segunda-feira, 29 de março de 2010

massagens

Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Não creio. Acho que daqui a 2010anos, um raio pode sim, cair num lugar que já havia caído antes. Dizem por aí que esse mundo é pequeno também. Enfim, difícil mas, não impossível. Algo semelhante aconteceu com o Roger. E ele é bem mais novo do que a Terra.
Foram três. Eu disse uma, duas, três massoterapeutas. Massoterapeutas com certificado do Senac e tudo. Diplomadas no assunto. E todas ao acaso. Ao acaso da vida.
Eram mulheres fantásticas. Tinham um domínio do corpo, do sexo. Boas preliminares, bom pós sexo. Enquanto umas querem conversar, essas preferem massagear. Dez em cada dez homens preferem massagem do que conversa após o sexo. Foram tão profissionais naquele momento íntimo que massageavam em silêncio, para não perturbar o relaxamento do amante Roger.
E não gostavam de massagear pouco, de forma amadora, o que convenhamos, já me serviria. Queriam besuntar o pobre rapaz, com óleos, cremes deslizantes e cheirosos. Alguns, afrodisíacos, afirmavam. Desatavam nós, massageavam os pés, as mãos. E ele lá, estirado na cama, ronronando como fazem os gatos, saciados após uma boa digestão. Pensava o quanto custaria se fosse pagar por aquilo. Não deveria sair barata a hora trabalhada. Quase babava no travesseiro das massoterapeutas. Viciou. Depois da massagem, estava em ponto de bala de novo. Sempre que me contava dessas histórias, seus olhos brilhavam. Tentava me descrever, mas faltavam-lhe palavras para explicar. Pensou em colocar um agradecimento, num outdoor, no dia 25 de maio, dizendo:
- Massoterapeutas, um dia é pouco para vocês. Parabéns e Obrigado. Roger!
Exagerado. Mas, só não colocou mesmo por que não teve grana. Coragem teria. Dizia que era pouco, que elas mereciam mais.
Falando nisso, algum sabe o endereço do Senac nessa cidade?

terça-feira, 23 de março de 2010

um pequeno favor

A amizade é algo quase que inexplicável. Imagine que duas pessoas que nasceram em lugares diferentes, que não tem laços de sanguíneos, e que nunca se viram até então. De repente, se conhecem, conversam e tornam-se amigos para sempre. Sempre que conheço alguém penso que existem pessoas maravilhosas pelo mundo afora, e que simplesmente ainda não as conheci. Mas, se as conhecesse, seria amigo delas, pois são especiais, tal qual são meus amigos.
Na verdade, essa introdução visa agradecer ao Roger pela sua amizade. Um amigo pra todas as horas, para qualquer momento. Não foram poucas as vezes que vi o Roger pegando mulher feia para me ajudar a pegar mulher bonita. Dançar com a amiga da menina que estava ficando então, nem se fala. Tratava de mantê-la entretida, para que não quisesse ir embora.
Mas, o causo em questão foi outro. Quando uma amiga em comum precisou de um favor. Irritada com o assédio descarado de uma menina no seu futuro namorado, ela pediu ao Roger para que adicionasse aquela menina em seu MSN e fizesse com que ela esquecesse seu pretendente:
- Adiciona essa puta no teu MSN! Pega essa guria! Faz ela sumir da vida do fulano! - disse antes de bater a porta do quarto, irritada.
Meses se passaram. Mas, como pegar a ex ficante do rapaz sem que ele soubesse? E sem que a própria menina soubesse quem ele era?
- Oi. Kem eh vc? - perguntou ela após ser adicionada no MSN.
- Vi teu MSN no teu Orkut. Já te vi na rua. Resolvi adicionar, mesmo sabendo que você tem namorado. Algum problema?
- n. mas d ond tu me conhec? Tu tens Orkut? - perguntou intrigada.
Roger não sabia o que dizer. Mentiu como há muito tempo não mentia. E também pouco entendia do dialeto utilizado pela menina através do MSN. Respondia qualquer coisa, mudava de assunto com freqüência e a assediava de todas as formas, para que o assunto fosse apenas esse.
A menina dizia ser fiel. Roger sabia que ela não era, pois dava em cima do caso da sua amiga. Vencida pela curiosidade e pelo assédio, marcaram um encontro, sem compromisso. Deram uma volta de carro. A cada pergunta dela, uma mentira descarada. Roger estava se contradizendo como uma criança que quebrara uma vidraça. Tinha pouco tempo, precisava beijá-la. Roger sabia que ela não era fiel, visto que ficava com o possível namorado da amiga. E percebia-se tratar de uma mulher infiel. Estacionou o carro, numa rua deserta. Escurecia. Beijaram-se intensamente. Falaram pouco a partir de então.
Sentado diante do volante, Roger ajustou o banco, colocando-o para trás, obtendo mais espaço. Excitado, baixou a bermuda. Depois a cueca. Era o que bastava para que ela começasse um sexo oral. Aproximou-se do colo dele, segurou o membro pela base de o beijou. Depois o lambeu. Brincou um pouco antes de enfiar em sua boca. Anoitecia quando ela o fez gozar, alternado a masturbação, ora com a mão, ora com a boca.
Nunca mais se encontraram. Roger havia mentido o nome para evitar problemas para a amiga, e sequer anotou o telefone. A amiga já havia conquistado o rapaz. Namoravam feito dois pombinhos. Mas, Roger era um amigo pra todas as horas. Ainda mais para uma hora boa e prazerosa como essa. Mesmo que por poucas horas.

