Sempre que enfrento um novo inverno lembro-me da minha
passagem por Bagé. Bagé é a cidade natal do Vento Minuano, que anda assoviando
que nem um velho macanudo pelo pampa afora. É a cidade mais fria do mundo, onde
não cai neve. Fui morar em Bagé aos 27 anos, e só lá compreendi minha mãe que
dizia para colocar um chinelo ao sair da cama para ir ao banheiro. Só na
fronteira usei meias para dormir. Foram dois anos onde o inverno foi
verdadeiramente gelado.
Nada comparado a esses inverninhos de agora. Nunca fui
friorento, mas o inverno de agora é curto e pouco gélido. Seguindo a moda, o
inverno deve estar com déficit de atenção, pois vem e quando tu te preparas,
ele vai embora. Antes era mais difícil, a vida era mais difícil, assim como
ganhar a libertadores e enfrentar a seleção canarinho.
Mas, o problema maior no inverno bageense é fazer
sexo. Se eu tinha que convencer meu cérebro para tirar a roupa, imagine
convencer uma mulher a tirar a roupa, com o velho Minuano com as duas mãos
batendo na janela. E ele entra embaixo das cobertas, pois ele faz as curvas, passa por baixo da porta, até mesmo cruza as paredes. Uma vez dentro do quarto ele fica dançando, de um lado pro outro. Aí de quem invente de espiar. São três meses de solidão, é sério. Normalmente tu aceitas
bem, nem vontade tem. Tuas bolas somem, corpo adentro. Mas, quando a vontade
vem...
Num inverno ela veio. De um lado o inverno, de outro o
tesão. Fui resolver tudo num banho bem quente. Acendi um álcool no banheiro,
numa lata de sardinha, para preparar o ambiente. Entrei no banho e fui ser
feliz. O chuveiro no super quente fazia um esforço danado, a resistência
tentava transformar gelo em água quente, e me apresentava fios de água morna.
Mas, diante de tanto frio, meu corpo não atendeu aos comandos do meu cérebro e
brochei. Só o inverno bageense faz um homem brochar na punheta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário