quarta-feira, 13 de abril de 2011

o último romântico

Roger foi o último romântico. Dizem que depois dele, ninguém mais se atreve a agradar uma mulher. Mulheres são seres difíceis de agradar. Parecem nunca satisfeitas. Numa relação onde você manda flores no primeiro ano de namoro, você está assinando um contrato vitalício. Prepare-se para fechar contrato com uma floricultura para o resto de sua vida, pois enquanto durar o relacionamento será sua obrigação enviar flores nesta data. Caso você esqueça uma vez em trinta anos, significa que você não ama mais, ou que tem outra, ou que você não é mais o mesmo. O mesmo vale para jóias. Com um agravante: as jóias tendem a tornar-se mais caras com o passar dos anos. Nada de gastar menos de um ano para outro.
O Roger foi um cara romântico. Talvez não com uma apenas, mas era um cara romântico com várias, o que para muitas não serve. Enfim, teve uma vez que ele fora romântico e fiel. Até convidou sua amada para uma viagem a dois. O destino foi uma praia quase deserta, aqueles lugares propícios para revelações, uma combinação perfeita e colorida entre a areia branca, o mar azul, um céu amarelo e árvores verdes. Roger andava cansado da boemia, da vida noturna. Precisava de alguém que lhe compreendesse, que lhe desse atenção. Algo que ultrapassasse o sexo casual e fortuito. Concluiu que aquele era o lugar e que a amada da vez era a mulher certa.
Foram à praia, sentaram-se numa enseada, para ver o pôr do sol. Abraços, beijos e então o Roger tira um molho de chaves do bolso, o chaveiro do apartamento em que morava.
- Essa chave, foi a chave que você usou para abrir meu coração. - disse ele, retirando uma chave do molho. - Quando você abriu meu coração, você quebrou o gelo que havia nele, e pude ver o quanto eu posso me entregar e me apaixonar por alguém.
Ela estranhou um pouco, virou a cabeça de lado e assentiu com a cabeça, para que ele continuasse.
- Essa chave, é a chave da nossa amizade. - disse enquanto retirava a chave da argola. - Coloco essa argola aqui, para que nossa amizade seja eterna. - completou, enfiando a argola no dedo anelar da moça.
Ela sorria, enquanto que ele continuava o procedimento. Retirava as chaves das argolas do chaveiro, uma a uma, e pausadamente separava a argola da chave, ao mesmo tempo que se declarava a sua cara metade:
- Já essa chave, é a chave do sexo. O sexo intenso, com amor, que melhora a cada encontro.
Ela riu. Ele continuou:
- Essa chave, é a chave da nossa paixão. É a representação da chama da nossa paixão.
Ela acenou com a cabeça, concordando. Ele não havia terminado:
- Essa chave, é a chave do nosso amor. Do nosso amor eterno. - declarou-se. Foi quando pegou a argola, e colocou junto ao dedo da sua amada, vagarosamente, enfiando a argola até juntar-se as outras três que ali repousavam e fez o pedido, enquanto o sol se punha, ao fundo:
- Quer casar comigo?
- Roger. Eu gosto de ti. Muito de ti. O cenário é perfeito. Mas, pedido de casamento com argola do molho de chaves é muito piegas. Muito piegas. Na próxima vez, compra um anel de ouro. - disse a moça, as gargalhadas.

4 comentários:

  1. Hummmm...
    Algumas mulheres devem ser homens por dentro... Santa Falta de Romantismo!!!

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  2. Não sei onde você encontra estas mulheres...creio que sejam apenas sonhos...pois uma mulher de verdade adoraria o pedido do Roger....:)

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  3. Se eu não conhecesse tão bem o Roger, pediria pra passar meu tel pra ele. But...

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