Roger tinha uma qualidade que eu queria pra mim. Dormia bem. Sentado, entre uma viagem e outra, não tinha problemas com o sono. No ônibus, dormia antes de sair da rodoviária. Deitado, na cama então, nem se fala. Depois do sexo, tinha que levantar, para não dormir na cama e deixar a mulher sem carinhos e conversas que as mulheres precisam. Dormia bem. Cansado ou não. Não acordava por nada. Sono profundo, daqueles que nós mortais só temos aos domingos de chuva pela manhã.
Certa vez houve um tiroteio no seu bairro. Vizinhança acordada. Correria. Polícia. No outro dia, a prisão do bandido era a notícia do churrasco de meio-dia. Disseram que o policial atirou no ladrão que estava sobre o telhado da casa do Roger. Ele não ouvira nada. Ficou sabendo pelos outros. Não acordou, tampouco ouviu o tiro. Talvez, para seus ouvidos, durante o sono profundo, um tiro de revólver soasse como uma espoleta de armas de brinquedos.
Em determinada ocasião, ele ficava com uma garota. Nada sério. Ela era comprometida, o que a tornava mais interessante. Uma amizade regada ao bom sexo. Apenas isso. Ela morava com uma amiga, eram colegas de faculdade. Uma mais interessante do que a outra. Queria as duas, mas não obtinha sucesso nas suas constantes investidas. Uma vez ela o visitou. Sexo, bom sexo.
Após o sexo, ele foi ao banheiro. Em silêncio, sem dizer aonde ia. Na volta, passa pela cozinha e traz uma garrafa de água mineral. Volta pro quarto, quieto. Senta na cama, bebe a água. Coloca a garrafa sobre o criado-mudo, um pouco bagunçado. A garrafa foi largada sobre um pacote, fazendo um barulho. Depois, deitou e dormiu. Sem falar nada.
No dia seguinte, ela jurava que ele estava dormindo. Diz ter ficado receosa até, com medo de que ele fosse um sonâmbulo. Não quis acordá-lo, por que à crença popular diz que é perigo fazê-lo. Ele sabia que não estava dormindo, tentou argumentar, mas foi em vão. A universitária teimosa achava que o Roger era sonâmbulo. Contou pra amiga, sobre o sonambulismo. Riam muito. Debochavam. Pois bem, que achassem.
Noutra oportunidade, ele retribuí a visita. Sexo, bom sexo. Depois vai ao banheiro, sem falar nada. De todas as tentativas, de todas as possibilidades, aquela idéia que teve enquanto mijava era a melhor e mais atrevida de todas. Saiu do banheiro, apagou a luz e foi, tateando, em direção ao quarto da amiga. Sabia que não iriam acordá-lo. Teriam medo. A porta estava fechada, mas não trancada. Entrou. Não enxergava absolutamente nada. esperou alguns segundos para dar o primeiro passo. Tentou lembrar onde era a cama da amiga. Hesitou após o primeiro passo. E se ela acordasse ou se ela levasse um susto? Seguiu, mais alguns passos. Não levantava os pés descalços, arrastava-os vagarosamente em direção a cama. Chutou alguma coisa, provavelmente um chinelo. Estava chegando. Com as mãos procura a cama. Não acha. Mais um passo, desse vez com o pé esquerdo. Agora sim, toca o cobertor. A moça se move. Ele não sabe bem o que fazer. Resolve sentar na cama, perto dos pés dela. O coração palpita de forma alucinada. Tenta se acalmar, respira mais devagar. Abre os olhos e fecha os olhos. Não faz diferença. As mãos estão úmidas. Coloca a mão direita sobre os pés dela, que estavam tapados somente com o lençol. Fecha os olhos, talvez com vergonha. Passa a mão nos pés dela. Vestia meia. Sobe, em direção a panturrilha. Sente a pele macia, hidratada e depilada. Ela se move. Ele retira a mão. Ela se move novamente. Silêncio. Ajeita o travesseiro, ergue-se um pouco. Ele percebe que está sendo observado. Já não sabe se pela parceira que teria ficado adormecida e poderia espiar pela porta que ficara entreaberta, ou pela sonolenta que, que parecia tentar entender quem estava aos pés da sua cama de solteira. Arrisca e recoloca a mão no mesmo lugar que havia colocado. A respiração dela já não é profunda, mas ela está imóvel. Ele segue fazendo um carinho. Ela move a perna tocada, encostando o pé na coxa dele. Ele então passa a mão pela canela exposta e segue até o joelho. Ele já não tem dúvidas: ela está acordada. Passeia os dedos pela panturrilha torneada da moça. A perna direta dela está encolhida, em formado de ‘L’. A outra esticada. Ele troca de perna, deixando-a destapada até a altura das coxas. Acaricia com mais vontade, cada vez mais preocupando-se menos com os movimentos. Não restavam dúvidas, ela estava acordada.
