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terça-feira, 3 de abril de 2012

textículos

Tudo tem um lado ruim
O marido chegou em casa as três da matina, um tanto trôpego e honestamente embriagado. Acordou a mulher que dormia o sono leve dos desconfiados. - Onde estaria o marido?, pensava ela, justo ele que andava com dificuldades intensas de honrar suas atribuições matrimoniais, ou num linguajar mais chulo, não comparecia, sexualmente falando.
- Querida! – gritou o beberrão, quase que ao acordar os bebezinhos no quarto ao lado. – Tenho duas notícias pra te dar.
Ela grunhiu, tentando fingir um sono profundo, mas demonstrando pouca disposição ao diálogo.
- A primeira é que não sou mais broxa.
Ela abriu os olhos e inclinou o pescoço observando o esposo desequilibrado que tinha dificuldades em desvestir as calças.
- E a segunda é tu fostes traída.

***

O cravo
O cravo deve ter brigado com a Rosa ou com quer que seja quando ela tentou esmagá-lo com as suas unhas. É um direito de qualquer cravo nascer, crescer até secar e morrer no corpo de qualquer homem. Li na constituição dos cravos e espinhas.
Pois dias desses senti um cravo sendo furuncado em minhas costas. Primeiro uma unha, raspando e o fazendo sofrer, quem sabe até sangrar. Depois senti outra unha solidária tentando esmagá-lo, numa demonstração feroz de covardia: duas garras compridas e afiadas apertando com unhas e dentes um pobre cravinho.
Doeu. Doeu muito. Somos sensíveis a dor.
Do pseudo cravo levantou um naco. Na verdade uma casquinha, que parecia um casco. O cravo pulsava. Foi quando a dona da unha foi observar o último suspiro do cravo esmagado:
- Ops! Não era um cravo. Era um sinal.
Quem tem namorada com garras não precisa marcar hora com dermatologista para arrancar um sinal.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

a caixa preta

Desde que optou por se envolver com mulheres casadas, Roger sabia o que teria pela frente. Desenvolveu uma das maiores virtudes que um homem pode ter: ouvir a mulher. Roger ouvia todas elas. Sem pressa. Prestava atenção, olhava no olho, respondia, questionava, dava conselhos. Isso o diferenciava dos maridos ausentes. Claro, também procurou seu gerente no banco e fez um seguro de vida, pois os riscos iriam aumentar consideravelmente.
Não era um garoto de programa, embora recebesse presentes invariavelmente. Não rejeitava, pois camisas e camisetas sempre são bem vindas. Recebia cuecas também. Certa vez recebeu uma de elefante, com uma tromba na frente. Noutra ocasião, uma vermelha do Super-Homem. Agradecia, olhando nos olhos, e com sinceridade dizia que presentes eram desnecessários. O que ele queria mesmo era sexo sem compromisso. E mulheres casadas não podiam se envolver.
Ser o Ricardão lhe proporcionou um aprendizado que nenhuma faculdade lhe ofereceria. Aprendeu como tratar uma mulher. Mulheres cansadas das atitudes - ou da falta de - dos esposos lhe deram essa lição.
As reclamações variavam desde um mero sexo oral. Haviam os que só gostavam de receber. Homem egoísta é um problema, mas haviam os que acreditavam que sexo oral não era algo que uma esposa decente devesse fazer no seu marido. Enfim, as esposas sagradas não pensavam o mesmo, e procuravam o Roger para chupá-lo.
Tinham os namorados cornos também. O corno namorado é um tipo de homem incompetente. Sim, pois uma coisa é o corno velho, cansado da vida monótona oriunda de um matrimônio enfraquecido. Outra, é um namorado, fruto de um relacionamento recente, que prefere ficar na frente do Playstation jogando joguinhos. Outra é um namorado que prefere ficar em casa vendo televisão a sair com namorada para tomar uma cerveja que seja. As mulheres evoluíram, e cansadas de serem mal tratadas, procuram os Roger’s para se satisfazerem, não apenas sexualmente, mas como mulher.
A caixa-preta é extensa e tem histórias de mulheres desconfiadas da masculinidade do seu “macho”. Caras com atitudes, no mínimos, suspeitas, amizades estranhas, e uma falta de apetite sexual com a parceira, merecedoras de um par de guampa.
O que eu não entendo e o Roger não faz questão de entender é o porquê essas mulheres continuam a mercê destas relações. Que relação é essa onde a mulher prefere abster-se uma vida conjugal feliz para continuar um relacionamento com otários que as destratam, que as deixam em completa abstinência.
Essa resposta, talvez eu encontre, em outra caixa-preta, ainda inacessível a mim.

