Tem coisas que só acontecem com o Roger. Aquelas histórias cinematográficas de Hollywood, aqueles dramalhões das novelas mexicanas. Tudo acontece na vida dele, ao acaso.
Esses dias saiu com um casal de amigos. Reclamava para o casal que nenhuma mulher olhava para ele naquela festa. Foi orientado a olhar para as mulheres certas, aquelas dispostas a reciprocidade. Certamente, sempre tem alguém para alguém nesse mundo, disseram. As vezes demoramos a encontrar, ou não percebemos. Cito o único poeta que leio e gosto:
da felicidade
"Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!"
Mário Quintana
Voltemos a essa história difícil de contar, de tão improvável. Naquela festa, invicto, imperceptível e intocável, Roger escorou-se no balcão, para bebericar a última e derradeira ceva. Foi quando uma moça se aproximou e disse:
- Oi. Minha amiga quer saber teu nome.
- Qual amiga? - perguntou ele descrente e amargurado.
- Não posso dizer. - esquivou-se a amiga-correio.
- Então diz pra ela que sou o João. - inventou, antes de retirar-se da festa.
No dia seguinte, habitué de seus afazeres, perambulou pelo Orkut dos amigos, até encontrar uma amiga de um deles, uma menina linda, e que tinha seu sobrenome. Era raro encontrar alguém com seu sobrenome. Curioso, tomou coragem de invadir o espaço da provável parente. Olhou as fotos, encantou-se, mas voltou a sua navegação normal.
No dia seguinte, observou que a menina que tinha o mesmo sobrenome havia retribuído a visita no seu Orkut. Interessante saber quem fuxica no seu Orkut, não é? Retribuiu e certificou-se da sua beleza. Era bonita mesmo, a ponto de ter vontade de visitar suas fotos diariamente. Saiu, torcendo para que ela retribuísse novamente a visita. No dia seguinte, correu para a internet. Bingo! O Orkut apontava nas visitas recentes o nome dela. Era a hora do bote. Não havia mais como protelar. Adicionou com a seguinte frase de adição:
“oi. vi seu orkut, através de amigos em comum. acho que jah te vi em alguma festa. resolvi add. Bjs”
Fazendo jus ao sobrenome, simpaticamente, ela aceitou o convite. De imediato, ele pediu o MSN, já que precisava manter contato. Mas, o tempo protelou um encontro casual e concomitante na internet. Por cerca de uma semana, aguardou pela moça do mesmo sobrenome, conectado e atento ao entra e sai do MSN.
A insistência deu resultado e finalmente puderam conversar. Conversa de protocolo, daquelas formais de apresentação. Ele já havia adicionado. Evidentemente ela sabia de seus interesses, que saliento, não era relacionado aos laços consangüíneos.
- Quando vais deixar eu te conhecer? - atacou o aguerrido Roger.
- Quando você quiser.
- Agora! - cravou.
A teoria diz que devemos tomar decisões incisivas, demonstrar iniciativa, deixar claro que não estamos para brincadeiras, afinal, somos homens ou um saco de batata? Sei da teoria, é claro, pois acho que sou um saco de batata.
Encontro marcado, hora combinada. Finalmente ele iria encontrar a moça do sobrenome idêntico. Não eram parentes, é bom que se diga. Sem dúvida ela fazia parte da uma casta mais embelezada da família, talvez qualificada durante a eugenização do sobrenome. Linda, simpática e com um bom papo, a moça fez uma revelação, que dá nome a esse texto:
- Eu só não entendo como você me adicionou no Orkut.
- Como assim? - questionou, pois já havia explicado que fora através de amigos em comum.
- O que eu não entendo é como você sabia que eu havia pedido para a minha amiga perguntar o seu nome naquela festa em que você estava escorado num balcão. Ou não sabia?
- Hã! Não acredito nisso! Juro que não sabia. É muita coincidência.
- Pois é. Também não entendi o porquê você mentiu o seu nome, não é Seu João?!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
lembranças de um guri
Quando era guri, fui apaixonado por uma colega minha. Uma coleguinha de aula. Não digo na lata de quem se trata, pois hoje é uma mulher casada, vários filhos e as carnes já não são mais as mesmas. Infelizmente.
Costumava homenageá-la diariamente. As vezes, mais do que diariamente. Ao acordar, antes de dormir. Lembro de uma vez, quando ela foi com uma saia rodada, tipo colegial. Subi a rampa do colégio atrás dela, e juro por Deus, foi sem querer, acabei vendo as nádegas dela. As bochechas das nádegas. As duas. Emudeci. Ensurdeci. Naquela manhã, bati uma no banheiro do colégio. A vontade que eu tinha era de correr atrás dela e apalpar aquela bunda redonda. Seria bom se a nós pudéssemos fazer tudo o que temos vontade, não é?
Na verdade, se ao menos ela soubesse da minha existência. Mas, ela não me enxergava. Estudamos na mesma classe, mas ela não fazia idéia de quem eu era. Eu não jogava futebol de salão, eu não jogava basquete, eu não jogava handebol. Não tocava violão, nenhum tambor, não tinha fama nem nada. Só tocava punhetas em homenagem a ela. Eu era um ninguém naquele colégio. Apenas mais um a comer a merenda.
Nas minhas fantasias, ela fazia o melhor sexo do mundo. Não sei como poderia saber disso, diante da minha virgindade notória. Mas, pelo que via nas revistas, ela era a melhor, a mais completa, a mais cheirosa, um retrato da perfeição. E eu era um virgem, tímido e cheio de acne. Teve uma vez que ela falou comigo. Que voz suave, macia. Ela disse:
- Dá licença, baixinho! Que saco! - e passou, deixando aquele aroma de talco no ar. É, as pessoas usavam talco naquela época.
Era uma mulher feita, mesmo na pré-adolescência. Tinha seios grandes e firmes, coxas angulosas. Fumava alguma coisa com o pessoal da grêmio estudantil, escondidos. Dizem que ela transava com o presidente do grêmio, mas na verdade, saía com o capitão do time de basquete. Talvez saísse com os dois. Ou com o time inteiro de basquete. Era bem safadinha, o que, além do corpaço, a diferenciava das outras. E isso nos alucinava.
Quando ela passava, todos se cutucavam. Era a aluna mais conhecida do colégio inteiro, juntando-se todos os turnos. E despertava inveja das outras, lânguidas, miúdas, sem seios e sem bunda. Falavam poucas e boas dela. Diziam cada coisa, que eu desejava muito que fosse verdade todas as noites antes de dormir.