Não estava ofegante, já havia relaxado. Precisava agir. Não poderia ficar toda noite ali. O pior já teria passado. Ela o viu, e fingia estar adormecida. Então ajoelha-se no chão, encurva-se sobre ela. Sente o cheiro do hidratante. Encosta os lábios na pele macia. Beija suavemente suas pernas. Passa a língua. Sente sua pele ficar arrepiada. Era o sinal que precisava para avançar. Sobe os beijos acima do joelho. Ela corresponde, permite que ele avance. Sobe as mãos até os quadris, e sente a calcinha de algodão minúscula. Passa a língua pelas coxas, na parte interna. Ela solta um suspiro, quase um gemido. Com as duas mãos a segura pelos quadris. Aproxima-se da calcinha. Sente o cheiro. Gostava do cheiro. Beija, lambe, sobre a calcinha de algodão. Ela estava molhada. Sente o gosto molhado que ultrapassa roupa íntima. Brinca sobre o tecido por alguns minutos. Se estivesse acordada, ela já o teria mandando tirar a calcinha. Mas, ele apenas arreda a calcinha, com a mão direita a parte superior, com a esquerda a parte de baixo. Agora sim, sente o cheiro, o gosto e a maciez. Ela já não escondia o prazer que sentia. Gemia descaradamente. Ficaram assim, até ela gozar. Tempo suficiente para deixá-lo com o maxilar adormecido. Ele colocou a calcinha no lugar. Ela não falou nada. Apenas, cobriu-se com o lençol. Enxugou-se no lençol. Ergue a cabeça. Move o pescoço pra trás, depois pra frente, tal qual aprendeu na ginástica laboral. Para o lado esquerdo, depois para o direito. Foi quando percebeu um vulto, na porta entreaberta. Haviam sido observados. Resolve voltar pra cama.
Algumas coisas são difíceis de se explicar. O que acontecia entre os dois era bom. O que aconteceu entre os três, foi diferente, nunca mais se repetiu. Nenhum dos três ousou tocar no assunto. E a noite foi interminável para o Roger, que dessa vez não conseguia dormir, mas que definitivamente não era um sonâmbulo.
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
51 reais
Tudo tem um limite. O corpo humano tem um também. Depois de sair, dançar e beber a noite inteira, um café bebido, por volta das 7 da matina e rumo a uma saída de campo da faculdade. O ônibus saía as 9 horas e a professora exigia pontualidade. Embarca, senta, viaja, levanta, desce, visita, embarca, senta, viaja, desce, visita... Um passeio sem fim para quem não havia dormido na noite anterior.
A tardinha, exausto, chega ao ponto de partida. Vai pra casa, toma um banho, coloca o terno. Olha no espelho e pensa:
- Puta merda! To acabado! Não devia ter saído. Muito menos bebido.
Faz a barba pra melhorar o visual. Pouco consegue.
Segue atrasado pra formatura. Lembra que não comprou presente. Passa na rodoviária, vai ao caixa automático e saca cinqüenta e um reais. Ainda existia nota de um real na época. Cinqüenta pro presente e um real pro pedinte que irá “cuidar” o carro durante a noite. Dirige em direção a uma floricultura qualquer. Lembra que na avenida principal sempre ficam abertas até mais tarde para o atendimento dos atrasados, esquecidos e desorganizados como ele. Compra flores propícias pra ocasião, segundo a vendedora.
