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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

um ator

Todo homem já quis ser jogador de futebol, quando guri. O Roger não. Era tão bom entendedor de futebol que sabia não possuir talento para o esporte. Desde pequenino entendia de táticas, regras. Sabia o nome dos jogadores, comissão técnica, colecionava álbuns de figurinhas. Até sabia se posicionar dentro do campo, jogava bem sem a bola. Mas, quando a bola chegava, não driblava um cone. Marcava como um atacante, ía ao ataque como um goleiro. Nasceu com dois pés esquerdos para o futebol. Assim sendo, optou pelas artes cênicas, ao invés do esporte bretão.
Quando pequeno, junto com vizinhos do bairro, bolaram um filme. Um deles, havia ganho uma filmadora que cabia dentro de uma caixa de sapato. Uns buracos na caixa e ninguém perceberia as filmagens. Começaram a fazer o filme até, com introdução, roteiro, script, cena 1, cena 2, e tudo. Mas, quando era a cena do Roger, com uma vizinha, compadeceu-se com a menina e negou-se a gravar o ato sexual. Não quis expor a coitada, e quedou-se com uma dúvida inquietante: como se sairia contracenando?
Alguns anos depois, com o advento dos telefones celulares que gravam imagens e áudio, saciou sua curiosidade ao se ver atuando no ato sexual. Envergonhado, talvez com o seu parco desempenho, excluiria logo em seguida. Posicionou o seu celular aos pés da cama. À meia luz, com o play acionado, chamou a moça pro quarto. Pouco conhecia sobre a pobre cobaia, era sexo de ocasião. Assim como seria de ocasião o vídeo amador.
Tinha medo de ter um desempenho pífio, mesmo excluindo o vídeo. Um vídeo de cinco minutos seria o final da sua curta carreira. O vídeo não saiu de casa, mas se fosse parar no youtube (ou no pornotube), seria sucesso instantâneo de acessos. Se até o Roger riu e sentiu cócegas durante o ato sexual, imagina nós, que não teríamos o compromisso de manter a ereção.
Ele estava deitado. Ela ajoelhada, a sua frente, fazendo sexo oral. Sexo oral que se estendeu pela virilha, pelas coxas, joelhor - frente e verso - panturrilhas, tornozelos e pés. E ajoelhada, de costas para a câmera do celular, ela ergue o pé 43 do Roger e com o pé quase sobre seu ombro, chupa dedo por dedo, dando especial atenção ao dedão esquerdo do pé. A resolução da câmera não era ideal, mas no 3D seria possível ver a língua dela dentre os dedos do pé dele, talvez até as sujeiras depositadas sob as unhas.
Compadecido com a moça lambona, decidiu excluir o vídeo assim que ela saiu.
A partir daí dedicou-se a outra atividade, já que pro futebol não tinha aptidão, e para o cinema amador não teve boas experiências. Espero que o Roger não se torne um blogueiro.

sábado, 7 de maio de 2011

click

Estou com problemas. Bom, talvez isso não seja novidade para quem convive comigo. Mas, desta vez, estou com problemas mais complexos. Já havia percebido que eu estava diferente. Costumo ficar assim no início do inverno, porém nesse inverno meus problemas estão mais intensos. Percebi isso hoje, enquanto assistia (de novo) ao filme Click.
O filme tem cinco partes engraçadas, descontraídas. E uma triste, agoniante. Meus olhos marejaram em uma engraçada. E chorei copiosamente na triste. Uma sensibilidade quase gay.
Acontece que gosto do filme. O filme tem uma mensagem, que talvez passe imperceptível às pessoas. Acho que todo mundo viu o filme, né? O cara consegue um controle remoto mágico onde pode avançar ou retroagir no tempo e tal, lembram? Pois a mensagem implícita está na forma como aproveitamos o nosso tempo. No filme, o personagem avança no tempo, e em determinado momento, o controle remoto avança o tempo por conta própria, para agonia do personagem. A vida ocorre sem problemas, sem dificuldades, sem discussões.
Aí me bate o desespero. Não tenho controle remoto nenhum, e o tempo parece avançar num apertar de botões. Tenho a impressão que não aproveitei meus avós, meus pais, meus afilhados, minha família, meus amigos e minha infância. Ontem, tentava me lembrar de alguma história divertida da minha infância ou adolescência e não lembrei. Talvez por fazer muito tempo, é verdade. Mas, ainda tenho boa memória. Espero não ser o único a ter essa sensação. A sensação que o tempo voa. A impressão que não vivi o suficiente para ter vivido por 30(!) anos. Pode ser uma crise existencial de um trintão, pode sim. Mas como explicar que já sentia isso ano passado ou retrasado? Será que passei muito tempo embriagado e não aproveitei a vida? Será que vivemos intensamente o suficiente para morrermos satisfeitos? Eu ainda não posso morrer ainda.
Estou me sentindo uma Lya Luft. Detesto ler a Lya Luft. O que me consola é escrever aqui e economizar com a terapia. Se tivesse um controle remoto apertaria o slow motion.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

nosso lar?

