domingo, 27 de junho de 2010

a advogada da capital

Um reencontro, um jantar e uma escolha errada. O reencontro era com uma amiga que vinha a trabalho. O jantar era no próprio restaurante do hotel, um dos mais freqüentados da cidade do Roger. A escolha eu explico depois.
Desde que ficou sabendo que viria a cidade do Roger para trabalhar, a advogada da capital pensou que seria a oportunidade que tanto esperaram para quitar uma dívida pessoal: pagar um vinho ao velho amigo. A dúvida da moça era de como fariam para que o vinho fosse degustado no quarto do hotel. A vinda a trabalho impossibilitou a alteração do quarto de solteiro para um quarto de casal, assim como alterar o valor da fatura seria um risco profissional desnecessário à carreira da jovem advogada.
- Deixa pra mim. - disse ele - Já fiquei de furão em dois hotéis. É só esperar a troca de turno, e quando o elevador chegar no térreo, eu entro. Ninguém percebe.
- Mas, é muito arriscado. E se te verem subir? - questionou amedrontada.
Durante o jantar, Roger respondeu pessoalmente as três mensagens que havia recebido no celular, todas relacionadas ao insucesso da hospedagem gratuita do rapaz. Roger aparentava segurança, muita autoconfiança, uma certa arrogância até, ao afirmar que enganaria os recepcionistas da portaria do hotel.
- Imagina o tamanho desse hotel! Tá lotado, cheio de gente. Achas que eles vão saber se estou hospedado ou não? Claro que não. Já analisei a recepção, o movimento, já vi como os hóspedes entram. Nem todos pegam a chave na portaria.
O risco realmente era pequeno. O hotel tinha grande movimento, dois elevadores de acesso, um grande entra e sai de hóspedes. Ninguém precisa identificar-se na recepção. Mas, s argumentos dele não bastaram para acalmá-la:
- Mas tenho medo. Se der algum problema é a minha carreira que está em jogo. Imagina se a empresa fica sabendo, de alguma forma. Pensa no que vão falar.
Então ele desistiu, com medo de ser inconveniente. Não morava sozinho, restava um motel.
- Deve ter câmeras nos corredores. Eles vão te ver subir. Vão bater lá no quarto.
- ... - pausa para mais uma garfada dele.
- Imagina a manchete no jornal da cidade: advogada da capital é presa no interior por contravenção penal.
- ... - outra garfada e um sorriso amarelo.
- Não te preocupas, Roger, vais beber teu vinho. - disse ela com um sorriso nos lábios, antes de pedir a conta.
Ela subiu, pegou o vinho e o chocolate. Só então foram ao motel. Atravessaram a cidade, fugindo dos riscos. Antes de sair, ele ainda pensou nos valores. De fato, diante do medo dela em prejudicar a carreira, o motel era a melhor opção, apesar do frio gélido de 4°C que fazia no interior do Rio Grande do Sul.
Vou pular os detalhes sexuais. Apenas falo que o vinho era argentino, assim como o chocolate. E o vinho, mesmo sorvido em copos de vidro, foi um tempero para o sexo. Uma garrafa de vinho tinto no frio gaúcho equivaleu a um copo de suco de uva no verão do nordeste. Abandonaram o ar condicionado e foram, ela para o hotel e ele para sua casa. Antes de deixá-la no hotel, no caminho, a surpresa desagradável: uma blitz. O bafômetro não deixa mentir, assim como os dentes e língua roxa do vinho. Multa equivalente a 12 diárias no hotel. Mas, poderia ter sido pior, disse o agente de trânsito:
- Imagina se há um acidente, e alguém se machuca ou acontece outra coisa...
Realmente, se acontecesse outra coisa seria o fim da carreira da advogada da capital.

3 comentários:

  1. O Roger tem que ter um taxista amigo!!

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  2. Nossa!!!!
    Depois de todos estes enredoss teria sido mais fácil e mais barato o Roger ter ido a Capital!!

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  3. Concordo com pó de pimenta...se consideramos que uma passagem para a capital custa em torno de R$ 50,00....bastaria o Roger vir que a amiga advogada não deixaria de pagar-lhe o vinho que estava devendo ao amigo....

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