Procura uma vaga entre o auditório e o local onde a formanda recepcionaria os convidados. Assim economizaria tempo e usaria o real sacado. Demora a encontrar uma vaga, por fim estaciona o auto. Perde muito tempo. Auditório pequeno, chega atrasado, e assiste em pé e pelo telão a colação de grau. Encontra um casal de amigos e aguarda do lado de fora do auditório a hora de cumprimentar a nova arquiteta.
- Parabéns! Te desejo muito sucesso! - era o que sempre dizia nessas ocasiões.
Acompanha o casal a pé até o local da recepção. Pede uma cerveja na tentativa de enganar o cansaço. Espera os salgadinhos bebendo cerveja. Faz calor, muito calor! Mais bebe do que come. A certa altura repara que só há casais na festa. Exceto uma conhecida, amiga da família, que também acompanhava um casal. Dois avulsos na festa. Bebe mais um pouco pra se aproximar, ensaia a frase, pede licença ao casal de amigos e vai em direção a única solteira da festa.
- Olá, boa noite! - cumprimenta a todos na mesa - Já reparou que nós somos os únicos solteiros da festa? - pergunta à moça.
Ela olha em volta e diz, surpresa:
- É verdade! Não tinha percebido.
- Se quiser sentar conosco, estamos naquela mesa. - aponta com o indicador.
- Ok. Pode deixar! - desdenha a moça.
Por volta das 22 horas, com a formanda já presente no ambiente, a moça junta-se ao exausto rapaz e ao casal, já devidamente apresentados.
- Mais uma cerveja! E mais um copo! - pede a donzela, nem tão donzela assim.
Próximo da meia noite, cessa a música ambiente, dando lugar a música ao vivo. Um conjunto que tocava todos os tipos de músicas, daqueles que agradam dos avós da formanda, até os bebês de colo. O casal de namorados e o casal de solteiros aproximam-se do palco e dançam. Entre uma cerveja e outra o casal de solteiros beijam-se e passam a ser o único casal de ficastes da festa. Até as 3 horas e pouco, o guerreiro disfarça os bocejos e o cansaço. Quando não consegue mais, usa um argumento bastante plausível para ir embora:
- Tu não queres ir pra minha casa?
- Tá louco! E tua mãe! - retruca.
- Não ta em casa. Foi em uma formatura em outra cidade. Vamos? - insiste.
- Mais uma cerveja! - pede a moça ao garçom. - Vamos tomar a saidera, então! Ok?
- Claro...
Negócio fechado! Já sabia do interesse da moça quando freqüentava a sua casa. Era questão de oportunidade. O problema é que, as vezes, as oportunidades aparecem em momentos pouco apropriados. Enquanto a moça bebia e dançava de forma inquietante, o rapaz mantinha-se em pé, e mais: esforçava-se em permanecer acordado. O outro casal já tinha ido embora. Casais de namorados geralmente saem mais cedo das festas do que os solteiros. Meia hora depois, despedem-se da formanda, não menos cansada, e de sua família e procuram o carro estacionado nas cercanias.
A caminho de casa, a moça deixa claroque não estavam a caminho de casa para dormir de conchinha:
- Tu tens camisinha?
- Não! Precisa? - pergunta, mas não perde tempo aguardando a resposta. - Vamos passar na farmácia pra comprar.
Chega em casa próximo das 4 horas. Nesta altura, já duvidava do seu desempenho sexual, tal qual o cansaço que sentia. Bem diferente da moça, que dançou boa parte da noite com os pés descalços e parecia, naquela hora, muito desperta. Contudo, não passa pela cabeça a possibilidade de desistir. Não sem tentar. E ela valia o esforço. Bonita, inteligente, cheirosa, dançava bem e beijava bem. Teoriza que se ela dança bem e beija bem tem que trepar melhor ainda.