Esses dias fui ao cinema, assistir Nosso Lar. Sou aficionado em cinema nacional, precisava relaxar e tinha cinco reais sobrando. Decidi arriscar. Digamos que foi um forte exercício assistir ao filme espírita, visto que sou um ateu convicto.
Sei que a religião é um tema polêmico e temo ser mal interpretado. Enfim, o País me permite não ter religião e não tenho. Assim economizo meu dinheiro. Opa, já criei polêmica! Enfim, ganho tão pouco dispensariam meu dízimo, bastava apresentar meu extrato bancário.
Para não dizer que eu não acredito em nada, digo que acredito na importância da igreja, embora ainda as ache menos importantes do que os times de futebol. Se bem que as empresas igrejas dão mais lucros do que as empresas times de futebol. Talvez por serem melhores administradas, ou por terem isenção de impostos.
Como ia dizendo, vejo que as igrejas amparam milhares de famílias, lhes dão esperanças e alentos. Isso é importante, já que o combalido governo é ineficaz nessa área. Ademais, elas aproximam os fiéis daquilo que chamam de Deus, com capslook acionado.
Dias atrás fui numa igreja. Na verdade, era um santuário. O que mais me encanta na Igreja Católica são as igrejas. Que opulência! Que acústica! Aliás, o que mais gosto numa igreja é o silêncio. Adoro ouvir o silêncio dentro das igrejas. É o silêncio que dá aquela sensação de paz, ao menos para mim. Tem gente que acredita que é a presença Dele.
O filme? Que filme? Ah, o filme espírita. Nosso Lar é um filme baseado num livro psicografado por um médico que encarnava (posso assim dizer?) no Chico Xavier. O livro eu não li, pois para determinadas coisas sou um analfabeto pleno e a leitura me dá sono. Sobre o filme, trata-se de uma realidade que os espíritas querem ver. Apenas isso, penso eu. O filme em si, e não falo da história, mas de cenários, de figurinos e de fotografia, é uma merda! Uma grande merda! Também, não poderia ser diferente, um filme espírita com luxúrias, grandes investimentos, seria no mínimo contraditório. Colocaria no hall dos filmes que não precisavam existir, não fossem os empregos que geraram. Algo do tipo 'Sérgio Malandro e o Inspetor Faustão', que espero que ninguém tenha visto.
Quanto a história do Nosso Lar, tem passagens bizarras. O passeio que o personagem principal, o Dr. André Luis, faz numa espécie de táxi aéreo/balão mágico é uma das coisas mais imaginativas que já vi. As cenas do purgatório, ou algo com mesmo significado e outro nome, são da dar dó. Enfim, geraram empregos, movimentaram a economia. E não vou morrer por cinco pila. Agora, se morresse, não iria gostar daquele meu lar noutra esfera.
Não sou um cara curioso. Sei que vim dos meus pais, que vieram dos meus avós, que por sua vez, vieram dos meus bisavós. E foi através do sexo, não se deixem enganar por costelas. Não vou muito adiante, pois não responderia todas as minhas dúvidas, que confesso, não chegam a uma ou duas. Não frequento a igreja, não sigo nenhuma religião e não acredito em deus. Soará como arrogância, eu sei, mas não preciso, tenho meus amigos, oras!, e agradeço a Deus por isso. Ops, me perdi.
Percebo que um ateu pode fazer bem aos outros e a si mesmo, tanto quanto e as vezes até mais do que um religioso. Qual minha contribuição para a sociedade? Bem, eu doo centavos das faturas dos meus cartões de crédito para que uma ONG plante árvores. Árvores são reais, me dão sobra, viram chalés, estantes, algodão, papel. Árvores são reais. Por outro lado, os ateus costumam respeitar mais a religião dos outros, pois aceitamos as diferenças, exatamente por que não aceitam nosso ceticismo. E teimam em me assustar:
- Um dia tu vais acreditar Nele!
Ou então:
- Quando você precisar Dele, você vai acreditar.
Dias depois, assisti Tropa de Elite, o segundo filme. Trata-se de um filme sobre o que a sociedade não quer ver, mas é real como um paralelepípedo arremessado contra a nossa têmpora. Exatamente o oposto do fantasioso filme espírita.