Esses dias esbarrei com ela na balada. Ela me olhou. Já não era a mesma, menos da metade do que era, mas a reconheceria sob qualquer circunstância. A chamei pelo nome. Ela perguntou de onde eu a conhecia. Disse que não importava, e menti dizendo que ela estava cada vez melhor. Ela continuava fumando. Tragou e me olhou de cima a baixo. Eu sabia que ela havia engravidado cedo, nova. Sabia que sua vida noturna dava inveja ao Romário. Bebia parelho com o Pagodinho. E imaginei, continuava safada como fora na escola. Peguei, foi fácil. Transei, foi bom. Ela tinha algumas manias, nada bizarro. Gostava olhar no espelho. Olhou do início ao fim. Tinha prazer se olhar no espelho. Depois fomos embora. Ficamos de nos encontrar por aí, a esmo. Nunca mais a procurei. Preferi ficar com a lembrança das minhas punhetas, onde tudo era perfeito.
Costumava homenageá-la diariamente. As vezes, mais do que diariamente. Ao acordar, antes de dormir. Lembro de uma vez, quando ela foi com uma saia rodada, tipo colegial. Subi a rampa do colégio atrás dela, e juro por Deus, foi sem querer, acabei vendo as nádegas dela. As bochechas das nádegas. As duas. Emudeci. Ensurdeci. Naquela manhã, bati uma no banheiro do colégio. A vontade que eu tinha era de correr atrás dela e apalpar aquela bunda redonda. Seria bom se a nós pudéssemos fazer tudo o que temos vontade, não é?
Na verdade, se ao menos ela soubesse da minha existência. Mas, ela não me enxergava. Estudamos na mesma classe, mas ela não fazia idéia de quem eu era. Eu não jogava futebol de salão, eu não jogava basquete, eu não jogava handebol. Não tocava violão, nenhum tambor, não tinha fama nem nada. Só tocava punhetas em homenagem a ela. Eu era um ninguém naquele colégio. Apenas mais um a comer a merenda.
Nas minhas fantasias, ela fazia o melhor sexo do mundo. Não sei como poderia saber disso, diante da minha virgindade notória. Mas, pelo que via nas revistas, ela era a melhor, a mais completa, a mais cheirosa, um retrato da perfeição. E eu era um virgem, tímido e cheio de acne. Teve uma vez que ela falou comigo. Que voz suave, macia. Ela disse:
- Dá licença, baixinho! Que saco! - e passou, deixando aquele aroma de talco no ar. É, as pessoas usavam talco naquela época.
Era uma mulher feita, mesmo na pré-adolescência. Tinha seios grandes e firmes, coxas angulosas. Fumava alguma coisa com o pessoal da grêmio estudantil, escondidos. Dizem que ela transava com o presidente do grêmio, mas na verdade, saía com o capitão do time de basquete. Talvez saísse com os dois. Ou com o time inteiro de basquete. Era bem safadinha, o que, além do corpaço, a diferenciava das outras. E isso nos alucinava.
Quando ela passava, todos se cutucavam. Era a aluna mais conhecida do colégio inteiro, juntando-se todos os turnos. E despertava inveja das outras, lânguidas, miúdas, sem seios e sem bunda. Falavam poucas e boas dela. Diziam cada coisa, que eu desejava muito que fosse verdade todas as noites antes de dormir.
Esses dias esbarrei com ela na balada. Ela me olhou. Já não era a mesma, menos da metade do que era, mas a reconheceria sob qualquer circunstância. A chamei pelo nome. Ela perguntou de onde eu a conhecia. Disse que não importava, e menti dizendo que ela estava cada vez melhor. Ela continuava fumando. Tragou e me olhou de cima a baixo. Eu sabia que ela havia engravidado cedo, nova. Sabia que sua vida noturna dava inveja ao Romário. Bebia parelho com o Pagodinho. E imaginei, continuava safada como fora na escola. Peguei, foi fácil. Transei, foi bom. Ela tinha algumas manias, nada bizarro. Gostava olhar no espelho. Olhou do início ao fim. Tinha prazer se olhar no espelho. Depois fomos embora. Ficamos de nos encontrar por aí, a esmo. Nunca mais a procurei. Preferi ficar com a lembrança das minhas punhetas, onde tudo era perfeito.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
nosso lar?
Esses dias fui ao cinema, assistir Nosso Lar. Sou aficionado em cinema nacional, precisava relaxar e tinha cinco reais sobrando. Decidi arriscar. Digamos que foi um forte exercício assistir ao filme espírita, visto que sou um ateu convicto.
Sei que a religião é um tema polêmico e temo ser mal interpretado. Enfim, o País me permite não ter religião e não tenho. Assim economizo meu dinheiro. Opa, já criei polêmica! Enfim, ganho tão pouco dispensariam meu dízimo, bastava apresentar meu extrato bancário.
Para não dizer que eu não acredito em nada, digo que acredito na importância da igreja, embora ainda as ache menos importantes do que os times de futebol. Se bem que as empresas igrejas dão mais lucros do que as empresas times de futebol. Talvez por serem melhores administradas, ou por terem isenção de impostos.
Como ia dizendo, vejo que as igrejas amparam milhares de famílias, lhes dão esperanças e alentos. Isso é importante, já que o combalido governo é ineficaz nessa área. Ademais, elas aproximam os fiéis daquilo que chamam de Deus, com capslook acionado.
Dias atrás fui numa igreja. Na verdade, era um santuário. O que mais me encanta na Igreja Católica são as igrejas. Que opulência! Que acústica! Aliás, o que mais gosto numa igreja é o silêncio. Adoro ouvir o silêncio dentro das igrejas. É o silêncio que dá aquela sensação de paz, ao menos para mim. Tem gente que acredita que é a presença Dele.
O filme? Que filme? Ah, o filme espírita. Nosso Lar é um filme baseado num livro psicografado por um médico que encarnava (posso assim dizer?) no Chico Xavier. O livro eu não li, pois para determinadas coisas sou um analfabeto pleno e a leitura me dá sono. Sobre o filme, trata-se de uma realidade que os espíritas querem ver. Apenas isso, penso eu. O filme em si, e não falo da história, mas de cenários, de figurinos e de fotografia, é uma merda! Uma grande merda! Também, não poderia ser diferente, um filme espírita com luxúrias, grandes investimentos, seria no mínimo contraditório. Colocaria no hall dos filmes que não precisavam existir, não fossem os empregos que geraram. Algo do tipo 'Sérgio Malandro e o Inspetor Faustão', que espero que ninguém tenha visto.