Coloca a camisinha e surpreende-se consigo. Deve ser por causa do futebolzinho que tem jogado nesse verão. Sente-se bem, em forma, mesmo com a barriguinha de chope. Como era de se esperar, goza e apaga nos braços da nova amada.
Acorda com uma bela chupada. Impressionante a capacidade que nós homens temos de ter ereção mesmo dormindo. Por baixo, transa pela segunda vez com a moça, que, diferente dele, deve ter dormido na noite anterior. Dessa vez, sem camisinha. Apenas esforça-se em manter a ereção. Tinha razão. Ela era muito boa.
- Cinqüenta e um reais!! - grita ele, acordando a si mesmo e interrompendo o vai e vem da moça.
- Cinqüenta e um reais? - indaga surpresa.
- O quê?!?! - indaga ele, já acordado - Do que tu ta falando?
- Tu falou isso: cinqüenta e um reais! - responde.
- Eu?!?! Capaz... Continua aí... Não para não...
Ela continua. Ele consegue evitar o sono até gozarem juntos, e os dois dormem até umas 7 horas.
- Psiu!! Acorda!!! Tenho que ir pra casa! Acorda! - diz ela o sacudindo.
- Dorme aí! Almoça aí! - responde virando pro lado.
- Acorda! Minha mãe me mata se souber que dormi fora de casa. Me leva lá ou chama um táxi! - impõe.
- Que táxi! Não tem táxi por aqui a essa hora. Deixa que eu te levo. - assim define, ao abrir os olhos.
Levanta. Escova os dentes. Tinha um gosto de tampa de cerveja no paladar. Vai a cozinha, pega uma água. Talvez precisasse hidratar o organismo com uma piscina e não com uma mera garrafinha de água mineral. Antes de sair, percebe que o molho de chaves da sua mãe está sobre a estante. Abre a porta e o portão e saí.
Com muita dificuldade de manter os olhos abertos devido ao sono, ao cansaço e ao álcool, deixa a cinderela em casa, só que bem depois da meia noite. Ela sai do carro, ajeita o vestido e procura a chave numa bolsa minúscula, onde talvez só coubesse a própria chave. Observa as panturrilhas torneadas, a pele branca. Segue o contorno do vestido verde, a cintura fina. Os braços macios que acabara de tocar, o cabelo comprido e castanhos que ficavam entre a cintura e os ombros... Achou a chave! Abriu o portão, olhou discretamente e abanou com mais discrição ainda.
Do retorno pra casa, pouco lembra. Entre um gole e outro da água colhida na torneira, quase bateu o carro no mínimo três vezes, no cordão da calçada. Mesmo com os vidros abaixados não controlava o sono. Molha a mão esquerda e umedece o rosto e o pescoço. Chega em casa e apaga sobre a cama que ainda cheirava a sexo.
- Meu filho! Acorda! Come alguma coisa e depois tu voltas a dormir. Já são 5 horas da tarde. - avisa a mãe.
Por volta das 18 horas vai até a cozinha e almoça. Ou janta? A fome só não era maior do que a sede.
- Meu filho, tu tens que tomar mais cuidado. Cheguei em casa umas 5 horas da manhã e a casa tava toda aberta. O carro na rua aberto. O cachorro na rua, solto.
Lembra que havia deixado a porta do quarto escancarada. E que a moça era conhecida da família. Não importa. A maior preocupação era a reputação abalada, após uma cochilada durante o sexo.
- Alô! Oi. Sou eu. Não te assusta. Não engravidei. - ri ela do outro da linha. - Só liguei pra te dar um ‘oi’.
Imagina se ela engravida. Já ouvi muitas coisas, mas nunca vi engravidar uma mulher dormindo.
A tardinha, exausto, chega ao ponto de partida. Vai pra casa, toma um banho, coloca o terno. Olha no espelho e pensa:
- Puta merda! To acabado! Não devia ter saído. Muito menos bebido.
Faz a barba pra melhorar o visual. Pouco consegue.