terça-feira, 5 de julho de 2011

diálogos modernos

As vezes faço um exercício. Um exercício de me imaginar no passado. Na época em que não havia telefone celular e internet. Não é uma época tão distante, mas essas ferramentas são tão influentes e intensas atualmente em nossas vidas que nem percebemos que a tecnologia atropela o tempo. Essa modernidade deu início a novos problemas, novos conflitos, sobretudo em pessoas menos seguras de si:
Antes, os traidores mal intencionados que namoravam saiam da casa da namorada ou namorado e ouviam a seguinte recomendação:
- Amor, me liga quando chegar em casa.
Daí o cidadão tinha que atravessar a cidade, ir para casa, ligar para a(o) namorada(o), falar coisas fúteis, do tipo ‘chegou bem?‘ ou românticas tal qual ‘sonha comigo‘, para só depois tornar-se um traidor livre e sair noite afora. Embora a(o) namorada(o) pudesse ligar para o telefone fixo na madrugada, seria improvável que o desconfiado quisesse acordar a todos na residência, num gesto deselegante. Então, um cara esperto criou o telefone móvel. Então, os traidores poderiam ficar encurralados, já que poderiam ser encontrados em qualquer lugar. Lembram da piada do português que atendeu o telefone celular no motel e ficou indignado com a esposa, que o encontrava sempre que estava com a amante? Bem, a piada já teve graça na época dos tijolões das Motorola. Porém, os traidores que queriam a liberdade, buscavam um lugar calmo, quieto, para falar as mesmas baboseiras que os enamorados falam, para só então, rumarem em direção a sem-vergonhice. Já ouvi falar de um puteiro com uma sala a prova de som, para os traidores ligarem para casa e comunicarem a esposa que já estão indo dormir com os anjinhos, quando na verdade as diabinhas o esperam do lado de fora da cabine.
Bastou que um problema se resolvesse, para outro surgir, com mais força:
- Amorzinho, quando chegar em casa, entra no MSN.
Então o indivíduo, após horas de trabalho, horas de estudo, depois de fazer sala na casa da namorada, conversando com a sogra, assistindo a novela das onze, que termina tarde demais, sem tomar uma cervejinha, sem flertar com mais ninguém, sem nada de interessante, tinha que chegar em casa, conectar no MSN, pra dizer algo do tipo ‘oi’, ‘cheguei bem’. Só depois de desligar o computador que ganhavam a liberdade.
Daí algum ilustre cidadão emérito fez com que fosse possível conectar ao MSN pelo celular. Só então, os sem escrúpulos tiveram a liberdade móvel que sempre sonharam. Poderiam conectar no MSN, Skype ou qualquer outro meio de conversas instantâneas de qualquer lugar, até mesmo de uma balada. Porém, quando imaginaram que teriam a tão sonhada liberdade, quando acharam que fariam aquilo que lhes dessem vontade, mulheres e homens mudaram, ficaram carentes. E tornaram-se dependentes do MSN, dependentes da conectividade ininterrupta desses programas.
Agora, é necessário conectar no MSN e permanecer conectado. Tem que ter vontade de teclar por horas a fio, falando qualquer coisa. São as pessoas carentes de atenção que acham normal ficar conectado e teclando por horas. Chamam a atenção, ficam magoadas se você não responde, querem respostar compridas, orações com verbos, pronomes, advérbios e adjetivos. E por bastante tempo. E não basta ficar conectado, tem de responder, conversar. E não basta querer dormir, tem que conectar, mesmo que não haja assunto. É possível que alguma metade peça a imagem da webcam para ver a outra metade da laranja pegar no sono.
- Oiiiiiieeeeee. Tudo beeeeem? - perguntam alegremente, percebe-se pelas vogais.
Porém, as opções de respostas são perigosas, e na visão feminina já determinam como você está naquele dia:
1) - Estou bem e tu? - significa que você está disposto, alegre. Logo, você teclará por muitas horas ainda, a não ser que a conexão fique com problemas. Dica: alegue problemas na conexão e, se possível, processe o provedor.
2) - To bem e tu? - a utilização do ‘to’ ao invés do estou não quer dizer muita coisa, mas só o fato de abreviar palavras ao economizar duas letras significa que você está menos alegre do que na opção anterior. Dica: arranque algumas tecla do teclado e queime-as.
3) - Bem e tu? - agora, na visão feminina, o homem já demonstra mau humor, pouca vontade de conversar e indisposição com a relação. Dica: desde o princípio da relação utilize esse linguajar.
4) To e tu? - imaginam elas que a relação está indo por água abaixo, próxima do derradeiro final. Dica: Vá em Barra de Ferramentas, Painel de Controle, Excluir programas, Excluir Messenger.
5) To. - acredito eu que corresponda a uma traição na visão feminina. Jamais faça isso, pois você pode não ser perdoado. Dica: fique solteiro se não quiser teclar.
Enfim, a tecnologia que encurta as distâncias, nos torna cada vez mais dependentes. É um ciclo que se fecha sufocantemente, pois a tecnologia nos persegue, pois as vezes apenas não queremos teclar.