Quanto a história do Nosso Lar, tem passagens bizarras. O passeio que o personagem principal, o Dr. André Luis, faz numa espécie de táxi aéreo/balão mágico é uma das coisas mais imaginativas que já vi. As cenas do purgatório, ou algo com mesmo significado e outro nome, são da dar dó. Enfim, geraram empregos, movimentaram a economia. E não vou morrer por cinco pila. Agora, se morresse, não iria gostar daquele meu lar noutra esfera.
Não sou um cara curioso. Sei que vim dos meus pais, que vieram dos meus avós, que por sua vez, vieram dos meus bisavós. E foi através do sexo, não se deixem enganar por costelas. Não vou muito adiante, pois não responderia todas as minhas dúvidas, que confesso, não chegam a uma ou duas. Não frequento a igreja, não sigo nenhuma religião e não acredito em deus. Soará como arrogância, eu sei, mas não preciso, tenho meus amigos, oras!, e agradeço a Deus por isso. Ops, me perdi.
Percebo que um ateu pode fazer bem aos outros e a si mesmo, tanto quanto e as vezes até mais do que um religioso. Qual minha contribuição para a sociedade? Bem, eu doo centavos das faturas dos meus cartões de crédito para que uma ONG plante árvores. Árvores são reais, me dão sobra, viram chalés, estantes, algodão, papel. Árvores são reais. Por outro lado, os ateus costumam respeitar mais a religião dos outros, pois aceitamos as diferenças, exatamente por que não aceitam nosso ceticismo. E teimam em me assustar:
- Um dia tu vais acreditar Nele!
Ou então:
- Quando você precisar Dele, você vai acreditar.
Dias depois, assisti Tropa de Elite, o segundo filme. Trata-se de um filme sobre o que a sociedade não quer ver, mas é real como um paralelepípedo arremessado contra a nossa têmpora. Exatamente o oposto do fantasioso filme espírita.
Nota de rodapé: assisti ao filme do Chico Xavier. Filmaço! Recomendo. Chorei, é claro. Pois, surpreendam-se, os ateus também choram.
Sei que a religião é um tema polêmico e temo ser mal interpretado. Enfim, o País me permite não ter religião e não tenho. Assim economizo meu dinheiro. Opa, já criei polêmica! Enfim, ganho tão pouco dispensariam meu dízimo, bastava apresentar meu extrato bancário.
Para não dizer que eu não acredito em nada, digo que acredito na importância da igreja, embora ainda as ache menos importantes do que os times de futebol. Se bem que as empresas igrejas dão mais lucros do que as empresas times de futebol. Talvez por serem melhores administradas, ou por terem isenção de impostos.
Como ia dizendo, vejo que as igrejas amparam milhares de famílias, lhes dão esperanças e alentos. Isso é importante, já que o combalido governo é ineficaz nessa área. Ademais, elas aproximam os fiéis daquilo que chamam de Deus, com capslook acionado.
Dias atrás fui numa igreja. Na verdade, era um santuário. O que mais me encanta na Igreja Católica são as igrejas. Que opulência! Que acústica! Aliás, o que mais gosto numa igreja é o silêncio. Adoro ouvir o silêncio dentro das igrejas. É o silêncio que dá aquela sensação de paz, ao menos para mim. Tem gente que acredita que é a presença Dele.
O filme? Que filme? Ah, o filme espírita. Nosso Lar é um filme baseado num livro psicografado por um médico que encarnava (posso assim dizer?) no Chico Xavier. O livro eu não li, pois para determinadas coisas sou um analfabeto pleno e a leitura me dá sono. Sobre o filme, trata-se de uma realidade que os espíritas querem ver. Apenas isso, penso eu. O filme em si, e não falo da história, mas de cenários, de figurinos e de fotografia, é uma merda! Uma grande merda! Também, não poderia ser diferente, um filme espírita com luxúrias, grandes investimentos, seria no mínimo contraditório. Colocaria no hall dos filmes que não precisavam existir, não fossem os empregos que geraram. Algo do tipo 'Sérgio Malandro e o Inspetor Faustão', que espero que ninguém tenha visto.
Quanto a história do Nosso Lar, tem passagens bizarras. O passeio que o personagem principal, o Dr. André Luis, faz numa espécie de táxi aéreo/balão mágico é uma das coisas mais imaginativas que já vi. As cenas do purgatório, ou algo com mesmo significado e outro nome, são da dar dó. Enfim, geraram empregos, movimentaram a economia. E não vou morrer por cinco pila. Agora, se morresse, não iria gostar daquele meu lar noutra esfera.
Não sou um cara curioso. Sei que vim dos meus pais, que vieram dos meus avós, que por sua vez, vieram dos meus bisavós. E foi através do sexo, não se deixem enganar por costelas. Não vou muito adiante, pois não responderia todas as minhas dúvidas, que confesso, não chegam a uma ou duas. Não frequento a igreja, não sigo nenhuma religião e não acredito em deus. Soará como arrogância, eu sei, mas não preciso, tenho meus amigos, oras!, e agradeço a Deus por isso. Ops, me perdi.
Percebo que um ateu pode fazer bem aos outros e a si mesmo, tanto quanto e as vezes até mais do que um religioso. Qual minha contribuição para a sociedade? Bem, eu doo centavos das faturas dos meus cartões de crédito para que uma ONG plante árvores. Árvores são reais, me dão sobra, viram chalés, estantes, algodão, papel. Árvores são reais. Por outro lado, os ateus costumam respeitar mais a religião dos outros, pois aceitamos as diferenças, exatamente por que não aceitam nosso ceticismo. E teimam em me assustar:
- Um dia tu vais acreditar Nele!
Ou então:
- Quando você precisar Dele, você vai acreditar.
Dias depois, assisti Tropa de Elite, o segundo filme. Trata-se de um filme sobre o que a sociedade não quer ver, mas é real como um paralelepípedo arremessado contra a nossa têmpora. Exatamente o oposto do fantasioso filme espírita.
Nota de rodapé: assisti ao filme do Chico Xavier. Filmaço! Recomendo. Chorei, é claro. Pois, surpreendam-se, os ateus também choram.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
os curtas
Num cinema de uma cidade turística do interior, havia uma amostra de três premiados curtas-metragem internacionais. A cidade estava lotada de turistas, e no pequeno cinema do município histórico não era diferente. O Roger estava lá, acompanhado de uma amiga. Chegaram atrasado, pois bebiam cerveja antes de entrar no cinema. Não sabiam sequer, o que iriam assistir. De certo isso não importava.
O cinema estava lotado. Logo na entrada, o lanterninha avisou que só havia lugar disponível nas cadeiras, localizadas numa espécie de camarote sem divisórias, que ficavam ao lado das cadeiras. Sentaram bem ao fundo desse corredor superior, escondidos atrás de balaustres postos a cada vinte centímetros um do outro. Mais a frente, outras pessoas também estavam sentadas em cadeiras, próximas ao parapeito. As pessoas que estavam sentadas nas cadeiras do cinema, enxergavam quem estava nesse camarote, pelos vãos existentes dentre os balaústres, principalmente quando a luz da tela assim permitia.
O primeiro curta foi o único que viram. Ainda sim, não por completo. A amiga do Roger sentou-se a sua frente, mas colocou a cadeira um pouco ladeada, para que a sua mão pudesse acariciá-lo. Já no final do primeiro curta, ela abaixou a bermuda do rapaz, para sentir em sua mão direita o seu pau, começando a tocar uma punheta. Roger, mudo e imóvel, apenas fechou os olhos e escorou-se no parapeito para sentir o vai e vem da mão da moça, que volta e meia interrompia a masturbação para cuspir na sua mão e manter os movimentos de forma mais lubrificada.
A masturbação diminuiu de forma gradativa, ao acabar o segundo curta que foi seguido de aplausos pelos entusiasmados turistas cinéfilos ali presentes. Sem sobressaltos, iniciou o terceiro curta da noite. Roger não soube me dizer do que tratavam, mas não haviam intervalos. Era o filme e os créditos. Nesse ínterim, os aplausos. Pausa que servia para a amiga lambuzar os dedos e a palma da mão.
As vezes, Roger abria os olhos, olhava a sua direita e percebia que o cinema estava lotado. Percebia olhares desconfiados, de rabo de olho, nos clarões provocados pela tela do cinema. Era possível sim, que alguém estivesse vendo. Misturou a sensação de medo com o tesão, e seguiu o conselho da amiga, que aumentava a velocidade dos movimentos:
- Goza!
Roger fechou os olhos, pensou na loucura que era aquela situação e concentrou no atrito suave que a mão da amiga causava ao passar pela glande em alta velocidade e gozou, na mão da amiga, escorrendo esperma pela bermuda e respingando na camiseta. Fechou os olhos, e aguardou os aplausos. Havia acabado o terceiro curta da noite.
O cinema estava lotado. Logo na entrada, o lanterninha avisou que só havia lugar disponível nas cadeiras, localizadas numa espécie de camarote sem divisórias, que ficavam ao lado das cadeiras. Sentaram bem ao fundo desse corredor superior, escondidos atrás de balaustres postos a cada vinte centímetros um do outro. Mais a frente, outras pessoas também estavam sentadas em cadeiras, próximas ao parapeito. As pessoas que estavam sentadas nas cadeiras do cinema, enxergavam quem estava nesse camarote, pelos vãos existentes dentre os balaústres, principalmente quando a luz da tela assim permitia.
O primeiro curta foi o único que viram. Ainda sim, não por completo. A amiga do Roger sentou-se a sua frente, mas colocou a cadeira um pouco ladeada, para que a sua mão pudesse acariciá-lo. Já no final do primeiro curta, ela abaixou a bermuda do rapaz, para sentir em sua mão direita o seu pau, começando a tocar uma punheta. Roger, mudo e imóvel, apenas fechou os olhos e escorou-se no parapeito para sentir o vai e vem da mão da moça, que volta e meia interrompia a masturbação para cuspir na sua mão e manter os movimentos de forma mais lubrificada.
A masturbação diminuiu de forma gradativa, ao acabar o segundo curta que foi seguido de aplausos pelos entusiasmados turistas cinéfilos ali presentes. Sem sobressaltos, iniciou o terceiro curta da noite. Roger não soube me dizer do que tratavam, mas não haviam intervalos. Era o filme e os créditos. Nesse ínterim, os aplausos. Pausa que servia para a amiga lambuzar os dedos e a palma da mão.
As vezes, Roger abria os olhos, olhava a sua direita e percebia que o cinema estava lotado. Percebia olhares desconfiados, de rabo de olho, nos clarões provocados pela tela do cinema. Era possível sim, que alguém estivesse vendo. Misturou a sensação de medo com o tesão, e seguiu o conselho da amiga, que aumentava a velocidade dos movimentos:
- Goza!
Roger fechou os olhos, pensou na loucura que era aquela situação e concentrou no atrito suave que a mão da amiga causava ao passar pela glande em alta velocidade e gozou, na mão da amiga, escorrendo esperma pela bermuda e respingando na camiseta. Fechou os olhos, e aguardou os aplausos. Havia acabado o terceiro curta da noite.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
minha nudez
Lembro, como se fosse hoje, da primeira vez que uma mulher me viu nu. Não preciso dizer que estava vermelho. Ela, por sua vez, estava tranqüila, lidando com algo natural e rotineiro. No princípio, eu estava com os olhos fechados, mas lembro que ela tinha mãos fortes. Ainda me fez chorar, aquela enfermeira.
Pode ser que ela não fosse um modelo convencional de beleza, mas convenhamos, foi a primeira mulher que vi. Continuando na minha regressão, o que lembro é de um lugar pequeno e escuro. Ouvia vozes, mas não via ninguém. O lugar era melequento, gelatinoso. Por ali, tive de me acomodar durante nove longos meses. E sem internet, o que dificultou muito as coisas. Lembro que no dia em que conheci a enfermeira, já não havia mais espaço físico para eu continuar ali naquela bola de meleca quentinha. Estava exausto de ficar contorcido, tentava me acomodar, mas definitivamente, ou aquela bola crescia ou teria de sair dali, conhecer o mundo lá fora.
Foi nesse dia que me um cidadão enfiou um dedo na minha orelha. Apalpou. Depois enfiou outro dedo no meu olho, escorregou pro queixo. E do nada, me arrancou daquela da bolota em direção a uma luz. E que luz! Havia holofotes apontados para aquele túnel que percorri puxado pelo pescoço. Esse cidadão, que utilizava uma máscara - talvez para não ser identificado por mim no futuro - me entregou a tal enfermeira. Demorei a conseguir abrir os olhos, já que na esfera gosmenta vivi numa penumbra total por nove longos meses. O que facilitou minha visão, foram as lágrimas que correram após me baterem covardemente. A enfermeira, bastante ágil, segurou numa tacada só, meus dois pés pelos tornozelos. Imóvel e indefeso, me deram palmadas. Chorei como nunca havia chorado, para alegria de uma senhora de pernas abertas e felicidade dos vários mascarados que assistiam a tudo.
Lembro da enfermeira mascarada, que me deitou num pano branco e começou a retirar aquela gelatina que havia no meu corpanzil. Esfregava um pano úmido no meu corpo. Lembro do pano atrás das minhas orelhas. No meu suvaco, na virilha. Ai, como era bom na virilha. Talvez fosse imperceptível, mas meu tico ficou duro na hora. Ela continuou a esfregar as dobrinhas que havia nas minhas partes íntimas. Foi meu primeiro sorriso. Ela percebeu, e para se vingar, enfiou aquele pano na minha bunda. Imediatamente parei de sorrir. Acredito que devo ter sido identificado, já que ela colocou uma pulseira. Não pude ler, mas acho que dizia algo do tipo “macho”. Depois ela me apresentou àquela senhora que estava com as pernas abertas. Depois, pelo vidro, me exibiu a um senhor. Foi a última vez que vi aquela senhora mascarada, que abusou de mim no hospital, e depois sumiu da minha vida. Talvez seja ela a responsável pelas minhas fantasias com enfermeiras.
Pode ser que ela não fosse um modelo convencional de beleza, mas convenhamos, foi a primeira mulher que vi. Continuando na minha regressão, o que lembro é de um lugar pequeno e escuro. Ouvia vozes, mas não via ninguém. O lugar era melequento, gelatinoso. Por ali, tive de me acomodar durante nove longos meses. E sem internet, o que dificultou muito as coisas. Lembro que no dia em que conheci a enfermeira, já não havia mais espaço físico para eu continuar ali naquela bola de meleca quentinha. Estava exausto de ficar contorcido, tentava me acomodar, mas definitivamente, ou aquela bola crescia ou teria de sair dali, conhecer o mundo lá fora.
Foi nesse dia que me um cidadão enfiou um dedo na minha orelha. Apalpou. Depois enfiou outro dedo no meu olho, escorregou pro queixo. E do nada, me arrancou daquela da bolota em direção a uma luz. E que luz! Havia holofotes apontados para aquele túnel que percorri puxado pelo pescoço. Esse cidadão, que utilizava uma máscara - talvez para não ser identificado por mim no futuro - me entregou a tal enfermeira. Demorei a conseguir abrir os olhos, já que na esfera gosmenta vivi numa penumbra total por nove longos meses. O que facilitou minha visão, foram as lágrimas que correram após me baterem covardemente. A enfermeira, bastante ágil, segurou numa tacada só, meus dois pés pelos tornozelos. Imóvel e indefeso, me deram palmadas. Chorei como nunca havia chorado, para alegria de uma senhora de pernas abertas e felicidade dos vários mascarados que assistiam a tudo.
Lembro da enfermeira mascarada, que me deitou num pano branco e começou a retirar aquela gelatina que havia no meu corpanzil. Esfregava um pano úmido no meu corpo. Lembro do pano atrás das minhas orelhas. No meu suvaco, na virilha. Ai, como era bom na virilha. Talvez fosse imperceptível, mas meu tico ficou duro na hora. Ela continuou a esfregar as dobrinhas que havia nas minhas partes íntimas. Foi meu primeiro sorriso. Ela percebeu, e para se vingar, enfiou aquele pano na minha bunda. Imediatamente parei de sorrir. Acredito que devo ter sido identificado, já que ela colocou uma pulseira. Não pude ler, mas acho que dizia algo do tipo “macho”. Depois ela me apresentou àquela senhora que estava com as pernas abertas. Depois, pelo vidro, me exibiu a um senhor. Foi a última vez que vi aquela senhora mascarada, que abusou de mim no hospital, e depois sumiu da minha vida. Talvez seja ela a responsável pelas minhas fantasias com enfermeiras.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
a mulher fiel
A mulher fiel passou pela vida do Roger. Poderia ter passado e sumido, assim como passam várias diariamente. Mas, a internet os aproximou. Quando se conheceram tiveram o mesmo interesse, a vontade recíproca, trocaram olhares, aquela coisa toda, mas nada. Ela era fiel, casada, religiosa. E carioca! E as mulheres cariocas, dizem, são as melhores. Conheceram-se ao acaso. Conversaram e tal. Ela era linda, tinha um sotaque gostoso, carregado, era simpática. Mãe, mas com o corpo intacto. Não era alta, pelo contrário. E fiel, mesmo diante das crises que antecedem as separações.
Ela foi embora, para sua cidade. Perderam contato. Ele deixou de lembrar dela, no entanto, sem esquecê-la. Até que recebe um convite, pelo site de relacionamento no qual participava. Bem útil essas ferramentas tecnológicas que permitem esse tipo de aproximação entre as pessoas.
- Lembra de mim? - dizia ela no comentário da adição.
Lembrava. Tanto que deu vontade de revê-la. Mas, como? Se ela ao menos ela estivesse solteira. Conversaram mais algumas vezes, por outro programa de conversação, desses que todo mundo tem. Acredito que ainda no meio deste século registrarão as crianças com um nome e sobrenome, com RG, CPF e MSN. Todos os dados estarão registrados no mesmo cartão de identificação.
Ela estava casada ainda. Não havia se separado, porque sua filha era pequena e talicoisa. Mas, estava cada vez mais abandonada, carente. Roger não gostava de mulheres casadas. Contudo, solidarizava-se com as carentes. Preferia as solteiras que são menos complicadas. Mas, era impossível não gostar dessa. Um risco excitante, uma mulher apaixonante. Resolveu arriscar. Uma mulher fiel é algo que atraí. O perigo atraí, e mulheres fiéis são cada vez mais raras. Além disso conquistar uma mulher com princípios, convencê-la a mudar de idéia é um desafio, um desafio para um Roger.
- Tenho férias pra tirar no mês que vem. - comenta despretensiosamente.
- Vem pra cá? - provoca ela.
- Até iria, se tu não fostes fiel.
- Sei...
- Iria mesmo. Não duvide.
- Nunca vou trair meu marido com outro homem. Jamais! Enquanto for casada, serei fiel.
- Tenho onde ficar. Uma amiga mora aí. Mas, somente iria se valesse a pena.
- Então vem. Você não vai se arrepender.
Roger blefou. Não tinha grana. Como iria sair do extremo sul do Brasil e atravessar o Brasil? Era louco o suficiente, mas precisava de uma carona. Assim foi.
Comenta com um, depois com outro e conseguiu uma carona. Iria de caminhão, na primeira semana de férias. Teria de juntar dinheiro pra volta. Combinou com a amiga a hospedagem, arrumou a mala e foi. Nunca tinha andado de caminhão. Foi apresentado aos caminhoneiros no dia do embarque.
- Temos que carregar o caminhão, numa cidade do interior e depois vamos subir. Vai até aonde? Tem hora pra chegar lá? - pergunta o dono do caminhão.
- Não tenho pressa. Vamos indo e vejo onde vou descer. - diz Roger.
Poucas vezes sentiu-se tão confortável na estrada. Foi na janela, na carona. O ajudante do caminhoneiro, foi dormindo, na cama que existia na cabine.
- Pode colocar os pés no painel. Fica a vontade que a viagem é longa. - oferece o caminhoneiro. - Vai até aonde mesmo?
- Longe. - disse o Roger, com o pensamento na capital fluminense.
- Nós vamos até Jacareí, pode ser?
- Ótimo. - disse ele, sem sequer fazer a menor idéia de que Jacareí ficava em São Paulo.
Viagem longa, troca de motorista e uma viagem quase tranqüila. Tentava permanecer acordado o tempo todo, e o temporal que passara por Santa Catariana não o deixou cair em sono profundo. Na BR 101, pode observar os estragos do temporal, daqueles temporais que destroem tudo por lá. Árvores na estrada, casas destelhadas. A lua cheia iluminava à noite na estrada, o que facilitava a visão da destruição. Viajaram a noite inteira. Sonolento, acordou com o barulho estranho, já pela manhã. Leu nas placas: Curitiba. Algum problema havia ocorrido com a Scania. O dono do caminhão acordou também:
- Entra naquele posto. Tem uma oficina ali. - disse ele.
Roger não entendia nada de mecânica. Ficou na volta, de curioso. O mecânico disse que tinha de trocar uma peça. Só seguiriam viagem as duas horas depois. Antes, foram tomar café.
- Vamos chegar a noite em Jacareí - disse um deles.
O café foi reforçado. Não parariam para almoçar. A próxima parada seria a noite, em São Paulo. Troca de motoristas e seguiram rumo a grande São Paulo, onde chegaram tarde da noite. Antes de partir, Roger tomou um outro banho e saboreou mais um Prato Feito, chamado de PF. Agradeceu a carona e foi embora. Gostou de viajar de graça. Chegou na rodoviária pós meia noite:
- Para o Rio só as 7 horas da manhã.
- Bah! Pode ser, então. Que horas chega no Rio?
Comprou a passagem. Depois ligou para sua amiga, informando que chegaria por volta do meio dia. Teria de passar a noite na rodoviária. Receoso, não quis conhecer a cidade. Pediu água quente no único bar aberto e preparou seu chimarrão.
No Rio, conseguiu um final de tarde livre, para encontrar a mulher fiel:
- Pega o metrô e desce em Botafogo. - determinou ela, de forma objetiva.
Ao descer em Botafogo teve uma surpresa. A mulher fiel estava acompanhada de uma outra moça, uma loira bonita e simpática. Aliás, não existe carioca antipático.
- Essa é uma amiga minha. Vai nos acompanhar no motel. - explicou ela.
- Sabia que tu não irias me decepcionar, carioca. - vibrou ele.
Desceram até o metrô e embarcaram para a Glória:
- O motel que descobri, aceita que três entrem num quarto, mas cobram duas diárias...
- Eu pago! - gritou ele, dentro do metrô lotado.
Na recepção, sentiu pela primeira vez o prazer de ser invejado. Duas gatas o acompanhavam. A recepcionista do hotel olhou para ele, ensaiou um “pois não?“, mas quando observou as duas mulheres que o acompanhavam, deve ter relembrado da ligação feita a tarde, e logo alcançou a chave, esclarecendo que “seriam cobradas duas diárias”. Conversavam e bebiam no quarto, intercalando a ducha de chuveiro. Quando o Roger voltou do banho e viu a mulher fiel chupando a amiga carioca, achou que a mulher fiel não era tão fiel assim. Quando ela percebeu que ele estava escorado no marco da porta, observando a cena, ela disse:
- Ela tá pronta. É toda sua.
Roger consegui transar com uma carioca. A mulher fiel manteve-se ao lado, observando de perto a foda. Permaneceu ao lado do casal, acariciando-os. Mas, conforme havia prometido ao seu esposo ausente perante as leis da sua igreja, jamais, enquanto estivesse casada, o trairia com outro homem.
Ela foi embora, para sua cidade. Perderam contato. Ele deixou de lembrar dela, no entanto, sem esquecê-la. Até que recebe um convite, pelo site de relacionamento no qual participava. Bem útil essas ferramentas tecnológicas que permitem esse tipo de aproximação entre as pessoas.
- Lembra de mim? - dizia ela no comentário da adição.
Lembrava. Tanto que deu vontade de revê-la. Mas, como? Se ela ao menos ela estivesse solteira. Conversaram mais algumas vezes, por outro programa de conversação, desses que todo mundo tem. Acredito que ainda no meio deste século registrarão as crianças com um nome e sobrenome, com RG, CPF e MSN. Todos os dados estarão registrados no mesmo cartão de identificação.
Ela estava casada ainda. Não havia se separado, porque sua filha era pequena e talicoisa. Mas, estava cada vez mais abandonada, carente. Roger não gostava de mulheres casadas. Contudo, solidarizava-se com as carentes. Preferia as solteiras que são menos complicadas. Mas, era impossível não gostar dessa. Um risco excitante, uma mulher apaixonante. Resolveu arriscar. Uma mulher fiel é algo que atraí. O perigo atraí, e mulheres fiéis são cada vez mais raras. Além disso conquistar uma mulher com princípios, convencê-la a mudar de idéia é um desafio, um desafio para um Roger.
- Tenho férias pra tirar no mês que vem. - comenta despretensiosamente.
- Vem pra cá? - provoca ela.
- Até iria, se tu não fostes fiel.
- Sei...
- Iria mesmo. Não duvide.
- Nunca vou trair meu marido com outro homem. Jamais! Enquanto for casada, serei fiel.
- Tenho onde ficar. Uma amiga mora aí. Mas, somente iria se valesse a pena.
- Então vem. Você não vai se arrepender.
Roger blefou. Não tinha grana. Como iria sair do extremo sul do Brasil e atravessar o Brasil? Era louco o suficiente, mas precisava de uma carona. Assim foi.
Comenta com um, depois com outro e conseguiu uma carona. Iria de caminhão, na primeira semana de férias. Teria de juntar dinheiro pra volta. Combinou com a amiga a hospedagem, arrumou a mala e foi. Nunca tinha andado de caminhão. Foi apresentado aos caminhoneiros no dia do embarque.
- Temos que carregar o caminhão, numa cidade do interior e depois vamos subir. Vai até aonde? Tem hora pra chegar lá? - pergunta o dono do caminhão.
- Não tenho pressa. Vamos indo e vejo onde vou descer. - diz Roger.
Poucas vezes sentiu-se tão confortável na estrada. Foi na janela, na carona. O ajudante do caminhoneiro, foi dormindo, na cama que existia na cabine.
- Pode colocar os pés no painel. Fica a vontade que a viagem é longa. - oferece o caminhoneiro. - Vai até aonde mesmo?
- Longe. - disse o Roger, com o pensamento na capital fluminense.
- Nós vamos até Jacareí, pode ser?
- Ótimo. - disse ele, sem sequer fazer a menor idéia de que Jacareí ficava em São Paulo.
Viagem longa, troca de motorista e uma viagem quase tranqüila. Tentava permanecer acordado o tempo todo, e o temporal que passara por Santa Catariana não o deixou cair em sono profundo. Na BR 101, pode observar os estragos do temporal, daqueles temporais que destroem tudo por lá. Árvores na estrada, casas destelhadas. A lua cheia iluminava à noite na estrada, o que facilitava a visão da destruição. Viajaram a noite inteira. Sonolento, acordou com o barulho estranho, já pela manhã. Leu nas placas: Curitiba. Algum problema havia ocorrido com a Scania. O dono do caminhão acordou também:
- Entra naquele posto. Tem uma oficina ali. - disse ele.
Roger não entendia nada de mecânica. Ficou na volta, de curioso. O mecânico disse que tinha de trocar uma peça. Só seguiriam viagem as duas horas depois. Antes, foram tomar café.
- Vamos chegar a noite em Jacareí - disse um deles.
O café foi reforçado. Não parariam para almoçar. A próxima parada seria a noite, em São Paulo. Troca de motoristas e seguiram rumo a grande São Paulo, onde chegaram tarde da noite. Antes de partir, Roger tomou um outro banho e saboreou mais um Prato Feito, chamado de PF. Agradeceu a carona e foi embora. Gostou de viajar de graça. Chegou na rodoviária pós meia noite:
- Para o Rio só as 7 horas da manhã.
- Bah! Pode ser, então. Que horas chega no Rio?
Comprou a passagem. Depois ligou para sua amiga, informando que chegaria por volta do meio dia. Teria de passar a noite na rodoviária. Receoso, não quis conhecer a cidade. Pediu água quente no único bar aberto e preparou seu chimarrão.
No Rio, conseguiu um final de tarde livre, para encontrar a mulher fiel:
- Pega o metrô e desce em Botafogo. - determinou ela, de forma objetiva.
Ao descer em Botafogo teve uma surpresa. A mulher fiel estava acompanhada de uma outra moça, uma loira bonita e simpática. Aliás, não existe carioca antipático.
- Essa é uma amiga minha. Vai nos acompanhar no motel. - explicou ela.
- Sabia que tu não irias me decepcionar, carioca. - vibrou ele.
Desceram até o metrô e embarcaram para a Glória:
- O motel que descobri, aceita que três entrem num quarto, mas cobram duas diárias...
- Eu pago! - gritou ele, dentro do metrô lotado.
Na recepção, sentiu pela primeira vez o prazer de ser invejado. Duas gatas o acompanhavam. A recepcionista do hotel olhou para ele, ensaiou um “pois não?“, mas quando observou as duas mulheres que o acompanhavam, deve ter relembrado da ligação feita a tarde, e logo alcançou a chave, esclarecendo que “seriam cobradas duas diárias”. Conversavam e bebiam no quarto, intercalando a ducha de chuveiro. Quando o Roger voltou do banho e viu a mulher fiel chupando a amiga carioca, achou que a mulher fiel não era tão fiel assim. Quando ela percebeu que ele estava escorado no marco da porta, observando a cena, ela disse:
- Ela tá pronta. É toda sua.
Roger consegui transar com uma carioca. A mulher fiel manteve-se ao lado, observando de perto a foda. Permaneceu ao lado do casal, acariciando-os. Mas, conforme havia prometido ao seu esposo ausente perante as leis da sua igreja, jamais, enquanto estivesse casada, o trairia com outro homem.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
o meu mundo utópico
No meu mundo utópico, não há proibições. Não se faz necessário criar regras ou leis proibindo algo. Isso porque no meu mundo utópico as pessoas se respeitam tanto que escrever leis é desnecessário. Rasgamos a nossa Constituição!
Por isso, no meu mundo, foi liberado o uso da maconha. Eu nem fumo, embora tenha pra vender ali na esquina. Também não me importo com isso, eis que quem fuma não me incomoda com seus devaneios e sua fumaça. Eles não fumam em locais fechados, embora a lei anti fumo tenha sido revogada, pois no meu mundo utópico, os fumantes sabem que a fumaça incomoda aos outros.
O governo desse meu mundo, manteve poucas leis, totalmente desnecessárias, grifo eu. O tal Código de Trânsito, estudamos na escola, e nos basta para que nos tornemos todos condutores gentis, cordiais, e todos os motoristas cumprem a sinalização que orienta o fluxo e a prioridade do trânsito é a vida. Arquivamos o antigo Código de Trânsito! Esses dias tivemos um desentendimento, após uma colisão entre dois veículos.
- A culpa foi minha, desculpe. - disse um condutor.
- Negativo! Quem errou fui eu. Eu pago tudo! - disse o outro.
Aliás, o governo é uma mera formalidade, uma exigência da ONU, talvez. O voto não é obrigatório. Aliás, nada é obrigatório. Ficou em desuso obrigar alguém a fazer alguma coisa. Mesmo assim, quase todos votam, pois somos um povo politizado. Os próprios candidatos são muito preparados. Políticos corruptos são coisa do passado. Eles assumem o cargo por interesse em participar desse mundo utópico. O grande desafio deles é melhorá-lo. Esses tempos um palhaço se candidatou a deputado, coitado. Voltou pro circo.