Segue atrasado pra formatura. Lembra que não comprou presente. Passa na rodoviária, vai ao caixa automático e saca cinqüenta e um reais. Ainda existia nota de um real na época. Cinqüenta pro presente e um real pro pedinte que irá “cuidar” o carro durante a noite. Dirige em direção a uma floricultura qualquer. Lembra que na avenida principal sempre ficam abertas até mais tarde para o atendimento dos atrasados, esquecidos e desorganizados como ele. Compra flores propícias pra ocasião, segundo a vendedora.
Procura uma vaga entre o auditório e o local onde a formanda recepcionaria os convidados. Assim economizaria tempo e usaria o real sacado. Demora a encontrar uma vaga, por fim estaciona o auto. Perde muito tempo. Auditório pequeno, chega atrasado, e assiste em pé e pelo telão a colação de grau. Encontra um casal de amigos e aguarda do lado de fora do auditório a hora de cumprimentar a nova arquiteta.
- Parabéns! Te desejo muito sucesso! - era o que sempre dizia nessas ocasiões.
Acompanha o casal a pé até o local da recepção. Pede uma cerveja na tentativa de enganar o cansaço. Espera os salgadinhos bebendo cerveja. Faz calor, muito calor! Mais bebe do que come. A certa altura repara que só há casais na festa. Exceto uma conhecida, amiga da família, que também acompanhava um casal. Dois avulsos na festa. Bebe mais um pouco pra se aproximar, ensaia a frase, pede licença ao casal de amigos e vai em direção a única solteira da festa.
- Olá, boa noite! - cumprimenta a todos na mesa - Já reparou que nós somos os únicos solteiros da festa? - pergunta à moça.
Ela olha em volta e diz, surpresa:
- É verdade! Não tinha percebido.
- Se quiser sentar conosco, estamos naquela mesa. - aponta com o indicador.
- Ok. Pode deixar! - desdenha a moça.
Por volta das 22 horas, com a formanda já presente no ambiente, a moça junta-se ao exausto rapaz e ao casal, já devidamente apresentados.
- Mais uma cerveja! E mais um copo! - pede a donzela, nem tão donzela assim.
Próximo da meia noite, cessa a música ambiente, dando lugar a música ao vivo. Um conjunto que tocava todos os tipos de músicas, daqueles que agradam dos avós da formanda, até os bebês de colo. O casal de namorados e o casal de solteiros aproximam-se do palco e dançam. Entre uma cerveja e outra o casal de solteiros beijam-se e passam a ser o único casal de ficastes da festa. Até as 3 horas e pouco, o guerreiro disfarça os bocejos e o cansaço. Quando não consegue mais, usa um argumento bastante plausível para ir embora:
- Tu não queres ir pra minha casa?
- Tá louco! E tua mãe! - retruca.
- Não ta em casa. Foi em uma formatura em outra cidade. Vamos? - insiste.
- Mais uma cerveja! - pede a moça ao garçom. - Vamos tomar a saidera, então! Ok?
- Claro...
Negócio fechado! Já sabia do interesse da moça quando freqüentava a sua casa. Era questão de oportunidade. O problema é que, as vezes, as oportunidades aparecem em momentos pouco apropriados. Enquanto a moça bebia e dançava de forma inquietante, o rapaz mantinha-se em pé, e mais: esforçava-se em permanecer acordado. O outro casal já tinha ido embora. Casais de namorados geralmente saem mais cedo das festas do que os solteiros. Meia hora depois, despedem-se da formanda, não menos cansada, e de sua família e procuram o carro estacionado nas cercanias.
A caminho de casa, a moça deixa claroque não estavam a caminho de casa para dormir de conchinha:
- Tu tens camisinha?
- Não! Precisa? - pergunta, mas não perde tempo aguardando a resposta. - Vamos passar na farmácia pra comprar.
