domingo, 18 de outubro de 2009

consciência tranquila

Uma vez pensei em ser escritor. Não um escritor de um blog que ninguém lê. Não fazer disso um hobby. Escritor mesmo, de verdade. Tipo Veríssimo. Tipo Jorge Amado. Daí pensava que, seja o que eu escrevesse, alguém, em algum lugar do mundo já teria escrito. E o pior: teria escrito melhor do que eu. Imagina o tamanho desse mundão todo, com várias pessoas escrevendo. Sempre pensei que seria muito difícil o ineditismo de uma boa história.
O tempo passou e de fato não me tornei um escritor. Ainda mais agora, com essa disseminação de espaços para que bons escritores contassem histórias através de sites pessoais e blogs espalhados pela rede de computadores. Antes, muitos escritores escreviam e não tinham espaço para publicação de livros em editoras. Agora fazem uso de meios como esse para exporem seus trabalhos. Assim, tenho a impressão que tudo o que escrevo já foi escrito por alguém, em outra língua talvez, e o pior: contado de um jeito mais engraçado do que eu. Aliás, tenho essa insegurança e essa incerteza com as mulheres também. Penso que tudo o que eu for dizer no ouvido de uma garota numa festa, será pior do que qualquer outro mané tenha dito. Parece que tudo o que escrevo, faço, visto, falo ou sei lá o que mais, não vai agradar a alguém, por melhor que tente ser.
O Roger não. Ele é ele mesmo e foda-se o resto. O que importa pra ele é ser ele mesmo para deitar toda noite a cabeça no travesseiro e dormir um sono tranqüilo. Ora, ele tem razão. Nunca vamos agradar a todos. Não seremos uma unanimidade. Façamos bem aos outros e vamos ser feliz do nosso jeito. Também por isso tenho escrito esses contos. Antes escrevia num caderno. Agora preservo as árvores e não uso mais papel. Ademais, andava estressado, precisando de distração. Precisava relaxar. E as histórias do Roger tem ajudado. Mas, tudo isso pra contar mais uma dele.
Uma vez Roger ficava com uma menina. Como essa menina iniciou um namoro e o personagem desse blog andava carente de sexo, pediu que a menina lhe ajuda-se, em troca da amizade colorida que ambos tinham.
- Pede pra uma amiga sua me ligar! Mas, tem que ser safada que nem tu! Não me vem com mulher “fazida”. - exigia.
Dias mais tarde, recebe um toque no telefone celular durante o expediente de trabalho. Retorna somente após o expediente, quando já estava chimarreando em casa. Era a amiga da amiga colorida.
- Ela me falou bem de você.
- Quando tu podes? - questiona ele com a naturalidade que Deus lhe deu.
- Hoje, ás 20 horas. - retruca ela como se marcar um encontro para fazer sexo com um desconhecido fosse a como trocar de roupas.
- Ótimo. Onde te pego?
Papo encerrado. Encontro marcado. Estava em dívida com a amiga colorida. Ela devia ter feito um bom comercial. Ou então a amiga da amiga era bem fácil. Ou bem feia.
Pontualmente no horário marcado, chegando ao local combinado liga pro telefone celular dela. Quem atende viria a ser a mulher mais feia com quem já transou. Não convém detalhar o corpo, tampouco o rosto da mulher. Poderia não ter parado o carro, já que ainda estava em movimento. Mas, parou o veículo. Ele abriu a porta. Ela entrou. Cumprimentos envergonhados. Ele lia na testa dela em maiúsculas: “PRECISO TE DAR HOJE”. O caminho até a casa dele foi longo. Mas, Roger não era tímido, tinha alguma experiência e assuntos guardados na manga. Perguntava bastante. Era atencioso. Chegaram na casa dele. Sem rodeios, fez o que tinha que fazer. Embora ela não fosse bonita na visão dele, Roger não enfrentou problemas com a ereção. O sexo era bom, apesar de ser o primeiro encontro. Chegou a conclusão que buceta é tudo igual. Um lugar quente, úmido e escuro. O olho do pau sequer enxerga. Como aprendera quando era jovem, transou como se fosse a última vez na vida. Fez o melhor que pode fazer e procurou fazer bem feito. Depois, a levou embora. Durante o trajeto, tentando disfarçar um bocejo e outro observou que na testa dela, o letreiro dizia: “OBRIGADA!”.
Ele poderia não ter parado o carro. Poderia não ter transado com ela, inventado uma desculpa, ou algo assim. Mas, ele gosta de agradar aos outros. E precisa deitar a cabeça no travesseiro e dormir um sono tranqüilo.

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