Não há poluição visual, já que ninguém comprava em lugares que poluíam. Também não há poluição sonora, cada um escuta a sua música sem atrapalhar a música do outro. E a jogatina? Liberada, óbvio. Gerou empregos, impostos que são convertidos em melhorias para a população e lucros para o turismo. Antes, íamos apostar em cassinos de países vizinhos, nos divertíamos no exterior, uma evasão de divisas desnecessária. Todos sabem que são jogos de azar, mas não vamos para enriquecer, mas sim para nos divertir. Gostamos de perder moedas em caça-níqueis. É um direito nosso.
No futebol, não há brigas de torcidas. Quem ganha vibra, pula. Quem perde, dá risada, afinal é apenas futebol, um esporte. O casamento de homossexuais é permitido, obviamente, já que não temos preconceitos nem restrições.
Mas, falo do meu mundo utópico, pois esses dias estive no Brasil. Lá no Brasil, percebi um alvoroço. Falavam sobre o aborto. Época de eleição, imprensa agitada, e o aborto era o assunto. Na verdade, não era o aborto o assunto. O assunto era a religião: o olhar da religião sobre o aborto. Propaganda eleitoral, capas de revistas, sites na internet, todos só falavam nisso.
Então resolvi comentar aqui, o que se passa no meu mundo utópico. Lá, as mulheres se reuniram e decidiram. Nós homens só acatamos. Homem não tem útero, não tem ovário, não menstrua, então não tinha direito a voto. O Estado é laico, então não sofreu influência religiosa. Lá, prevaleceram os interesses da mulher. Algumas são religiosas e entendem que o aborto como a morte de um feto. Mas, elas respeitam as opiniões contrárias. Outras mulheres não compartilham das mesmas idéias. Por isso, criamos clínicas modernas, que visam atender as mulheres que optam fazer o aborto, com médicos capacitados. Desde a maioria decidiu pela livre escolha, não morreram mais mulheres em ocorrências abortivas. O governo deu a liberdade para as mulheres e suas famílias escolherem o que quiserem, por que não cabia mais ao governo impor o futuro das mulheres. De uns tempos pra cá, a clínica anda vazia. A recepcionista me disse que não lembra quando foi feito o último aborto. Também, pudera, não há estupros, não há filhos não planejados. Acho que não saio tão cedo do meu mundo imaginário.
Por isso, no meu mundo, foi liberado o uso da maconha. Eu nem fumo, embora tenha pra vender ali na esquina. Também não me importo com isso, eis que quem fuma não me incomoda com seus devaneios e sua fumaça. Eles não fumam em locais fechados, embora a lei anti fumo tenha sido revogada, pois no meu mundo utópico, os fumantes sabem que a fumaça incomoda aos outros.
O governo desse meu mundo, manteve poucas leis, totalmente desnecessárias, grifo eu. O tal Código de Trânsito, estudamos na escola, e nos basta para que nos tornemos todos condutores gentis, cordiais, e todos os motoristas cumprem a sinalização que orienta o fluxo e a prioridade do trânsito é a vida. Arquivamos o antigo Código de Trânsito! Esses dias tivemos um desentendimento, após uma colisão entre dois veículos.
- A culpa foi minha, desculpe. - disse um condutor.
- Negativo! Quem errou fui eu. Eu pago tudo! - disse o outro.
Aliás, o governo é uma mera formalidade, uma exigência da ONU, talvez. O voto não é obrigatório. Aliás, nada é obrigatório. Ficou em desuso obrigar alguém a fazer alguma coisa. Mesmo assim, quase todos votam, pois somos um povo politizado. Os próprios candidatos são muito preparados. Políticos corruptos são coisa do passado. Eles assumem o cargo por interesse em participar desse mundo utópico. O grande desafio deles é melhorá-lo. Esses tempos um palhaço se candidatou a deputado, coitado. Voltou pro circo.
Não há poluição visual, já que ninguém comprava em lugares que poluíam. Também não há poluição sonora, cada um escuta a sua música sem atrapalhar a música do outro. E a jogatina? Liberada, óbvio. Gerou empregos, impostos que são convertidos em melhorias para a população e lucros para o turismo. Antes, íamos apostar em cassinos de países vizinhos, nos divertíamos no exterior, uma evasão de divisas desnecessária. Todos sabem que são jogos de azar, mas não vamos para enriquecer, mas sim para nos divertir. Gostamos de perder moedas em caça-níqueis. É um direito nosso.
No futebol, não há brigas de torcidas. Quem ganha vibra, pula. Quem perde, dá risada, afinal é apenas futebol, um esporte. O casamento de homossexuais é permitido, obviamente, já que não temos preconceitos nem restrições.
Mas, falo do meu mundo utópico, pois esses dias estive no Brasil. Lá no Brasil, percebi um alvoroço. Falavam sobre o aborto. Época de eleição, imprensa agitada, e o aborto era o assunto. Na verdade, não era o aborto o assunto. O assunto era a religião: o olhar da religião sobre o aborto. Propaganda eleitoral, capas de revistas, sites na internet, todos só falavam nisso.
Então resolvi comentar aqui, o que se passa no meu mundo utópico. Lá, as mulheres se reuniram e decidiram. Nós homens só acatamos. Homem não tem útero, não tem ovário, não menstrua, então não tinha direito a voto. O Estado é laico, então não sofreu influência religiosa. Lá, prevaleceram os interesses da mulher. Algumas são religiosas e entendem que o aborto como a morte de um feto. Mas, elas respeitam as opiniões contrárias. Outras mulheres não compartilham das mesmas idéias. Por isso, criamos clínicas modernas, que visam atender as mulheres que optam fazer o aborto, com médicos capacitados. Desde a maioria decidiu pela livre escolha, não morreram mais mulheres em ocorrências abortivas. O governo deu a liberdade para as mulheres e suas famílias escolherem o que quiserem, por que não cabia mais ao governo impor o futuro das mulheres. De uns tempos pra cá, a clínica anda vazia. A recepcionista me disse que não lembra quando foi feito o último aborto. Também, pudera, não há estupros, não há filhos não planejados. Acho que não saio tão cedo do meu mundo imaginário.
Assinar:
Postagens (Atom)