estava na hora de parar de roer suas unhas.
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