segunda-feira, 23 de maio de 2011

desperdício extraordinário


A capacidade humana de não se sustentar me surpreende. Tudo conspira em direção ao final dos tempos, se depender de nós mesmos. As sociedades em geral, com raríssimas exceções, e o Japão é uma delas, não são capazes de manter-se por muitos anos. Se você colocar um ser humano dentro de um terreno com 300m², ele não deverá sobreviver por muito tempo.
O premiado documentário Lixo Extraordinário, do artista Vik Muniz (foto abaixo), fala disso, sobretudo. Também fala de arte, também fala de inclusão social e também fala da realidade brasileira.

Porém, o tapa na cara da nossa sociedade consumista dói. Somos uma sociedade “descartista”, do PVC, da sacola plástica, que não separa lixo, que usa impressora ao invés do escâner (sim!, essa palavra existe em português). E poucos fazem alguma coisa para mudar isso. Tratamos todo lixo como lixo rejeito (que não pode ser tratado ou reciclado). Cidades inteiras não reciclam seu lixo. Aliás, o lixo e a coleta seletiva sequer são citados em campanhas eleitorais municipais. De certo, são assuntos de pequena importância nos debates eleitoreiros (sic). Salve! Salve!, após tramitar por 20 anos no Congresso Nacional, ano passado foi instituída a lei 12305/10, que criou a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos). A PNRS define princípios, conceitos, instrumentos e diretrizes para gestão dos resíduos sólidos, responsabiliza empresas pelo recolhimento de produtos descartáveis (logística inversa), incluí municípios e sociedade em geral.
Voltando a sétima arte, no documentário, fica evidente que é mais fácil trocar uma cadeira de praia, que custa pouco sim, do que mandar arrumar uma antiga. Por isso fui motivo de piadas quando arrumei a minha velha cadeira de praia.
De fato, como tudo é feito para ser descartado, os preços se assemelham. Economizei apenas cinco reais, mas dormi tranqüilo. Cabe a nós, a mudança de atitude. Acredito que ela já tenha começado.

salva de um lixão, rumo a eternidade...



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Infelizmente, o filme não circulou pelos cinemas das cidades do interior. Espero que circule pelas escolas.
http://www.lixoextraordinario.net/

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