Nota de rodapé: assisti ao filme do Chico Xavier. Filmaço! Recomendo. Chorei, é claro. Pois, surpreendam-se, os ateus também choram.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

os curtas

Num cinema de uma cidade turística do interior, havia uma amostra de três premiados curtas-metragem internacionais. A cidade estava lotada de turistas, e no pequeno cinema do município histórico não era diferente. O Roger estava lá, acompanhado de uma amiga. Chegaram atrasado, pois bebiam cerveja antes de entrar no cinema. Não sabiam sequer, o que iriam assistir. De certo isso não importava.
O cinema estava lotado. Logo na entrada, o lanterninha avisou que só havia lugar disponível nas cadeiras, localizadas numa espécie de camarote sem divisórias, que ficavam ao lado das cadeiras. Sentaram bem ao fundo desse corredor superior, escondidos atrás de balaustres postos a cada vinte centímetros um do outro. Mais a frente, outras pessoas também estavam sentadas em cadeiras, próximas ao parapeito. As pessoas que estavam sentadas nas cadeiras do cinema, enxergavam quem estava nesse camarote, pelos vãos existentes dentre os balaústres, principalmente quando a luz da tela assim permitia.
O primeiro curta foi o único que viram. Ainda sim, não por completo. A amiga do Roger sentou-se a sua frente, mas colocou a cadeira um pouco ladeada, para que a sua mão pudesse acariciá-lo. Já no final do primeiro curta, ela abaixou a bermuda do rapaz, para sentir em sua mão direita o seu pau, começando a tocar uma punheta. Roger, mudo e imóvel, apenas fechou os olhos e escorou-se no parapeito para sentir o vai e vem da mão da moça, que volta e meia interrompia a masturbação para cuspir na sua mão e manter os movimentos de forma mais lubrificada.
A masturbação diminuiu de forma gradativa, ao acabar o segundo curta que foi seguido de aplausos pelos entusiasmados turistas cinéfilos ali presentes. Sem sobressaltos, iniciou o terceiro curta da noite. Roger não soube me dizer do que tratavam, mas não haviam intervalos. Era o filme e os créditos. Nesse ínterim, os aplausos. Pausa que servia para a amiga lambuzar os dedos e a palma da mão.
As vezes, Roger abria os olhos, olhava a sua direita e percebia que o cinema estava lotado. Percebia olhares desconfiados, de rabo de olho, nos clarões provocados pela tela do cinema. Era possível sim, que alguém estivesse vendo. Misturou a sensação de medo com o tesão, e seguiu o conselho da amiga, que aumentava a velocidade dos movimentos:
- Goza!
Roger fechou os olhos, pensou na loucura que era aquela situação e concentrou no atrito suave que a mão da amiga causava ao passar pela glande em alta velocidade e gozou, na mão da amiga, escorrendo esperma pela bermuda e respingando na camiseta. Fechou os olhos, e aguardou os aplausos. Havia acabado o terceiro curta da noite.

sábado, 12 de setembro de 2009

voyer

Com 10, 11 anos, descobrira-se voyer. Perto da sua casa, havia um chalé. Ficara sabendo de um casal, cujas fodas poderiam ser vistas pelas frestas entre as madeiras, nesse chalé. Foi uma vez com os amigos. As outras, foi sozinho mesmo. Uma espécie de big brother dos anos 80.
O coração acelerava quando via uma relação sexual. Como se o que estivesse vendo era algo errado, proibido. Crescera numa época onde o sexo era o que acontecia dentro do quarto dos pais, mas aos poucos percebia que não era só no quarto, tampouco só entre maridos e mulheres.
Nessa mesma época tinha-se pouco acesso a pornografia. Se não apelava para anúncios de langeries como faziam antigamente, também não se tinha acesso a internet. A sorte era achar uma locadora de fitas de vídeos, que fizesse vista grossa para locação de vídeos pornográficos para menores de idade. Locava o filme, escondia a sacolinha para que ninguém visse e ia correndo pra casa, um tanto quanto nervoso. Alguns olhavam os filmes em conjunto, vários em frente ao vídeo cassete, trocando apenas idéias. A respiração era ofegante de ver o proibido. Outros preferiam a privacidade do lar, mas a respiração não deixava de ser ofegante. O volume da televisão chegava próximo ao mute, para que nenhum vizinho ouvisse. O volume, por vezes, ficava tão baixo que era impossível escutar algo, ao mesmo tempo que dava a impressão de ser audível do outro lado do pátio.
O prazer em olhar o fez gravar. Com alguns amigos chegou a produzir um vídeo caseiro, que teve três ou quatro cenas gravadas, mas que não vingara por falta de mulheres que não percebessem a câmera escondida dentro da caixa de sapato. Só anos mais tarde, com celular em punho, e com a autorização de algumas, pode gravar e ver depois o que havia feito. Ainda sim, sente saudade do tempo em que espiava o casal do chalé.