Certa vez escrevi sobre as risadas de MSN. Excluí o texto quando achei esse vídeo na internet.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

o pacto

Proponho um pacto universal: as mulheres solteiras, a partir de agora, só podem ficar com caras solteiros. Por uma questão de justiça, e não de fidelidade. Vejam só: eu saio de casa, pago dez, quinze, vinte reais para entrar numa balada, e volto pra casa sem pegar nada. Um cara comprometido deixa a mulher em casa, vai numa festa, paga o mesmo que eu, mas pega, sai acompanhado.
Isso é triste.Lamentável.
Isso é culpa da mulherada. Assim como dinheiro chama dinheiro, mulher chama mulher. E os solteiros que se fodam. Se houvesse uma forma desse pacto surreal dar certo, aposto em vários desquites nos dias subsequentes. Vejo muitos relacionamentos de conveniência, por acomodação ou por interesses. Com um pacto que favoreça os menos favorecidos - entenda-se, nós solteiros - haverá uma distribuição mais justa dos relacionamentos. Totalmente socialista eu. O prazo de validade desse pacto seria até eu deixar de ser solteiro, onde, obviamente, teríamos que rever esse pacto, que, admito, poderá não ter o mesmo fundamento que tem hoje.
Nesse momento tem vários cientistas austríacos ou dinamarqueses estudando de onde vem esse interesse das mulheres pelos homens comprometidos. Ou seria desinteresse pelos solteiros? Não vem ao caso, deixemos.
Uma vez li que colocaram um macaco numa jaula e soltaram três macaquinhas na mesma sala. Elas ficaram fofocando. Então eles colocaram um cartão de crédito na mão do macaco e elas queriam invadir a jaula.
Não, não!, me confundi, não era bem isso.
Colocaram uma aliança no dedo do macaco, isso sim. Daí as fêmeas enlouqueceram. Dizem que tinha uma que dançava fanque (sic) roçando a cola na grade. Falam de outra que jogava os pelos de um lado a outro da cabeça querendo chamar a atenção.
A recíproca é necessária? Não creio.
Já homens não gostam de mulheres casadas. Comemos, sim senhoras, as senhoras. Mas, por carência. Uma vez que as solteiras estão assoberbadas com relacionamentos com homens comprometidos, resta-nos as casadas. E isso é um problema, pois somos mais éticos. Bem pouco mais, é verdade.
Se colocassem três macacas numa jaula, uma casada dançadora de funk, uma macaca casada usando um tomara-que-caia e outra macaquinha sem graça totalmente solteira, o macaco iria atrás da descompromissada, compraria um tomara-que-caia pra ela e a levaria num baile funk. É mais prático, mais simples. Além do que não precisamos competir com os outros macacos machos.
Parágrafo único do pacto: os traidores poderiam trair com as traidoras. Solteiro com solteira, traidor com traidora. Aposto que quando esse pacto entrar em vigor, minhas festas serão mais promissoras.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

a doadora universal

Tem mulheres que nasceram para encantar os homens. Mulheres que vão além da beleza esculpida num par de pernas, num par de seios ou numa boca carnuda. São mulheres que exalam um cheiro sedutor, exprimem um charme hipnotizante e fazem sexo com uma perfeição apaixonante. Sim, tem mulheres que nascem e crescem com a capacidade natural de destruir um homem de paixão. Mesmo depois de casadas.
Quando era guri ouvi de algum gaiato que uma mulher pode destruir um homem de colherinha. Nunca entendi bem o que quiseram dizer, mas até hoje me sinto amedrontado.
Era o caso da doadora universal. Exato, seu tipo sanguineo era o ó positivo. Mas, também era conhecida como doadora, tamanha bondade e capacidade em doar o que é seu. Desde moleca, nunca seguiu as rígidas regras da sociedade conservadora em que viveu. Começou cedo, mas desde muito antes estava pronta. Não precisou que ninguém ensinasse o be-a-bá. Nascera alfabetizada na arte de enlouquecer um homem na cama.
O primeiro homem foi o Rogerzinho, rapaz bonito, tísico, puro. Nem pentelhos tinha quando a doadora resolveu dar pra ele. Nem preciso dizer que o rapaz repetiu de ano naquela época. Esqueceu do mundo. Passava horas deitado, olhando para o teto. Depois que suas ligações não foram atendidas, seus mensagens não foram respondidas, Rogerzinho começou a desconfiar que o feitiço havia lhe atingido, e ele nada poderia fazer. Certeza teve mesmo quando encontrou com ela. Andavam pela mesma calçada. Lá vinha ela, saia rodada, mochila nas costas. Quando o viu, ela atravessou para o outro lado da rua. Rogerzinho estacou feito um poste. Estaria ela fugindo dele? Ledo engano. Ela estava atravessando a rua para logo em seguida dar um beijo de língua no João, o zagueiro central do time do ensino médio. Foi um beijaço, daqueles de novela, mas com língua. A doadora sumiu no corpanzil do zagueirão, que a levantou girando enquanto enfiava a língua naquela boca doce que numa tarde havia sido do Rogerzinho, que ainda pode ver as polpas dos glúteos da doadora durante o rodopio. Macho que era, segurou o choro até o portão de casa. Mas, antes mesmo de abrir a porta do quarto, já estava aos prantos no chão da sala.
E assim foi com todos. Sem exceção. O João, zagueiro que estava sendo observado pelo Progresso, um time amador da região, também foi vítima da doadora. Desesperado, passou a usar drogas. Prematuramente teve sua carreira interrompida por causa de outras carreiras.
Um por um, dia após dia, todos rapazes do bairro foram sendo derrubados pela doadora. Num dia o flerte, no outro o sexo e no outro, o esquecimento. Todos ficavam no vácuo.
Uma vez, um senhor, cansado de ver seu filho choramingar pela doadora, foi buscar uma explicação, procurar resolver a situação. Chegou num carro importado, se apresentou apertando a mão e depois não lembra de mais nada do que foi tratado. No carro, voltando pra casa, cheirou a mão direita e decidiu: teria de ver a doadora novamente. E sob qualquer pretexto, a encontrou na rua, ofereceu carona e em pouco tempo recebeu o melhor sexo oral da sua vida. Só não gozou pois acabou batendo o carro numa árvore. Irritada com o susto do choque e com a pancada que sofrera ao bater a orelha direita no volante, a doadora desceu do carro e foi para casa, para desespero do pai que passou a choramingar pelas ruas da cidade enquanto em dirigia seu carro importado e amassado.
Depois que casou por amor a conveniência com um empresário bem sucedido, a doadora tratou de continuar a sua saga. Continuou a sua vida pregressa. Um por um, todos apaixonados. Destruiu casamentos, vidas amorosas, fez lotar agendas de psicólogos. Era a melhor foda na vida dos homens que tinham o prazer de tê-la. Era a segunda melhor foda daqueles que tinham o prazer de tê-la por duas vezes. E assim sucessivamente. O marido empresário, se desconfiava, acabava por aceitar sua cornitude, afinal, era ela uma doadora universal.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