quinta-feira, 18 de março de 2010

crônica do roger (1)

Vou me arriscar por uma crônica. Uma crônica para tratar de um assunto que tem relação direta com o blog. Li esses dias, no site da globo.com, que a Fernanda do BBB 10 está com vontade de ficar com o Serginho. Ainda sobre o BBB, noutro site, vi que o lutador Dourado está com aprovação de mais de 50% e está muito perto de ganhar o prêmio do programa, estipulado em um milhão e meio de reais, enquanto que os demais dividem o restante da preferência. Ok, ok, crucifiquem-me! Assisto e gosto do BBB.
Bueno, para quem não assiste esse programa, uma das participantes, Fernanda, é uma dentista linda, inteligente, que depois que ficou sabendo estar SOLTEIRA tornou-se uma mulher incrivelmente sexy, inclusive despertando a inveja das outras mulheres confinadas. O Serginho é um... é uma bichona. Você olha para ele e não percebe um homem. Afeminado, parece que nem pau tem. Usa maquiagem, roupas justas e tem o corpo esquelético, sem bíceps, tríceps, sem ombros largos. Uma moça! Uma moçoila que adora falar de sexo, brincar com o sexo. Uma mulher que fica com o ele é quase que uma lésbica. E o Dourado faz o estilo BadBoy, gosta de malhar, mas é um cara articulado, inteligente. É feio, tem uma cara de cavalo, dentes tortos e um cabelo bizarro. E se afasta das reuniões quando o assunto é sexo!
Diante desse cenário, observo as mulheres. Dentro da casa, a carente e abandonada Fernanda, quase cedendo aos encantos (?) do gayzinho. Fora da casa, as mulheres do Brasil varonil encantadas com a masculinidade do gaúcho Dourado. Dois estilos de homens, que atraem as mulheres em situações distintas. De um lado a mulher carente, trancafiada numa casa por meses, traída pelos seus sentimentos, frustrada com seu antigo amor. De outro, as mulheres solteiras e casadas, que vêem no lutador um homem de pegada, chamando-o de "homem de verdade".
Entre eles, o Roger. Que não é um BBB, mas representa todos os outros homens comuns que temos por aí. Não luta, vai à academia para conseguir subir uma escada sem ter um infarto. Tenta jogar um futebolzinho e vez em quando. É contra a violência, não bate em ninguém, até mesmo por que talvez não conseguiria. Tem a sua pegada, mas ela não se revela através dos seus músculos. Tampouco é vaidoso, não usa maquiagem, não faz nenhum estilo, não pertence a nenhuma tribo, muito menos pertenceria aos EMOs. Não é veado, mas adora falar de sexo. Daí o Roger fica por aí, carente a abandonado, por essas mulheres que a cada dia querem uma coisa diferente. Entenderam, agora, o porquê dizemos que as mulheres são complicadas?

