- Oi. Gostaria de encerrar a minha conta corrente. - disse o Roger à estagiária do banco.
- Tudo bem. Em nosso banco, o encerramento ocorre pelo telefone. Vou fazer a ligação e repassar ao senhor.
- Ok...
- Eles irão tentar persuadi-lo, e se o senhor resistir, eles imprimem o termo de encerramento. - disse ela sorrindo.
- Ok.
Ela faz a ligação, identifica-se com nome, sobrenome, matrícula e função. Roger se apropria das informações por ora repassada ao funcionário do setor de encerramento. Dessas informações apenas posso dizer que tratava-se de uma estagiária, de nome bonito. Das outras informações, divago aqui: era uma loira, 1,68kg, 64kg, com olhos cor de mel. Usava aparelho, o que a deixava mais jovial. Tinha um sorriso lindo e era simpática, como só as estagiárias dos bancos privados conseguem ser. Usava um terno claro, que a tornava mais respeitável. A maquiagem e as jóias eram um fechamento perfeito àquela obra feita com carne tenra. Ou quase, já que esqueci de comentar sobre o perfume que inebriava os clientes.
- Seu Roger...
- Saiba que sou mais novo que a senhora... - interrompeu. Nunca havia sido chamado de senhor. Ademais, poderia ser colega de faculdade dela.
- Desculpe. Nosso funcionário irá atendê-lo. - disse meigamente, ao entregar o fone.
- Senhor Roger, boa tarde.
- Tarde...
- Sou o funcionário Marcos, e vou estar providenciando a sua solicitação. - disse o rapaz, chiando na letra S, o que indicava sua "carioquês".
- Ok.
- Então o senhor pretende encerrar a sua conta corrente?
- Sim.
- Vejo que o senhor tem uma conta universitária, com custos baixos. O senhor também possuí um cartão internacional, que o senhor pode estar usando no exterior.
- Hum. - disse empolgado com a obviedade dos argumentos.
- Qual o motivo do encerramento?
- Sou funcionário de outro banco. Não pago tarifas, tenho melhores juros e vantagens. - disse orgulhoso, olhando nos olhos da loirinha estagiária, tentando impressioná-la.
- Entendo. Eu posso estar lhe oferecendo uma isenção nos valores do seu pacote de serviços. Posso estar solicitando um cartão de outra bandeira, com tarifa grátis por doze meses.
- Já tenho. - disse enfático e incomodado com o gerundismo. - Aliás, tenho três bandeiras de cartão de créditos, sem custos.
- Também posso estar lhe disponibilizando uma carteira de alberguista, que estamos disponibilizando aos nossos clientes universitários, e que é aceita em todos os albergues do mundo.
- Hum... Interessante, mas não tenho interesse.
- O senhor tem conta corrente em outro banco, além do banco em que o senhor trabalha?
- Não.
- O senhor acha interessante manter suas aplicações em apenas em um banco. O aconselhável é diversificar investimentos, assim como trabalhar com mais de uma instituição financeira. Nunca carregue os ovos na mesma cesta, não é?
- Marcos... É Marcos, não é?
- Sim senhor.
- Não tenho investimentos, quisá aplicações. - disse sussurrando, olhando para trás e com a mão tapando o som, para que a estagiária não ouvisse nada sobre sua falta de posses momentânea.
- Não compreendi. O senhor pode repetir mais alto?
- Nada, deixa pra lá. Só quero encerrar a conta.
- Então o senhor vai deixar de trabalhar com um banco internacional, com mais de três mil agência espalhadas pelo mundo, com mais de quinze mil pontos...
- Sim. Vou. - interrompeu monossilabicamente.
- Ok, então peço que o senhor aguarde alguns instantes enquanto estarei procedendo o encerramento da sua conta corrente, para depois estar imprimindo o termo. Meu nome é Marcos e qualquer coisa é só me chamar.
No fundo, Roger estava gostando daquela situação. Sentado numa cadeira confortável, aproveitando o ar condicionado e admirando uma deusa em forma de estagiária. Excetuando o jingle do banco, que tocava no 0800, todo o resto era interessante. Olhou em volta e percebeu a beleza daquelas funcionárias do banco privado.
- Para as feias tem concurso público. - sussurrou.
- Senhor Roger...
- Sim...
- O senhor é bancário, sabe que temos que cumprir metas.
- Sei bem como é isso.
- Pois então. Vou ser direto. Usei quase todas minhas propostas de retenção para mantê-lo conosco. Sinceramente, há alguma coisa que eu possa fazer para mantê-lo nosso cliente?
- Cara, a única forma de continuar cliente é se essa estagiária loira que tá aqui na minha frente passar uma noite de sexo comigo. - blefou.