o corno labrador

Conheço um cara que foi corno. Na verdade, conheço vários, mas esse tem uma peculiaridade especial: foi traído por um grupo de amigos. Não amigos dele, mas quatro amigos meus, colegas de faculdade. As mulheres traidoras e sem um pingo de piedade não foram as mesmas, o que não diminui a mansidão do traído.
Foram vários casos, que explano rapidamente. O mais grave era conhecido do corno, mas sucumbiu as belas pernas da traidora. Não tinha amizade, mas o cumprimentava e sabia o seu nome. Os outros amigos, cometeram adultério com uma outra namorada do corno, o que prova a sua grande capacidade de atrair um par de chifre. O cornudo tinha bom gosto, já que todas as três namoradas infiéis eram espetaculares.
Quando o quarto amigo em comum conseguiu ficar com a mais bonita bixo da faculdade, num churrasco de confraternização, ninguém imaginava que ela namorava o bendito, que assim, colecionava o quarto chapéu dentre aqueles colegas de faculdade. Durante a semana que seguiu o acontecido, lá estava ele, acompanhando a nova universitária até a porta da faculdade. De mãos dadas com ela, e na outra mão, uma corrente que terminava na coleira envolta no pescoço do labrador. O labrador é um bom amigo, cachorro manso, no caso, tal qual o dono. E todos os dias da semana a tardinha, chegava o corno, a bixo e o labrador.
Pois bem, a situação pouco peculiar se deu no estádio Bento Freitas, num jogo amistoso do Brasil de Pelotas. Sabem esses jogos promocionais, onde o novo patrocinador divulga sua marca? Pois adivinhem quem carregava um saco de estopa, lotado de camisetas do patrocinador? O corno labrador. Subiu a porta do vestiário em direção ao gramado acompanhado de duas modelos, que de metro em metro retiravam camisetas do saco de estopa e atiravam com delicadeza sobre os alambrados do estádio. Para delírio da torcida Xavante, fizeram uma volta olímpica, distribuindo os brindes promocionais. Aquela multidão corria e se atirava na tentativa de alcançar as camisetas. E quando chegaram em frente ao lugar onde eu estava, as camisetas que já haviam rareado, definitivamente acabaram, poucos metros antes dos 360° completos.
As modelos ergueram os braços, e espalmaram as mãos para o céu, num gestual de quem explica que algo acabou. Fizeram beicinho e tudo, lindas que eram. Ele abriu o saco e mostrou que estava vazio, e com o indicador positivando para baixo, demonstrou que não haviam mais brindes no vestiário. A torcida que estava em pé, assistindo a toda a volta olímpica e aguardando ansiosamente a oportunidade de levar uma camiseta pra casa, imediatamente começou a gritar:
- Cooorno! Cooorno!
Envergonhado e sabedor da verdade, não gritei. Me sentei na arquibancada e aguardei o início da partida. Corno todos podemos ser, faz parte. Mas, ter um estádio cheio gritando uma verdade dolorosa que nem essa, tendo sido traído por colegas da mesma sala de aula, é uma peculiaridade para poucos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

