segunda-feira, 30 de novembro de 2009

o buço

Na pré-adolescência, Roger não quis ficar com uma menina que tinha um buço avantajado. Mas, não era um buço qualquer, era quase um bigode. Ela esteve apaixonada pelo Roger. Ele desdenhou. A moça não chegava a ser feia. Filha de uma das mulheres mais lindas do bairro, um viúva, embora nova; a moça tinha os traços da mãe, mas provavelmente o bigode do pai. Cansou de ser desdenhada, e um dia raspou o bigode com gilete. Ficou mais apresentável, até que os cotocos da barba voltaram a crescer. Buço por fazer, numa menina de 15 ou 16 anos. Roger não teve coragem. Uma vez ela foi lhe visitar, ficaram conversando, sozinhos, dentro de casa. E nada.
Até que um fato mudou sua vida. Certa vez o Veríssimo (Luis Fernando) escreveu em sua coluna dominical do Jornal Zero Hora que a principal função dos seres humanos era levar os nossos órgãos sexuais ao coito. Escrevera na ocasião que os homens levariam seus pênis - por que pênis é no plural se temos apenas um? - ao encontro de vaginas transportadas pelas mulheres.
Assim, Freud já teorizava, tudo gira em torno do sexo. Para isso os humanos, saem para jantar, bebem, dançam, usavam perfume, roupas caras... alguns, submetem-se a ir a batizados, enterros e outros eventos sócias um tanto quanto chatos. Outros humanos conhecem a família do cônjuge, desde seus pais, seus irmãos, cunhados o cachorro, e etc. Acredito os humanos mantenham essas relações para, apenas, terem uma foda garantida.
Creio que o escritor supracitado não faça idéia, mas pro Roger, ler essas palavras num domingo de sol foi como se Jesus Cristo aconselhasse seus apóstolos na santa ceia. Isso é engraçado, por que já leu artigos sobre guerra e nunca quis ser um soldado. Histórias como esta formaram a personalidade do pequeno Roger e o influenciaram no seu levantar matinal de cada dia. Veríssimo e seus textos, foram os responsáveis pela mudança radical nos hábitos do garoto Roger.
Depois cresceu sempre envolvido por um rabo de saia. Não chegou a ser um tarado que impusesse alguma força física, apenas um tarado atento as oportunidades que tinha de aproximar-se de uma humana. Nunca mais perdeu uma oportunidade sequer. Eu disse nunca mais. E o tempo foi generoso com a menina do buço. Cresceu, amadureceu e tornou-se um belo exemplar da espécie, tal qual sua mãe. Gostosa, alta, seios firmes, corpo bem desenhado, charmosa. E sem buço. Nadinha de buço. Perfeita.
Roger amadureceu, e ainda não perdoa sua atitude infantil, sua falta de visão sobre as mulheres. Nunca conseguiu digerir a oportunidade perdida. Implora todas as noites para que o destino lhe dê uma segunda chance, uma outra oportunidade para pedir perdão, apresentar suas escusas. Mas, no fundo sabe que nunca mais terá a oportunidade de levá-la pra jantar, pra dançar, ou em qualquer outro evento social, tampouco terá a sorte de cumprir nossa única função aqui na terra, e levar seu pêni (sic) até a vagina da mulher linda, perfeita, que um dia teve um buço.

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