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segunda-feira, 21 de março de 2011

nãos

Conto as boas, tenho que contar as ruins também: numa festa, pagodeira rolando, casais formados, outros se formando, restou eu e outra moça, uma moça bem mais ou menos. Parei de bater palminha e balançar os tornozelos e fui até ela:
- Tá todo mundo dançando, só nós parados. Vamos dançar?
- Eu gosto de ficar parada!
Fico abalado nessas situações. Por mais que eu saía, tenho dificuldade de ouvir um não. Principalmente um fora desses. Passei o resto da noite cabisbaixo, medroso, receoso e buscar um novo desafio. Se aquela feia bem mais ou menos me dispensou, o que diriam as mais ajeitadas.
Enfrento as mesmas dificuldade na área profissional. Sou um vendedor, ao menos deveria exercer a arte de vender. No entanto, um não termina com minha auto confiança. Sou um bosta mesmo! Ouvimos não sempre, até quando andamos nas ruas.
Uma vez perguntei para um especialista em trânsito da Secretaria de Trânsito de Pelotas, o porquê as placas de regulamentação utilizadas no município, em sua maioria, são as que dizem para onde você pode ir, e não as que proíbem dizendo onde você não pode ir.




A placa do meio pode ser entendida como obrigatório virar à esquerda ou à direita. Mas, aparece como uma proibição.

A explicação dele, baseada em algum referencial teórico, é que a tendência é de mostrar o que você deve fazer, e não o que você não pode fazer. Teóricos defendem menos proibições. Questão sociológica, talvez.
A moça que não quis dançar comigo dizendo que gosta de ficar parada agiu assim. Implicitamente disse-me um sonoro não. Implicitamente disse-me que eu não era seu tipo. Disse-me que não queria dançar, ao afirmar que adorava ficar parada numa festa. Agiu tal qual os teóricos, evitando nãos por aí.
Adiantou nada, me abalei da mesma forma. Entendem porra nenhuma esses teóricos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

o homem invisível

O grande barato desse blog, que algumas pessoas seguem, mas que ninguém lê, é que ele apresenta ao universo feminino, questões simples, para nós homens, mas que as vezes são veladas em nossa sociedade, não-sei-lá-bem-o-porquê. A insegurança dos homens, por exemplo. O Roger é um cara comum, inseguro como qualquer outro. Não é nem um Jorge Clunei, nem um Bréd Piti (não vou me prestar em procurar no Google o nome desses caras mais bonitos e mais ricos do que eu!). Tampouco tem fãs espalhadas pelo mundo como o ator do filme Crepúsculo. Simplesmente, ele é um mané, como todos os outros que andam por aí. O que não o impede de participar e procurar histórias excêntricas por aí, até porque, sempre tem alguma interessada em algum cara nesse mundo.
Ocorre que nem sempre ele come alguém, nem sempre ele pega alguém. Na maioria das vezes, inclusive, não pega nada. Mas, as histórias do Blog não são todas as histórias. São apenas algumas histórias. Se juntasse toda grana gasta em festas que acabaram no zero a zero, o Roger teria uma boa poupança.
Não sei se alguém já passou por isso, e eu já passei, e é complicado. Você está deitado. Tenta dormir. Conta carneirinhos, e nada. Vira prum lado, vira para outro. E nada. O sono teima em não vir. A última tentativa é deitar virado para os “pés da cama”. Nada! Virar o travesseiro, ligar o ventilador, a televisão. Talvez abaixo de remédios o sono viesse. Daí você pensa:
- A festa deve tá boa!
Você levanta, escova os dentes, desamassa o cabelo, coloca uma roupa e vai. Foda-se! Durmo amanhã! E então vem a merda. Aconteceu com o Roger dias atrás. Chegou na festa, e de pronto fica na dúvida:
- Será uma festa ou um clássico do futebol brasileiro?
Só homem! Uma arquibancada de um jogo de futebol. Noventa por centro, homem. Festa só com homem exige duas coisas. A primeira é que o cara seja um ator de Hollywood. A segunda é paciência. Paciência porque aquela feia passa a ser bonita em questão de tempo. As bonitas passam a ser Angelinas Jolie. E mulher quando passa a se achar bonita fica difícil, beira a soberba. Empina o nariz, o ego cabeceia o teto. Muita calma nessa hora, por que as vezes, a estrela brilha. O cara lá de cima olha para você e diz:
- Filho, você estava quase dormindo, no ninho familiar. Tivestes a perseverança de vires aqui, nessa festa. Então, vou presentear-te com uma companheira. Mas, sexo, só depois do casamento, pois postaram esse detalhe na bíblia!!
Mas, aquela dia, nem isso. E lá estava o Roger, insone, cara amassada, sóbrio e decepcionado. Faz o que qualquer um faria naquela hora. Pede uma cerveja, mesmo sem a menor vontade de tomar uma gelada. A cerveja tem esse poder, dentre outros, de ser a bengala para quem foi sozinho numa festa. Pede qualquer uma, pois o que importava era ter alguma ocupação para as mãos, para tirá-la dos bolsos. Sorve gole por gole, lentamente. A cerveja de qualidade, desce atravessada, já que os olhos não viam nada de interessante. O ingresso estava pago. O cansaço e o sono ainda não haviam comparecido. Restava esperar o tempo passar. Nenhuma, das miseras mulheres, olhava. Nada. Falou sozinho, consigo mesmo:
- O quê que eu estou fazendo aqui? Era melhor ter batido uma punheta do que ter vindo nessa merda!!
A banda era boa, mas diante das circunstâncias, era uma bosta desnecessária. Que cessassem a música. Que chegasse um ônibus lotado de garotas de programa. Que faltasse luz, e devolvessem a grana. Procurou o disjuntor, mas ao seu lado havia um segurança. Desistiu. Começou a arrotar. Sim, homens arrotam discretamente em festas. Se jantou e bebeu cerveja então, arrotam em dobro. Arrotam dentro do copo de cerveja, para disfarçar. Arrotam por cima do ombro da mulher que lhe faz companhia. O cara dá uma bicotinha, e abraça a mulher num gesto carinhoso, porém, sobre o ombro, arrota silenciosamente. Homens arrotam de diversas formas. O Roger, numa fração de segundos pensou em arrotar e soltar devagarzinho, soprando. Fechou os olhos, arrotou para dentro e foi soltando o ar do arroto bem devagar. Abre os olhos e vê uma fila de mulheres aproveitáveis cruzando a sua frente. Uma loira, uma morena, outra loira... Fudeu, pensou. Eram quatro. Menos quatro, pensou. Fudeu de vez. Era melhor ter peidado.
A noite era terrível. Diante do já exposto, percebe ao seu lado, olhares. Quatro olhos. Olhos pertencentes a dois homens gays, que comentavam sobre o Roger, que estava coçando o umbigo, com a camiseta levantada. Ele faz cara de desdém, arrota de novo e troca de lugar. Que noite, pensa. Era melhor ter ficado em casa. Sentiu-se invisível. Mas não era. Para sair da festa ainda teve de pagar a consumação.