segunda-feira, 25 de julho de 2011

Freud

Esses dias sonhei com Freud. O Sigmund. Foi mais ou menos assim: eu dormi com a mão encostada na boca, de bruços. E nessa posição acordei no sonho, num lugar que não identifiquei bem. Vi que era à noite. Engoli a baba que pingava na minha mão. Levantei a cabeça e ouvi a voz dele:
- Tarado, levanta aí e vamos tomar um trago!
Fomos para um bar, sentamos no mocho alto, e bebemos uma cachaça ouro no balcão. Fazia tempos que não bebia cachaça. Não entendia onde estava, mas estava estupefato em beber com o Freud. Ele dizia:
- Tarado, você dorme com a mão na boca. Isso é sinal que durante a amamentação seu ciclo não foi completo.
Não havia perguntado nada a ele. Mas, sei que mamei em outras tetas quando guri. Seria esse o motivo pelo qual eu roou unhas?
- Logo, - continuou ele - você tem o seu ciclo oral pré-desenvolvido.
Seria esse o motivo que me leva a gostar tanto de chupar uma boceta? Tive vergonha de perguntar para um ‘estranho’ sobre essas coisas. Olhava para ele e digeria as informações sobre meu ciclo oral observando ao redor do bar. Que bar era aquele? Onde eu estava? Ele continuava me decifrando:
- Você fala pouco. Sugiro que você desenvolva sua capacidade oratória. Converse com as pessoas, troque idéias, ouça também, mas fale mais do que ouça. Seja mais ativo, mais falante. Isso lhe fará bem. Garçom! Traga mais um trago para nosotros!
Que velho maluco, pensei eu! Não havia garçom ali, do outro lado do balcão. E o copo enchia de baixo para cima, num passe de mágica. Entornei o copo da canha. Aquela cachaça descia arranhando a garganta e o peito. Tinha a impressão que estava engolindo um gato que se agarrava com as unhas na minha traquéia. Uma queimação nunca antes sentida. Precisava de água, mas não enxergava o garçom fantasma.
- Queria te agradecer por vir aqui. - disse ele. - Apareça sempre que quiser. Sinto que você precisa de ajuda, precisa desabafar.
Mais uma vez senti uma ardência na goela. Um líquido espesso circulava por ali. Olhei atrás do garçom, nada encontrei. Quando olhei para o velho beberrão, ele já não estava mais lá. O mocho sumiu, cai no chão, de bruços e com a mão na boca. Acordei. Abri os olhos. Levantei e fui curar minha azia.


Freud escreveu:
“Nossos medos emergem de três direções: da decadência do nosso próprio corpo; do mundo exterior; e dos nossos relacionamentos.”

Impossível errar, não é? O que é o resto, diante dessa abrangência toda?
Velho beberrão...

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