Chega em casa próximo das 4 horas. Nesta altura, já duvidava do seu desempenho sexual, tal qual o cansaço que sentia. Bem diferente da moça, que dançou boa parte da noite com os pés descalços e parecia, naquela hora, muito desperta. Contudo, não passa pela cabeça a possibilidade de desistir. Não sem tentar. E ela valia o esforço. Bonita, inteligente, cheirosa, dançava bem e beijava bem. Teoriza que se ela dança bem e beija bem tem que trepar melhor ainda.
Coloca a camisinha e surpreende-se consigo. Deve ser por causa do futebolzinho que tem jogado nesse verão. Sente-se bem, em forma, mesmo com a barriguinha de chope. Como era de se esperar, goza e apaga nos braços da nova amada.
Acorda com uma bela chupada. Impressionante a capacidade que nós homens temos de ter ereção mesmo dormindo. Por baixo, transa pela segunda vez com a moça, que, diferente dele, deve ter dormido na noite anterior. Dessa vez, sem camisinha. Apenas esforça-se em manter a ereção. Tinha razão. Ela era muito boa.
- Cinqüenta e um reais!! - grita ele, acordando a si mesmo e interrompendo o vai e vem da moça.
- Cinqüenta e um reais? - indaga surpresa.
- O quê?!?! - indaga ele, já acordado - Do que tu ta falando?
- Tu falou isso: cinqüenta e um reais! - responde.
- Eu?!?! Capaz... Continua aí... Não para não...
Ela continua. Ele consegue evitar o sono até gozarem juntos, e os dois dormem até umas 7 horas.
- Psiu!! Acorda!!! Tenho que ir pra casa! Acorda! - diz ela o sacudindo.
- Dorme aí! Almoça aí! - responde virando pro lado.
- Acorda! Minha mãe me mata se souber que dormi fora de casa. Me leva lá ou chama um táxi! - impõe.
- Que táxi! Não tem táxi por aqui a essa hora. Deixa que eu te levo. - assim define, ao abrir os olhos.
Levanta. Escova os dentes. Tinha um gosto de tampa de cerveja no paladar. Vai a cozinha, pega uma água. Talvez precisasse hidratar o organismo com uma piscina e não com uma mera garrafinha de água mineral. Antes de sair, percebe que o molho de chaves da sua mãe está sobre a estante. Abre a porta e o portão e saí.
Com muita dificuldade de manter os olhos abertos devido ao sono, ao cansaço e ao álcool, deixa a cinderela em casa, só que bem depois da meia noite. Ela sai do carro, ajeita o vestido e procura a chave numa bolsa minúscula, onde talvez só coubesse a própria chave. Observa as panturrilhas torneadas, a pele branca. Segue o contorno do vestido verde, a cintura fina. Os braços macios que acabara de tocar, o cabelo comprido e castanhos que ficavam entre a cintura e os ombros... Achou a chave! Abriu o portão, olhou discretamente e abanou com mais discrição ainda.
Do retorno pra casa, pouco lembra. Entre um gole e outro da água colhida na torneira, quase bateu o carro no mínimo três vezes, no cordão da calçada. Mesmo com os vidros abaixados não controlava o sono. Molha a mão esquerda e umedece o rosto e o pescoço. Chega em casa e apaga sobre a cama que ainda cheirava a sexo.
- Meu filho! Acorda! Come alguma coisa e depois tu voltas a dormir. Já são 5 horas da tarde. - avisa a mãe.
Por volta das 18 horas vai até a cozinha e almoça. Ou janta? A fome só não era maior do que a sede.
- Meu filho, tu tens que tomar mais cuidado. Cheguei em casa umas 5 horas da manhã e a casa tava toda aberta. O carro na rua aberto. O cachorro na rua, solto.
Lembra que havia deixado a porta do quarto escancarada. E que a moça era conhecida da família. Não importa. A maior preocupação era a reputação abalada, após uma cochilada durante o sexo.
- Alô! Oi. Sou eu. Não te assusta. Não engravidei. - ri ela do outro da linha. - Só liguei pra te dar um ‘oi’.
Imagina se ela engravida. Já ouvi muitas coisas, mas nunca vi engravidar uma mulher dormindo.
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