- Senhor Roger... - disse o funcionário após um breve intervalo. - Então... Por gentileza, o senhor pode estar passando a ligação pra ela?
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
seguro
Uma pacata agência bancária do interior tem o seu silêncio interrompido diante da entrada de um caipira:
- Bom dia! Quero um seguro para o carro que comprei!
Frenesi na agência. Era raríssimo alguém segurar um veículo naquela agência bancária. No município, predominantemente rural, não havia acidentes há mais de dez anos. Furto ou roubo então, nem as estatísticas sabem dizer. Dentro da agência, apenas um cliente, cercado por todos os funcionários. Um feito!
- Qual automóvel o senhor comprou? - questiona o vendedor.
- Comprei um Gol. Um VW/Gol, modelo F. - disse orgulhoso.
Seria uma boa oportunidade para a agência cumprir as metas do seguro veículo. Um seguro de um veículo zero traria boa rentabilidade à agência. A lamentar o fato de que o bancário não encontrava no sistema um Gol modelo F. Imaginou tratar-se de um veículo de última geração, algo que ainda não fora atualizado no sistema.
- Modelo F? - duvidou o funcionário.
- Sim. Modelo F. Zerinho! - afirmava o adquirente.
Todos os funcionários da agência tentavam encontrar na internet, em sites especializados, tal iguaria veicular. E não encontraram.
- O veículo está aí? - perguntou o gerente.
- Sim. Aqui na frente.
- Vamos lá ver, então.
Negócio fechado! O colono havia adquirido um Golf. Desfeito o equívoco, restava o funcionário preencher o cadastro, agendar a vistoria, e o Gol modelo F, do produtor rural estava resguardado.
- Qual seu sobrenome, seu Roger? - perguntou o funcionário, com os olhos atentos ao teclado. - É Souza com ‘z’ ou Sousa com ‘s‘?
- É Solza, doutor. Com L.
Pronto, bastava assinar o contrato. Três vias, distribuídas na mesa:
- Uma é sua. Outra da seguradora. E outra fica no nosso arquivo. Peço que o senhor assine aí em baixo, enquanto busco seu brinde.
- Assino em qualquer lugar, doutor? - pergunta o colono semi analfabeto.
- Sim senhor. Em qualquer lugar aí em baixo.
Minutos depois, o funcionário pedia ao cliente que assinasse novamente:
- Em qualquer lugar aí em baixo, mas no papel, seu Roger. No papel! Na mesa não pode ser!
- Bom dia! Quero um seguro para o carro que comprei!
Frenesi na agência. Era raríssimo alguém segurar um veículo naquela agência bancária. No município, predominantemente rural, não havia acidentes há mais de dez anos. Furto ou roubo então, nem as estatísticas sabem dizer. Dentro da agência, apenas um cliente, cercado por todos os funcionários. Um feito!
- Qual automóvel o senhor comprou? - questiona o vendedor.
- Comprei um Gol. Um VW/Gol, modelo F. - disse orgulhoso.
Seria uma boa oportunidade para a agência cumprir as metas do seguro veículo. Um seguro de um veículo zero traria boa rentabilidade à agência. A lamentar o fato de que o bancário não encontrava no sistema um Gol modelo F. Imaginou tratar-se de um veículo de última geração, algo que ainda não fora atualizado no sistema.
- Modelo F? - duvidou o funcionário.
- Sim. Modelo F. Zerinho! - afirmava o adquirente.
Todos os funcionários da agência tentavam encontrar na internet, em sites especializados, tal iguaria veicular. E não encontraram.
- O veículo está aí? - perguntou o gerente.
- Sim. Aqui na frente.
- Vamos lá ver, então.
Negócio fechado! O colono havia adquirido um Golf. Desfeito o equívoco, restava o funcionário preencher o cadastro, agendar a vistoria, e o Gol modelo F, do produtor rural estava resguardado.
- Qual seu sobrenome, seu Roger? - perguntou o funcionário, com os olhos atentos ao teclado. - É Souza com ‘z’ ou Sousa com ‘s‘?
- É Solza, doutor. Com L.
Pronto, bastava assinar o contrato. Três vias, distribuídas na mesa:
- Uma é sua. Outra da seguradora. E outra fica no nosso arquivo. Peço que o senhor assine aí em baixo, enquanto busco seu brinde.
- Assino em qualquer lugar, doutor? - pergunta o colono semi analfabeto.
- Sim senhor. Em qualquer lugar aí em baixo.
Minutos depois, o funcionário pedia ao cliente que assinasse novamente:
- Em qualquer lugar aí em baixo, mas no papel, seu Roger. No papel! Na mesa não pode ser!
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