sábado, 7 de maio de 2011

click

Estou com problemas. Bom, talvez isso não seja novidade para quem convive comigo. Mas, desta vez, estou com problemas mais complexos. Já havia percebido que eu estava diferente. Costumo ficar assim no início do inverno, porém nesse inverno meus problemas estão mais intensos. Percebi isso hoje, enquanto assistia (de novo) ao filme Click.
O filme tem cinco partes engraçadas, descontraídas. E uma triste, agoniante. Meus olhos marejaram em uma engraçada. E chorei copiosamente na triste. Uma sensibilidade quase gay.
Acontece que gosto do filme. O filme tem uma mensagem, que talvez passe imperceptível às pessoas. Acho que todo mundo viu o filme, né? O cara consegue um controle remoto mágico onde pode avançar ou retroagir no tempo e tal, lembram? Pois a mensagem implícita está na forma como aproveitamos o nosso tempo. No filme, o personagem avança no tempo, e em determinado momento, o controle remoto avança o tempo por conta própria, para agonia do personagem. A vida ocorre sem problemas, sem dificuldades, sem discussões.
Aí me bate o desespero. Não tenho controle remoto nenhum, e o tempo parece avançar num apertar de botões. Tenho a impressão que não aproveitei meus avós, meus pais, meus afilhados, minha família, meus amigos e minha infância. Ontem, tentava me lembrar de alguma história divertida da minha infância ou adolescência e não lembrei. Talvez por fazer muito tempo, é verdade. Mas, ainda tenho boa memória. Espero não ser o único a ter essa sensação. A sensação que o tempo voa. A impressão que não vivi o suficiente para ter vivido por 30(!) anos. Pode ser uma crise existencial de um trintão, pode sim. Mas como explicar que já sentia isso ano passado ou retrasado? Será que passei muito tempo embriagado e não aproveitei a vida? Será que vivemos intensamente o suficiente para morrermos satisfeitos? Eu ainda não posso morrer ainda.
Estou me sentindo uma Lya Luft. Detesto ler a Lya Luft. O que me consola é escrever aqui e economizar com a terapia. Se tivesse um controle remoto apertaria o slow motion.

3 comentários:

  1. ADOREI!!!!
    Ainda mais agora, que é meu ultimo ano na facul, to começando a ficar com um medo das mudanças, das distâncias, da saudade!!
    Muito bom... bjs

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  2. Apesar de estarmos na mesma faixa etária, não me sinto total assim. Lembro com muita felicidade da minha infância e de coisas muito legais que aproveitem. Assim como na minha pré adolescência, vive estas fases constantamente. Um pouco apagada está a minha adolescência talvez por ter trabalhado demais e ser muito sério, mas quando passei para a fase adulta creiou que recompensei. Sinto me hoje só atrás do tempo, parace q as próximas fases não chegam nunca, que já aproveitei bastante do que tinha que aproveitar desta.. vou parar por aqui, senão vou ficar filosofando horas sozinhas...

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  3. Desconfiamos que a idade pesa quando:
    - ficar em fila pra entrar em festa já não faz mais parte do divertimento;
    - a beleza vira critério de 17a ordem, na lista de prioridades no par que procuramos;
    - olhamos para uma criança e dizemos "tu tá grande, ein?!";
    - paramos de ser convidados para os aniversários de 15 anos e passamos a ir nas formaturas;
    - paramos de ser convidados para as formaturas, e passamos a ser convidados para casamentos;
    - dos casamentos (não paramos de ser convidados para eles), agregamos os convites de aniversários infantis;
    - e, por fim, voltamos a ser convidados para os aniversários de 15 anos.
    Com licença, vou ali colocar meu creme para contorno dos olhos que uso antes de dormir...

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