sábado, 6 de março de 2010

a mulher alface

Esses dias o Roger foi num boteco para assistir futebol no pay-per-wiew. Para não parecer abusado, pediu uma cerveja, já que não queria ficar assistindo a transmissão paga de graça. E cerveja gelada e futebol combinam com aperitivo. Até aí, tudo bem. Resolveu provar uma das especiarias da casa. Croquete de peixe. Croquete é bom, peixe é bom, fritura é bom. Quanto ’bons’ num petisco! Pediu!
- Quantos croquetes vem nesse prato?
- Vinte. Vinte mini-croquetes.
- Serve meia porção? - pergunta receoso.
- Não. Não servimos. - respondeu a moça com duas negativas taxativas na frase.
Não entendo por que não servem meias porções de algumas coisas. Como se fossem indivisíveis os croquetinhos.
- Posso levar pra casa o que sobrar? - questiona o mão-fechada.
- Pode. Eu embrulho pro senhor.
Embrulho: palavra mais feia que já digitei. Embrulhar. Palavra estranha. Tanto quanto a decoração do prato. Sob os croquetes de peixe fritados num óleo reutilizado pela enésima vez, uma linda folha de alface. A partir desse momento, ele perdeu o foco no jogo. Passou a admirar a cozinheira que na tentativa de dar uma função a alface a coloca como enfeite. As folhas da alface são bonitas mesmo. Porém a alface é pior do que o chuchu. Não tem gosto de nada, misturado com coisa alguma. Simplesmente uma verdura sem função. Imagino numa feira a cara de desdém do brócolis posicionado ao lado do alface. Ou então a onipresença das rúculas, preparando-se para, junto com o tomate seco, fazerem a diferença nas pizzarias da cidade. Ao lado, o alface, cabisbaixo. Em pouco tempo, não servirá de alimento, e será jogado para onde veio, para servir de adubo, talvez para uma rúcula, ou um brócolis.
Uma vez o Roger ficou com uma menina. Novinha, corpo durinho. Gostosa mesmo. Uma bunda que eram duas. Uma nádega melhor do que a outra. Alto relevo. Perfeita de corpo. Dezessete anos! Isso mesmo, dezessete. No show em que estavam, trocaram olhares, uma, duas, três vezes. Então o Roger fez algo simples, mas funcional. Com o dedo indicador apontou pra menina. Ela riu. Com o mesmo dedo apontou para sim mesmo. Ela sorriu. Com a cabeça, acenou algo. Ela acenou alguma outra coisa, como se consentisse. Aproximou-se. E fez aquele ritual de protocolo. Pegou. Beijos e tal. Foram para outra festa. Mais beijos, algumas cervejas. Daí cometeu um crime. Por que se a situação era consensual e aceita pela sociedade com relação ao sexo, dar bebidas alcoólicas a menores é crime e ponto final. Roger fora um criminoso naquela noite.
A levou pra casa. Estava ansioso para chupá-la. De olhos bem abertos para ver aquela menina contorcendo-se de prazer. E depois, quando esperava pela reciprocidade que geralmente ocorre nessas horas, ela disse que não fazia sexo oral. Não chupava. Achava nojento.
- Não faço isso. Não gosto. Acho nojento.
A menina era bonita, sexy, apertadinha. Mas, além de não terem assunto, ela não fazia sexo oral nele, embora gostasse de receber. Essa menina, sem orientação sexual, lembrou-me a alface, posta sob os croquetes, recebendo aquele óleo quente, que a fez murchar. Não serve para mais nada, além de embelezar alguma coisa, por que salada de alface sem gosto e mulher que não faz sexo oral não se deve comer.