déjà vu

Quando o casal entrou no restaurante, Roger já estava lá. Era uma confraternização da empresa na qual trabalhavam. Mas, Roger jamais iria imaginar que iria passar por uma situação embaraçosa como essa. Ele tinha quase certeza que já havia comido a mulher do novo colega de trabalho.
Alguns devem estar pensando que isso poderia ocorrer com qualquer um, que o Roger não imaginou um dia trabalhar com o colega recém admitido, que eles ainda não se conheciam. Porém, friso eu, Roger não lembrava onde havia se consumado o fato, também não lembrava como havia conhecido a esposa do colega, e tampouco detalhes do caso. Tinha apenas uma certeza: ela era casada quando eles saíram juntos.
- Boa noite a todos!
- Boa noite! - responderam todos.
- Essa é minha esposa. - disse apontando em direção dela, com o braço direito sobre o ombro e o esquerdo gesticulando como se estivesse apresentando um espetáculo.
E era, afirmo eu. Gata, mas gata mesmo! Usava aparelho nos dentes, o que a deixava com ar mais jovial. Havia colocado há pouco tempo, provavelmente, já que ajeitava os lábios sobre o aparelho a todo instante. Ela, um pouco tímida ao ser apresentada a todos de uma só vez, recebendo todos os olhares, não havia percebido que o Roger estava ali, talvez porque ele estivesse escondido dentro da taça de vinho tinto que saboreava. Por um instante Roger temeu que a situação se agravasse e estivéssemos diante de um incidente diplomático caso a moça fosse apresentada individualmente para cada um em torno das mesas que já acomodavam mais de vinte pessoas. Mas, a apresentação foi coletiva e o casal logo tratou de sentar do lado oposto. Como haviam chegado por último, o colega sentou na cabeceira da última mesa, e ao lado dele, do outro lado da mesa, no canto oposto, a deusa em forma de pecado. Roger queria ir embora, acanhado que estava. Cessou as suas piadas, calaram-se as suas histórias.Não debruçou-se na mesa para que a ex amante não o visse. Recostou-se na cadeira e assim permaneceu até o fim da noite. De corpo presente, e com a memória no passado. Revirou baús dentro do cérebro e não achava respostas para lembrar de onde havia conhecido aquela mulher. Se perguntava como? Onde? Não encontrava respostas. Espiava a moça de rabo de olho. A imagem era clara, já haviam ficado.
Durante a janta ainda, aos poucos, a memória lhe apresentava um balanço do que havia acontecido. Lembrou que fora em outra cidade. Mais tarde lembrou que ela fumava. Depois lembrou que foi numa festa. Depois lembrou que estavam bêbados.
- Pessoal, quero propor um brinde! - disse o chefe. - Um brinde a nossa equipe de trabalho. Em anos de empresa, eu nunca havia trabalhado com um grupo tão bom, tão qualificado, capaz. Parabéns aos que conseguiram ótimos resultados nesse semestre e àqueles que estão chegando ao nosso time!
Maldita aquisição, pensou o Roger. Era o único solteiro da turma, gostava de todos, era querido por todos. Só faltava essa agora, “um corno como colega de trabalho!”, esbravejava em pensamentos. E o guampudo era um gente boa, competente, educado, trabalhador. Mas, corno!
Roger foi pra casa pensando em pedir férias. Um mês longe de casa ajudaria a esquecer essa situação. São raros eventos profissionais com a família, seria possível suportar a traição que havia proporcionado ao colega. Roger já havia traçado mulheres casadas, mas jamais mulheres casadas quando ele conhecia o marido. Era ético. A sua maneira, é claro.
Férias, Um mês de férias no nordeste! Festas, bebidas e mulheres por 25 dias. Inveja do Roger. Gastou menos do que queria, mas muito mais do que podia pagar. Na volta ao trabalho, no refeitório, almoçou com o colega novo:
- E aí! Como foram as férias? - perguntou o inocente.
- Excepcionais. Até num cruzeiro eu fui. Comia cinco vezes por dia, mulherada fácil, não dava vontade de voltar a trabalhar.
- Pois eu e minha esposa já fizemos um cruzeiro. Mas, era um cruzeiro romântico.
- Hum. - resmungou ao lembrar da esposa e ex-amante.
- Só tivemos um problema.
- Qual?
- Levamos a minha cunhada. Era uma promoção, e só dois pagavam, e aí...
- Sua esposa tem uma irmã? - interrompeu o Roger, mesmo com a boca cheia.
- Sim, gêmea.
Era a salvação, vibrou ele. Foi um engano. Graças ao Santo Protetor dos Cafajestes e Sem Vergonha na Cara. Era a irmã e não a esposa do colega de trabalho. Relaxou, retirou um peso das costas. Ficaram amigos, conversavam bastante, sobre tudo. Havia quebrado o gelo da discórdia.
- Roger, quer ir almoçar lá em casa na sexta-feira santa? - convidou o colega.
- Almoçar? - perguntou ele um tanto receoso.
- Sim. Almoçar. Sei que você é solteiro e garanto que não existe miojo de peixe. - brincou.
- Não ligo para essas coisas.
- Vai fazer o que em casa?
- Tá bem, apareço por lá.
No almoço, aquela mesma sensação incômoda. A sensação de já ter encontrado aquela mulher em algum lugar. Procurou por fotos da cunhada. Imaginou que se fossem gêmeas, ao menos parecidas seriam, e assim resolveria o problema. Mas, nada de fotos. Só peixe assado e vinho branco. Almoçou, conversou um pouco e foi embora. A pulga ainda continuava atrás da orelha. Mas, ela fora tão indiferente perante a sua presença que talvez estivesse enganado, talvez fosse apenas aquelas sensações que temos quando passamos por uma situação que parece-nos já ter ocorrido.
No sábado, ele recebeu um torpedo esclarecedor:
- Oi. Ainda tinha seu número aqui. Adorei rever você. Apareça para almoçar mais seguido. Hehehe. Bjs

