Depois que morou numa cidade do interior o
Roger chegou cheio de histórias interioranas. Também pudera, pois gaúcho no
geral, adora contar um bom causo. O Roger que sempre foi um contador de
histórias e estórias não deixava por menos. Contava contos e aumentava algum
ponto.
Essa, segundo ele, se deve a esse pessoal que
anda pelas noites pulando as cercas das fazendas, rastejando nos pastos, atrás
de uma bela picanha: os abigeatários! Em determinado período, o interior da
pacata região fora atacada por um bando que, definitivamente, não roubava
galinhas. Estudavam uma fazenda, grande ou pequena, observavam os horários e os
costumes, encostavam uma perua próximo dali e, sorrateiramente, matavam e
levavam o animal de arrasto. Se comercializavam ou assavam o bovino pouco
importa, bem como essa mal traçadas linhas.
O que realmente merece destaque foi a ação da
valorosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que destacou um grupo de
policiais deveras capacitados para conter a ação dos meliantes. Dentre eles,
uma bela espécime do sexo feminino. Uma negra linda, que sem coturno já era bem
maior que o nosso amigo contador causos. Conheceram-se pela internet, nessas
salas de bate papo. Provavelmente ela estivesse utilizando as diárias pagas
pelo estado para acessar a lan house
ao lado do hotel.
Contou que não precisaram conversar muito e
que o encontro foi marcado quase que de imediato. Ela só disse ser da capital e
estava ali a trabalho. A princípio desconfiou se tratar de um trote, uma
pegadinha, pois estava muito fácil, mas pagou para ver. Na hora marcada, na
frente do hotel, lá estava ela. Ela e mais uns dez marmanjos, mais fortes e
mais altos que o Roger, que o encararam como se ele fosse o abigeatário, desses
que andavam por aí. Só então soube se tratar de uma policial, naquele momento a
paisana, e aqueles elementos altos e fortes era um pelotão de policiais
desconfiados.
- Certo que eles anotaram tua placa! Espero
que estejas com a documentação em dia...
Vou poupá-los dos detalhes sexuais. Mas,
preciso salientar que dias depois ela o adicionou no saudoso Orkut, cercada de
fotos dos filhos e do esposo. Roger não lembra de adquirir carne oriunda de abates
clandestinos, mas certamente sente saudade dessa época onde o pampa gaúcho era
palco do roubo de picanhas e maminhas, só contidos com a intervenção do pelotão
de operações especiais.
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