terça-feira, 2 de março de 2010

a mesária

Uma das primeiras “profissões” do Roger foi ser mesário, nas eleições. Fora convocado para trabalhar nas eleições presidenciais, justamente como, vejam só, presidente de mesa. Sentiu-se honrado, importante. Participou de reuniões antes da eleições, preencheu ata, instalou urna, fixou cartazes. Foi um digno representante da sociedade no processo democrático. Ganhou um vale alimentação e folga no seu emprego, para descansar durante a semana. Preço do vale alimentação: 10 pratas. Torceu pelo segundo turno.
Comandou mesários, secretários. Tudo isso aos dezoito anos. Estava orgulhoso. No primeiro turno, nervoso, fez a barba rala e foi até a sua seção. Colocou a melhor e única camisa que tinha. Não dormiu direito na noite anterior. Lera que poderia dar voz de prisão, caso alguém tivesse um comportamento inadequado no recinto.
- O senhor está preso! - sonhou. Acordou apavorado, rezando para que nada fora do contexto acontecesse.
Pela manhã, no café, releu as instruções. Foi cumprir sua tarefa. Chegou cedo. Esperou pela chegada dos mesários. Quem seriam eles? Tinha os nomes em mão, mas não fazia idéia de quem eram.
- Bom dia! - disse o mesário, único homem da lista, e primeiro a chegar.
Minutos depois, chega a secretária. Uma senhora, casada, com cabelos loiros amarelados, desses que até mesmo o Roger percebia não serem cabelos naturais. Dez minutos depois, chega a outra mesária. Uma mulher com cabelos crespos, casada, mãe de dois filhos. Já não tinha o corpo de uma menina, longe disso. As duas gravidezes foram implacáveis àquela morena de rosto bonito. Todos já se conheciam, já haviam trabalhado nas eleições municipais, dois anos antes. Roger era a única novidade, naquela equipe.
Eleição tranqüila. Seção mais tranqüila ainda. A mesária loira havia levado café, com um bolo feito nas formas redondas. O mesário, precavido, levou uma mateira. A mesária morena, levou chocolates. Roger não levara nada, talvez por que não tenha pensado nessas coisas, preocupado que estava com o andamento da votação. Aproveitaram o andamento da votação para conversar bastante.
Descobriu que a mesária morena, tinha dois filhos, que tinha 25 anos, que o relacionamento conjugal já não era como dantes. Carente, fazia críticas ao matrimônio. Tampouco fazia questão de esconder suas escapadelas. As conversas fluíram de forma impressionante, de forma a ruborizar a face do jovem rapaz. Na mesma hora, percebeu sua malícia, ao pedir carona, na hora do almoço.
- Tu tá de carro? - perguntou a mesária morena.
- Sim. - respondeu tímido.
- Me dá carona? Moro pelo caminho. - disse despudoradamente, com um sorriso safado no canto da boca.
Foram almoçar. Tinham menos de uma hora. Dentro do carro, ela ataca o rapaz.
- Nós não vamos pra casa direto, né?
A pergunta era a deixa para levá-la para uma estrada de chão, nas proximidades, onde tinha pouco movimento. Sem tempo para conversas, beijaram-se e despiram-se somente o necessário. Ele desabotoou a calça jeans, mais nada. Ela levantou o vestido cumprido que usava, baixou a calcinha, e mais nada.
As rapidinhas tem o seu valor. Ainda mais em uma situação como essa, onde a falta de tempo, somadas ao tesão da ocasião eram os fatores preponderantes. Ele não sabe bem precisar o tempo, mas crê em torno de 5 minutos, exageradamente falando. Depois, vestiram-se e foram almoçar.
A tarde, ela foi a última a sair da seção. Era uma mesária dedicada. Ela queria mais, queria marcar algo. Ele não queria rolos com mulheres comprometidas. E ainda tinha de levar o disquete até o Cartório Eleitoral. Mas, ambos queriam o segundo turno. E os candidatos ao governo do Estado proporcionaram um novo encontro e mais dez reais no bolso do jovem Roger.
No segundo turno, Roger já sentia-se um veterano em eleições. Até dormiu bem na noite anterior. O eleitor tinha de apertar dois botões, para colocar o número do candidato, e depois o verde. Pronto! Fácil. Não tinha como algo dar errado, e não deu. Seção vazia, pacata. Na hora do almoço, Roger ofereceu:
- Vai precisar de carona hoje, de novo? - perguntou faceiro, como um guri com uma bola nova embaixo do braço.
- Hoje não, meu marido vem me buscar.
Não seria daquela vez. A tarde passou de forma lenta, arrastada. Repensou sua participação na democracia brasileira. Pesou os dez contos que ganharia, enquanto que seus amigos jogavam bola na praça, perto da sua casa. Aquela negativa, por parte da mesária morena, soou como uma voz de prisão a um militante fazendo boca de urna. No final do dia, ela foi a última a sair. E deixou um bilhete, com o número de celular, com uma frase abaixo que dizia: “Me liga terça, depois das 6”.
Depois, voltou e perguntou:
- Tu gostas de leite condensado?
- Gosto.
Terça feira, seis hora da tarde, ele liga. Ela atende. Explica que o esposo saía pra trabalhar a tardinha, já que era vigia noturno e só voltava pra casa, no outro dia, pela manhã. Marcaram um encontro para quinta feira, já que na quarta ele folgaria. No dia combinado, na hora combinado ele a apanha, de carro.
- Oi.
- Oi. Passa naquele mercado, antes de irmos para o motel? - solicita ela.
- Claro.
Ela desce e volta com uma embalagem de leite condensado. Naquelas embalagens Tetra Pak.
- Vou te chupar como ninguém nunca te chupou antes. - diz ela, sabedora da pouca idade e experiência do guri.
De fato, ela tinha razão. Poucas vezes havia recebido sexo oral. Nunca havia recebido sexo oral com leite condensado. Ela espalhou a guloseima pelo corpo dele. Pelo peito, mamilos, barriga, umbigo. Espalhou também pelas pernas, coxas, virilha. Guardou uma dose generosa para o pau. Lambeu tudo. Tarada por sexo oral, tarada por leite condensado. Transaram o restante do tempo estipulado pelo motel. Na saída, Roger perguntou:
- Não vai levar o resto do leite condensado?
- Não. Deixa aí.
- Não. Eu vou levar.
Roger a deixou perto da sua casa. Viram-se somente mais uma vez, num evento. As crianças, o marido e ela. Pareceu um bom pai, o pobre marido traído. Cumprimentaram-se discretamente. Depois, nunca mais se encontraram.
No dia seguinte ao motel, a tarde, Roger fez pipoca, e, rindo sozinho, terminou de vez com o leite condensado e com aquela história. A história da mesária tarada por leite condensado.