terça-feira, 1 de junho de 2010

homem de confiança

O Roger era daqueles caras que entrava num lugar e ganhava a simpatia de todos. Não tinha inimigos, estava sempre de bom humor, rindo de tudo, brincando com todos. Simpático como poucos. Tenho certeza que se um dia eu chegasse em casa, cansado do trabalho, e o visse sentando na minha sala, assistindo televisão e segurando o meu controle remoto, zapeando nos canais de esportes, e a ele fosse apresentado como sogro, ficaria orgulhoso, seguro que a minha filha teria feito uma boa escolha. Cara camarada, conversador, inteligente, culto e com um humor refinado. A noite, comentaria com a patroa:
- Acho que agora a fulaninha fez uma boa escolha, né? - diria convicto que meu genro Roger seria um marido e um bom pai.
Lego engano, caros leitores. Ainda bem que não tenho filhas. Diferente de mim, Roger não era fiel. Muito pelo contrário, era um aventureiro nato. Sempre que podia, dava uma escapada. As namoradas, claro, não mereciam. Se desconfiavam, faziam tal qual a maioria das mulheres, tapando o sol com a peneira.
- Roger, essas são as chaves da casa. Essa é a do portão. Vem cá... Essa é a senha do alarme. A chave do carro fica escondida aqui. A casa é tua, pode usar, dormir aqui. Só alimenta o Bethoven e troca a água dele. - disse o sogro, antes de partir em viagem no feriadão.
- Não vou usar nada não, mas venho aqui cuidar dele. - falou como um bom moço.
Desta vez ficou sensibilizado. A família toda da namorada iria passar uns dias em viagem. Deixaram ele como responsável pela casa, para acender luz, apagar luz e cuidar do cachorro de estimação da família. Disse que desta vez, não iria aprontar. Ao menos na casa que estava sob sua responsabilidade.
No dia seguinte ao da viagem, pode finalmente, reencontrar uma velha amiga, que queria uma tarde de sexo. Eram muito novos quando transaram pela primeira vez, ambos inexperientes. O tempo havia passado, ela crescido de forma curvilínea. Tarde boa, de sexo. Mulher boa, de sexo. Saiu da casa dela e resolveu que durante o resto do tempo, até o retorno da amada, andaria nos trilhos.
A noite, uma festa de formatura. Andava de cabisbaixo, evitando cruzar olhares com aquelas mulheres maravilhosas que estavam na festa. E mulheres ficam lindas usando vestidos longos. Até mesmo as que não são lindas.
- Roger, minha amiga quer ficar contigo.
O trem havia descarrilhado. Não queria, não podia, mas a oportunidade surgiu. Como pode acontecer isso? Não olhou para ninguém, queria ser sério àquela noite, já que naquela tarde não havia sido.
- Quem é ela?
- Aquela!. - disse a amiga apontando com os olhos.
A casa caiu mesmo. Linda, gostosa, perfeita. “Agora fudeu!”, pensou. “Fico ou não fico? Fico ou não fico? Vou ficar.”
Ficaram e ele a levou para casa. Não para a dele, que morava longe e com os pais. Levou para casa do sogro, que morava perto e que não estava em casa. Na sala, muitas fotos. Fotos do sogro, da sogra, da namorada e do resto da família.
- De quem é essa casa? - perguntou a moça enquanto olhava os retratos.
- De um amigo. Eu cuido quando eles viajam.
E ali, na sala, sob olhares incrédulos da família toda, transou com a moça gostosa. Exausto de uma tarde de sexo, e envergonhado dos olhares que vinham dos porta-retratos.

