sábado, 12 de setembro de 2009

voyer

Com 10, 11 anos, descobrira-se voyer. Perto da sua casa, havia um chalé. Ficara sabendo de um casal, cujas fodas poderiam ser vistas pelas frestas entre as madeiras, nesse chalé. Foi uma vez com os amigos. As outras, foi sozinho mesmo. Uma espécie de big brother dos anos 80.
O coração acelerava quando via uma relação sexual. Como se o que estivesse vendo era algo errado, proibido. Crescera numa época onde o sexo era o que acontecia dentro do quarto dos pais, mas aos poucos percebia que não era só no quarto, tampouco só entre maridos e mulheres.
Nessa mesma época tinha-se pouco acesso a pornografia. Se não apelava para anúncios de langeries como faziam antigamente, também não se tinha acesso a internet. A sorte era achar uma locadora de fitas de vídeos, que fizesse vista grossa para locação de vídeos pornográficos para menores de idade. Locava o filme, escondia a sacolinha para que ninguém visse e ia correndo pra casa, um tanto quanto nervoso. Alguns olhavam os filmes em conjunto, vários em frente ao vídeo cassete, trocando apenas idéias. A respiração era ofegante de ver o proibido. Outros preferiam a privacidade do lar, mas a respiração não deixava de ser ofegante. O volume da televisão chegava próximo ao mute, para que nenhum vizinho ouvisse. O volume, por vezes, ficava tão baixo que era impossível escutar algo, ao mesmo tempo que dava a impressão de ser audível do outro lado do pátio.
O prazer em olhar o fez gravar. Com alguns amigos chegou a produzir um vídeo caseiro, que teve três ou quatro cenas gravadas, mas que não vingara por falta de mulheres que não percebessem a câmera escondida dentro da caixa de sapato. Só anos mais tarde, com celular em punho, e com a autorização de algumas, pode gravar e ver depois o que havia feito. Ainda sim, sente saudade do tempo em que espiava o casal do chalé.

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