quarta-feira, 20 de outubro de 2010

minha nudez

Lembro, como se fosse hoje, da primeira vez que uma mulher me viu nu. Não preciso dizer que estava vermelho. Ela, por sua vez, estava tranqüila, lidando com algo natural e rotineiro. No princípio, eu estava com os olhos fechados, mas lembro que ela tinha mãos fortes. Ainda me fez chorar, aquela enfermeira.
Pode ser que ela não fosse um modelo convencional de beleza, mas convenhamos, foi a primeira mulher que vi. Continuando na minha regressão, o que lembro é de um lugar pequeno e escuro. Ouvia vozes, mas não via ninguém. O lugar era melequento, gelatinoso. Por ali, tive de me acomodar durante nove longos meses. E sem internet, o que dificultou muito as coisas. Lembro que no dia em que conheci a enfermeira, já não havia mais espaço físico para eu continuar ali naquela bola de meleca quentinha. Estava exausto de ficar contorcido, tentava me acomodar, mas definitivamente, ou aquela bola crescia ou teria de sair dali, conhecer o mundo lá fora.
Foi nesse dia que me um cidadão enfiou um dedo na minha orelha. Apalpou. Depois enfiou outro dedo no meu olho, escorregou pro queixo. E do nada, me arrancou daquela da bolota em direção a uma luz. E que luz! Havia holofotes apontados para aquele túnel que percorri puxado pelo pescoço. Esse cidadão, que utilizava uma máscara - talvez para não ser identificado por mim no futuro - me entregou a tal enfermeira. Demorei a conseguir abrir os olhos, já que na esfera gosmenta vivi numa penumbra total por nove longos meses. O que facilitou minha visão, foram as lágrimas que correram após me baterem covardemente. A enfermeira, bastante ágil, segurou numa tacada só, meus dois pés pelos tornozelos. Imóvel e indefeso, me deram palmadas. Chorei como nunca havia chorado, para alegria de uma senhora de pernas abertas e felicidade dos vários mascarados que assistiam a tudo.
Lembro da enfermeira mascarada, que me deitou num pano branco e começou a retirar aquela gelatina que havia no meu corpanzil. Esfregava um pano úmido no meu corpo. Lembro do pano atrás das minhas orelhas. No meu suvaco, na virilha. Ai, como era bom na virilha. Talvez fosse imperceptível, mas meu tico ficou duro na hora. Ela continuou a esfregar as dobrinhas que havia nas minhas partes íntimas. Foi meu primeiro sorriso. Ela percebeu, e para se vingar, enfiou aquele pano na minha bunda. Imediatamente parei de sorrir. Acredito que devo ter sido identificado, já que ela colocou uma pulseira. Não pude ler, mas acho que dizia algo do tipo “macho”. Depois ela me apresentou àquela senhora que estava com as pernas abertas. Depois, pelo vidro, me exibiu a um senhor. Foi a última vez que vi aquela senhora mascarada, que abusou de mim no hospital, e depois sumiu da minha vida. Talvez seja ela a responsável pelas minhas fantasias com enfermeiras.

2 comentários:

  1. Já te falei que sou tua fã? Já pensou em editar um livro?

    Safadinha essa enfermeira hein? A partir de agora começo a te entender melhor... hahaha

    Beijão!

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  2. Oi
    Tropecei em seu blog por acaso - um dia te conto - e resolvi te fazer uma proposta indecente...brincadeirinha!!! Somente um desafio: você descreve uma versão masculina de acontecimento, transa, desengano, aversão, preferencia...deixemos transa para mais adiante... de um fato e eu respondo com a versão feminina ok...vamos ver no que isso vai dar.

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