terça-feira, 4 de maio de 2010

mulher Roger

Existem dois tipos de mulheres que é impossível ter um relacionamento. Com as mulheres chatas e com as mulheres burras. Não tem como. Mulher chata, que passa dos limites, mulher autoritária, dona da verdade. Mulher que pega no pé, que incomoda, que é ciumenta em excesso. Estou percebendo que mulher chata abrange um monte de chatisses. Enfim, quanto menos aporrinhar é melhor. E mulher burra, nem se fala. É mais fácil de explicar, mais simples de entender. A mulher tem que ter conteúdo, fundamento. Bom papo é cada vez mais importante numa relação. Diria que o bom papo, a boa conversa, é inversamente proporcional a vida sexual do casal. Apenas, imagino que seja assim. Não vejo dois velhinhos de 80 anos trepando sem parar, em todos os cômodos da casa. A imagem que me vem a cabeça é de um casal, com os cabelos brancos, balançando numa cadeira bem confortável. Isso é foda! Os dois conviveram por 60 anos, ou até mesmo 50 anos, e ainda conseguem trocar frases, dialogar. Isso é muito mais difícil do que fazer sexo por 60 ou 50 anos. Assim, diante de meus próprios argumentos, acredito que uma boa companhia, um bom papo é algo importantíssimo.
Existe um tipo de mulher que nenhum homem consegue comer duas vezes seguidas. A mulher fresca. Mulher que tem nojo de sexo, do cheiro do sexo. Mulher que tira a calcinha, dobra e coloca sobre um móvel, para não deixá-la no chão, que contém impurezas. Pro inferno com essas frescuras! Frases típicas de mulheres frecas: “Hoje não quero”; “Hoje não posso”; “Assim não”. Quase todas no negativo, percebe? Isso vai afastando os homens. Ou então aquelas que tem dia e hora para tudo. Para o sexo, para cabeleireiro. Tem mulher fresca que se preocupa com o cabelo na hora do sexo: “Não segura assim. Vai estragar meu cabelo”. Frescura é, sem dúvida um tipo de chatisse. Mas, uma chatisse mais fresca, mais enfeitada, cheias de guéri-guéri.
Existem dois tipos de homens, fiquei sabendo esses dias. Uma mulher Roger me contou e tenho divagado sobre o assunto. Existe o homem cachorro e o homem sem vergonha. O homem cachorro é aquele sem vergonha verdadeiro, um canalha, canastrão, daqueles que as mulheres correm atrás, daqueles que não mentem, que deixam claro seus objetivos, que são independentes, viris, machos de verdade, com vergonha na cara, e por isso sempre tem um monte de mulheres correndo atrás. Os sem vergonhas são os outros. Convidam pra jantar, pra sair, mandam flores e presenteiam com jóias caras. Mas, mentem. Mentem, enganam, traem. Decepcionam as mulheres. Com o passar do tempo, cada vez mais, tem menos mulheres correndo atrás. A fama da má índole vai correndo a boca pequena, e mancha o currículo do cidadão. Esses acabam casando por conveniência, com uma coitada que desconhece a verdade, e a ela, presenteia com um par de chifres deveras humilhante.
De um lado, as mulheres com grande potencial para serem traídas. De outro, homens que traem, ou homens que não se apegam. Devo confessar, que essa mulher Roger embaralhou meus pensamentos. Mas, continuo minha busca as exceções.

