domingo, 4 de setembro de 2011

o buquê de noiva




Até mesmo o mais galinha dos homens, o Roger, sonha em casar. Mais do que isso, sonha em casar em alguma igreja, com a noiva de branco. Ao contrário do que todos imaginam, são caras como o Roger que buscam no casamento a estabilidade que não obtiveram durante toda a sua jornada, digamos, de caça.
Daí que encontramos certa distorção entre o que eles encontram e o que eles procuram. Acontece que caras com um passado, digamos, inglório, costumam atrair mulheres nada interessadas em compromisso sério. Isso é uma lógica, diante das circunstâncias de insegurança que circundam o safado.
Quando o Roger conheceu a mulher, digamos, pra casar, logo tratou de mudar. Assim que percebeu os atributos da moça, não envidou esforços no intuito do com ela alcançar o enlace matrimonial. Porém, não eram esses os planos da moça, que não ousaria juntar as escovas de dente com ele, justo ele que já havia escovado os dentes em diversas pias do bairro.
O tempo passou e o casal continuava a transar. Ele cada vez mais envolvido. Ela em busca do sexo e da diversão. Todos jantares, todas sessões de cinema ou qualquer pós sexo, ele media a temperatura na questão relacionamento. E as medidas eram desanimadoras. Ela não queria casar. Ao menos, não queria casar com ele. O tempo passava e o casal de sexo continuava junto. E a moça sequer dava sinais de envolvimento.
No casamento da sua melhor amiga, ela foi a madrinha. Linda e deslumbrante, fez o rapaz lacrimejar baldes ao vê-la sobre o altar, ao lado dos noivos. Ela até achou ele “queridinho” enquanto ele enxugava as lágrimas. Disse que de gravata ele até parecia “um cara de respeito”. Ela até apresentou ele como um quase namorado aos demais convidados da festa.
Porém, ele desencantou de vez na hora do buquê. A noiva interrompeu a festa, avisou que jogaria o buquê. Todas as mulheres ficaram eufóricas, inclusive as casadas. Fizeram fila nada indiana. Agruparam ao redor da noiva que de costas contou um, dois e arremessou no três. As mulheres atiraram-se atrás do buquê, eis que diz a lenda quem o pegasse seria a próxima a casar. De repente as casadas que engalfinharam-se atrás do arranjo estivessem mal casadas e quisessem outro casamento, sabe-se lá. As solteiras acotovelaram-se de forma, digamos, compreensiva, já que estavam queixando-se que não haviam “homens no mercado”, culpa da geração emo, sabe-se lá.
Mas a madrinha, a “mulher pra casar”, a escolhida, a eleita, ela não fez menção de alcançar o arranjo de flores. Sequer levantou o braço, sequer ergueu as sobrancelhas em direção parábola que o buquê traçou em sua trajetória, da mão da noiva em direção a mão da senhora que recebeu no colo o chumaço de flores, visto que a noiva errou o arremesso e atirou lateralmente as flores. Não importava. Roger queria ir embora. Ali, acabou a festa. Se admitia ficar com a madrinha, linda e elegante, jamais admitia andar de mãos dadas com uma mulher que não fazia questão de casar. Jamais dormiria com uma mulher que não fizesse esforço para alcançar um buquê de noiva.

Um comentário:

  1. ai to quase me enxergando neste conto.. enxergo tantas coisas.. tantas pesssoas

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