terça-feira, 2 de março de 2010

a mesária

Uma das primeiras “profissões” do Roger foi ser mesário, nas eleições. Fora convocado para trabalhar nas eleições presidenciais, justamente como, vejam só, presidente de mesa. Sentiu-se honrado, importante. Participou de reuniões antes da eleições, preencheu ata, instalou urna, fixou cartazes. Foi um digno representante da sociedade no processo democrático. Ganhou um vale alimentação e folga no seu emprego, para descansar durante a semana. Preço do vale alimentação: 10 pratas. Torceu pelo segundo turno.
Comandou mesários, secretários. Tudo isso aos dezoito anos. Estava orgulhoso. No primeiro turno, nervoso, fez a barba rala e foi até a sua seção. Colocou a melhor e única camisa que tinha. Não dormiu direito na noite anterior. Lera que poderia dar voz de prisão, caso alguém tivesse um comportamento inadequado no recinto.
- O senhor está preso! - sonhou. Acordou apavorado, rezando para que nada fora do contexto acontecesse.
Pela manhã, no café, releu as instruções. Foi cumprir sua tarefa. Chegou cedo. Esperou pela chegada dos mesários. Quem seriam eles? Tinha os nomes em mão, mas não fazia idéia de quem eram.
- Bom dia! - disse o mesário, único homem da lista, e primeiro a chegar.
Minutos depois, chega a secretária. Uma senhora, casada, com cabelos loiros amarelados, desses que até mesmo o Roger percebia não serem cabelos naturais. Dez minutos depois, chega a outra mesária. Uma mulher com cabelos crespos, casada, mãe de dois filhos. Já não tinha o corpo de uma menina, longe disso. As duas gravidezes foram implacáveis àquela morena de rosto bonito. Todos já se conheciam, já haviam trabalhado nas eleições municipais, dois anos antes. Roger era a única novidade, naquela equipe.
Eleição tranqüila. Seção mais tranqüila ainda. A mesária loira havia levado café, com um bolo feito nas formas redondas. O mesário, precavido, levou uma mateira. A mesária morena, levou chocolates. Roger não levara nada, talvez por que não tenha pensado nessas coisas, preocupado que estava com o andamento da votação. Aproveitaram o andamento da votação para conversar bastante.
Descobriu que a mesária morena, tinha dois filhos, que tinha 25 anos, que o relacionamento conjugal já não era como dantes. Carente, fazia críticas ao matrimônio. Tampouco fazia questão de esconder suas escapadelas. As conversas fluíram de forma impressionante, de forma a ruborizar a face do jovem rapaz. Na mesma hora, percebeu sua malícia, ao pedir carona, na hora do almoço.
- Tu tá de carro? - perguntou a mesária morena.
- Sim. - respondeu tímido.
- Me dá carona? Moro pelo caminho. - disse despudoradamente, com um sorriso safado no canto da boca.
Foram almoçar. Tinham menos de uma hora. Dentro do carro, ela ataca o rapaz.
- Nós não vamos pra casa direto, né?
A pergunta era a deixa para levá-la para uma estrada de chão, nas proximidades, onde tinha pouco movimento. Sem tempo para conversas, beijaram-se e despiram-se somente o necessário. Ele desabotoou a calça jeans, mais nada. Ela levantou o vestido cumprido que usava, baixou a calcinha, e mais nada.
As rapidinhas tem o seu valor. Ainda mais em uma situação como essa, onde a falta de tempo, somadas ao tesão da ocasião eram os fatores preponderantes. Ele não sabe bem precisar o tempo, mas crê em torno de 5 minutos, exageradamente falando. Depois, vestiram-se e foram almoçar.
A tarde, ela foi a última a sair da seção. Era uma mesária dedicada. Ela queria mais, queria marcar algo. Ele não queria rolos com mulheres comprometidas. E ainda tinha de levar o disquete até o Cartório Eleitoral. Mas, ambos queriam o segundo turno. E os candidatos ao governo do Estado proporcionaram um novo encontro e mais dez reais no bolso do jovem Roger.
No segundo turno, Roger já sentia-se um veterano em eleições. Até dormiu bem na noite anterior. O eleitor tinha de apertar dois botões, para colocar o número do candidato, e depois o verde. Pronto! Fácil. Não tinha como algo dar errado, e não deu. Seção vazia, pacata. Na hora do almoço, Roger ofereceu:
- Vai precisar de carona hoje, de novo? - perguntou faceiro, como um guri com uma bola nova embaixo do braço.
- Hoje não, meu marido vem me buscar.
Não seria daquela vez. A tarde passou de forma lenta, arrastada. Repensou sua participação na democracia brasileira. Pesou os dez contos que ganharia, enquanto que seus amigos jogavam bola na praça, perto da sua casa. Aquela negativa, por parte da mesária morena, soou como uma voz de prisão a um militante fazendo boca de urna. No final do dia, ela foi a última a sair. E deixou um bilhete, com o número de celular, com uma frase abaixo que dizia: “Me liga terça, depois das 6”.
Depois, voltou e perguntou:
- Tu gostas de leite condensado?
- Gosto.
Terça feira, seis hora da tarde, ele liga. Ela atende. Explica que o esposo saía pra trabalhar a tardinha, já que era vigia noturno e só voltava pra casa, no outro dia, pela manhã. Marcaram um encontro para quinta feira, já que na quarta ele folgaria. No dia combinado, na hora combinado ele a apanha, de carro.
- Oi.
- Oi. Passa naquele mercado, antes de irmos para o motel? - solicita ela.
- Claro.
Ela desce e volta com uma embalagem de leite condensado. Naquelas embalagens Tetra Pak.
- Vou te chupar como ninguém nunca te chupou antes. - diz ela, sabedora da pouca idade e experiência do guri.
De fato, ela tinha razão. Poucas vezes havia recebido sexo oral. Nunca havia recebido sexo oral com leite condensado. Ela espalhou a guloseima pelo corpo dele. Pelo peito, mamilos, barriga, umbigo. Espalhou também pelas pernas, coxas, virilha. Guardou uma dose generosa para o pau. Lambeu tudo. Tarada por sexo oral, tarada por leite condensado. Transaram o restante do tempo estipulado pelo motel. Na saída, Roger perguntou:
- Não vai levar o resto do leite condensado?
- Não. Deixa aí.
- Não. Eu vou levar.
Roger a deixou perto da sua casa. Viram-se somente mais uma vez, num evento. As crianças, o marido e ela. Pareceu um bom pai, o pobre marido traído. Cumprimentaram-se discretamente. Depois, nunca mais se encontraram.
No dia seguinte ao motel, a tarde, Roger fez pipoca, e, rindo sozinho, terminou de vez com o leite condensado e com aquela história. A história da mesária tarada por leite condensado.